Ê, ê, ê, ê, ê, índio quer apito/Se não der, pau vai comer! Quem cantou a marchinha de carnaval foi nada menos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Vocês me deram uma ideia. Ora, se a gente criou o Ministério da Igualdade Racial, se a gente criou o Ministério dos Direitos Humanos, se a gente criou o Ministério da Pesca, por que a gente não pode criar um ministério para discutir as questões indígenas?”.
O ex-presidente petista deu a declaração ao visitar ontem, em Brasília, o acampamento indígena Terra Livre. “Eu quero que vocês saibam. Não sei quem, mas se preparem. Alguém vai ter que assumir o ministério. E não vai ser branco como eu ou uma galega como a Gleisi.”
“Terá que ser um índio ou uma índia.” Estavam com Lula no palanque a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT), o ex-governador do Piauí Wellington Dias (PT), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e a deputada Joenia Wapichana (Rede-RR). Mas também foi cobrado por causa da usina hidrelétrica de Belo Monte, que é criticada por ambientalistas.
Não deve ter sido apenas uma coincidência, mas o fato é que a Agência Brasil, a oficial do presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), informou que foi publicado, por meio do Ministério da Justiça, uma portaria no Diário Oficial da União ontem autorizando o emprego da Força Nacional em apoio à Fundação Nacional do Índio (Funai) na terra indígena Urubu Branco, em Mato Grosso.
A área tem um histórico de invasões que resultaram em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) pela retirada dos não indígenas do território no ano passado, depois de quase duas décadas. Isso mesmo, são 20 anos de uma disputa judicial sem fim.
A portaria define que o emprego da Força Nacional é apenas de 11 a 19 de abril, “nas atividades e nos serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, em caráter episódico e planejado”.
“Eu acho um erro, eu acho que a gente não pode ficar sem uma legislação que trate do assunto com clareza. O tema já vem sendo discutido só na Casa há quase três anos.” Quem tratou como um erro foi nada menos que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
A urgência permitiria que o texto fosse votado diretamente em plenário, interrompendo o trâmite pelas comissões temáticas. Já aprovada no Senado, ela terá de voltar e os senadores terão que repetir todo o rito. Lira alerta ainda que o Judiciário pode impor a sua decisão. Um vexame, né?
Ninho tucano
O presidente do PSDB, Bruno Araújo, fez críticas duras ao seu ex-colega de partido Geraldo Alckmin, que será vice-presidente na chapa do petista Luiz Inácio Lula da Silva. E o tucano nem sequer despistou. Não disfarçou o seu ressentimento com a saída do ex-governador da legenda. Em um jantar, segunda-feira, em São Paulo, com cerca de 20 empresários, Araújo afirmou que Alckmin terá participação “absolutamente irrelevante” na campanha de Lula. Mas na política é assim. Ele pode sair de posição irrelevante e virar presidente da República. Eu hein! Lula está doente?
Vai demorar
“Nós voltamos a uma situação de um beco que não tem saída.” Quem disse foi o presidente da Rússia, Vladimir Putin (foto), pela primeira vez, no sinal mais forte até agora de que a guerra vai de fato se estender por mais tempo. Ele próprio fez questão de registrar que Kiev desestabilizou as negociações de paz ao encenar o que chamou de falsas acusações de crimes de guerra russos. As declarações foram um briefing à imprensa durante uma visita ao Cosmódromo Vostochny, 5.550 quilômetros a Leste de Moscou.
Nota educada
A Câmara dos Deputados aprovou, tarde da noite de segunda-feira, em dois turnos, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que libera estados e municípios, em 2020 e em 2021, de cumprirem o mínimo previsto na Constituição de investimentos em educação. O texto, que veio do Senado, em decorrência do estado de calamidade pública provocado pela pandemia da COVID–19, inclui os estados, os municípios e os agentes públicos. Eles não poderão ser responsabilizados administrativa, civil ou criminalmente. O texto impede ainda a aplicação de quaisquer penalidades.
Prestigiado
Mais de 800 personalidades assinaram uma carta em apoio à candidatura do deputado federal Marcelo Freixo (PSB) ao governo do Rio de Janeiro. O movimento, chamado de Virada RJ, é liderado pelo antropólogo e especialista em segurança pública Luís Eduardo Soares. Ex-ministros dos governos José Sarney (MDB), Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT) participam do movimento. Artistas como Chico Buarque, Miguel Falabella e Glória Pires também aderiram. Tinha muito mais, mas o pequeno resumo basta.
Vejo de longe
“Estou sendo responsável. Quem tem acompanhado aí a pauta sabe que estamos tendo manifestações, greves. Mas eu fui muito claro. Estou aqui para fazer o certo. Prefiro fazer o certo e perder a eleição do que fazer o errado e ganhar a eleição. Estamos concedendo os 10% na próxima folha, ainda de abril.” Quem avisou foi o governador Romeu Zema (Novo). Ele estava, mesmo, nesta confusão toda, em Pouso Alegre, no Sul de Minas. Cotado para ser vice, Bilac Pinto o acompanhou. O evento era Perspectivas da Indústria para 2022 e Atrações de Investimentos.
PINGA FOGO
- Em tempo, sobre a nota ‘Prestigiado’: os ex-ministros da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira (foto), Nelson Barbosa e Guido Mantega; o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão; o ex-ministro chanceler Celso Amorim e a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva assinaram a carta.
- Mais um Em tempo, desta vez sobra a nota ‘Vai demorar’: as conversas para se chegar a um acordo de paz com a Ucrânia estão em um beco sem saída. Putin fez questão de registrar que as fotos e as imagens de cadáveres espalhados pela cidade ucraniana de Bucha eram falsas.
- Prorrogada a comissão que investiga a tragédia em Petrópolis. Foi aprovada, no plenário do Senado Federal (SF), a prorrogação, por mais 30 dias dos trabalhos da Comissão Temporária Externa destinada a acompanhar in loco a situação de Petrópolis (RJ).
- A prorrogação foi decidida em votação simbólica. Ela funcionará por mais 30 dias, concluindo os seus trabalhos em 13 de maio. Quem fez o pedido foi o senador Carlos Portinho (PL-RJ), que é o relator do colegiado.
- A novela, pelo jeito, está perto de acabar. Sendo assim, o melhor a fazer é seguir o conselho. FIM!