“Mais da metade do meu tempo eu me viro contra processo. Por Deus que está no céu, eu nunca vou ser preso. Eu até digo que estou no Palácio da Alvorada e me sinto como um prisioneiro sem tornozeleira eletrônica.” Assim começou o dia o presidente da República. Mas subiu no palanque.
Em participação da 36ª edição da Apas Show, evento que reúne empresários paulistas, o chefe do Executivo federal falou por mais de uma hora.
“O Brasil tem jeito, vocês foram excepcionais nessa pandemia, mas tudo pode acontecer. Podemos ter outra crise, podemos ter eleições conturbadas. Imagine acabarmos as eleições e pairar para um lado ou para o outro a suspeição que elas não foram limpas? Não queremos isso”, disse o presidente. Não há evidência de nenhuma fraude nas urnas ou no processo eleitoral.
Mas o fato é que Jair Messias Bolsonaro (PL) voltou a questionar, sem provas, como sempre, a integridade das eleições. Foi na tarde de ontem, durante evento com empresários da área de alimentos e bebidas, em São Paulo.
Ao longo do discurso, Bolsonaro atacou seu adversário direto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT à Presidência e atual líder das pesquisas de intenção de voto. Mas não ficou nisso, sobrou também para o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral. Mas não citou os ministros Edson Fachin e seu sucessor, Alexandre de Moraes.
“Ou nós decidimos no voto para valer, contabilizado, auditado, ou a gente se entrega. E se se entregar, vocês vão levar 50 anos ou mais para voltar à situação que está hoje em dia.” Eu, hein! O capitão acha que os generais vão dar golpe? Voltar no tempo da ditadura?
Bolsonaro afirmou que poderia ter acabado com a CPI da COVID nas primeiras semanas caso houvesse aprovado emenda proposta pelo senador Omar Aziz (PSD-AM). Mas Bolsonaro não apresentou provas.
Lembram do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, aquele da época das vacinas superfaturadas? Ele foi alvo de suspeita sobre compra de vacinas contra a pandemia.
Por fim, os eleitores de Angélica, em Mato Grosso do Sul, com 42,01% dos votos, elegeram a chapa formada por Edison Cassuci Ferreira (PDT) e Paulo Cezar Contiero Conconi (PTB). foi a mais votada e governará o município até 2024. A posse dos eleitos será em 6 de junho.
Aécio no Senado (1)
A liderança isolada de Aécio Neves (foto) (PSDB-MG) ao Senado em levantamento realizado pela Paraná Pesquisas e divulgado no último fim de semana tirou o sono de alguns pré-candidatos à única vaga disponível nas eleições de 2022. Eles não contavam com o elevado índice atingido pelo deputado, e ex-senador, que apareceu com 20,8% da preferência do eleitorado mineiro. A pesquisa ouviu 1.680 eleitores de 78 municípios de Minas e foi realizada entre 8 e 13 deste mês.
Aécio no Senado (2)
Aliás, sobre a pesquisa, o deputado federal Aécio Neves atribui o resultado a uma “manifestação de apreço dos mineiros a uma vida dedicada aos interesses do estado e também como reconhecimento ao governo transformador que fizemos na educação, na segurança, na saúde e na infraestrutura de Minas”. Em nota divulgada na manhã de ontem, Aécio afirmou que, “por enquanto”, pretende continuar na Câmara dos Deputados “dedicado a defender os interesses dos mineiros.”
Sem cantoria
Porque é sério. Manifesto para preservar a Serra do Curral de BH foi assinado por Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Samuel Rosa, Djonga, Andréa Beltrão, Malu Mader e Emicida. Foi entregue ao presidente da Assembleia Legislativa (ALMG), Agostinho Patrus (PSD). Já a Prefeitura de BH entrou com ação para suspender o licenciamento. “É manifesto que saiu das fronteiras de Minas. A serra é patrimônio preservado pelo país inteiro”, disse Roberto Andrés, urbanista, professor da UFMG. Ele integra o movimento Tira o Pé da Minha Serra.
Fala, general
O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) afirmou, ontem, que o AI-5 já passou e faz parte da história do Brasil. “Cada fase da história do Brasil tem suas características e seus aspectos. Isso aí já passou, né? Quem nasceu em 1968 tem quantos anos hoje? 54?”, perguntou. E ele próprio respondeu quando foi questionado sobre a razão de existirem pessoas que defendem o ato e a volta da ditadura. O vice-presidente, que é general do Exército, rebateu: “Tem gente que sai de foice e martelo ainda. Cada um com sua loucura”.
Audiência
Participantes de audiência na Câmara dos Deputados criticaram pressa, falta de transparência e os valores envolvidos na privatização da Eletrobras. Representante do governo disse que o processo está maduro e se trata de capitalização para retomar capacidade de investimentos. Segundo Ikaro Chaves, representante dos eletricitários, a privatização deve significar aumento na conta de luz para o consumidor. “Estamos falando de uma empresa que valeria hoje no mínimo R$ 400 bilhões, para se construir uma Eletrobras, e o que se quer é entregar por R$ 67 bilhões, 10% do valor.”
PINGA FOGO
- O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) rejeitou a denúncia do Ministério Público contra o senador Flávio Bolsonaro (acima) em processo que envolvia investigações sobre o suposto esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
- O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, ontem, ter sofrido ameaças em seu gabinete, no Palácio do Planalto, por parte de um “parlamentar gordinho”, que teria condicionado a votação de pautas de interesse do governo à entrega de ministérios para a base partidária.
- E tem mais: embora não o tenha citado nominalmente, Bolsonaro se referia ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (sem partido RJ). “É foda trabalhar assim. Não se pensa no Brasil de jeito nenhum, o Brasil que se exploda.”
- Sobre a nota ‘Fala, general’: O vice-presidente aproveitou para alfinetar os saudosistas do comunismo, já que foice e martelo eram os símbolos do regime. Vira e mexe, o presidente Bolsonaro fala em ameaça infundada de comunismo no Brasil.
- Mais um Tempo, da nota ‘Audiência’: presidente da Comissão de Legislação Participativa e autor do requerimento para a realização da audiência, o deputado Pedro Uczai (PT-SC) defendeu uma mobilização para pressionar o TCU na análise do caso. Sendo assim… FIM!