É sinal de que pretende trazer de volta a ditadura militar, que por anos a fio deixou os brasileiros com medo do guarda da esquina país afora? Para lembrar, o regime autoritário teve início com o golpe militar em 31 de março de 1964, quando o presidente João Goulart foi desposto. O regime durou 21 anos, isso mesmo, mais de duas décadas. Mas por que tudo isso?
“Como se não bastassem os problemas no país, nós todos aqui temos problemas internos no Brasil. Hoje, temos não mais os ladrões de dinheiro do passado. Surgiu uma nova classe de ladrão, que são aqueles que querem roubar a nossa liberdade. Eu peço que vocês cada vez mais se interessem por esse assunto. Se precisar, iremos à guerra. Mas eu quero um povo ao meu lado consciente do que está fazendo e por quem está lutando.”
As declarações partiram do presidente da República Federativa do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, que esteve inaugurando obra em Umuarama, no interior do Paraná. Não cabe às Forças Armadas e à população defenderem o país. “Temos que nos preparar”, disse ainda.
Só que teve mais. O presidente declarou: “Creio que vocês bem sabem do que estou falando. É a verdade. Até pouco tempo, o povo brasileiro não estava acostumado a ouvir a verdade. Eu não digo o que vocês querem ouvir, eu digo o que vocês devem ouvir”.
E teve mais: “Quis o destino, quis o nosso Criador, que começássemos a entender política a partir de 2018. A missão é Dele e vocês a mim confiaram quando sufragaram o meu nome em 2018”. O presidente buscou a facada que recebeu ainda na época da campanha.
Deve ter sido um efeito das últimas pesquisas eleitorais. A publicada ontem da XP/Ipespe indica o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 45% das intenções de voto na corrida pelo Palácio do Planalto. Bolsonaro tem 34%.
Tanto Lula quanto Bolsonaro tiveram mantidas a mesma pontuação em relação à pesquisa anterior do Instituto XP/Ipespe, divulgada em 27 de maio. As eleições estão marcadas para 2 de outubro. Tem muito tempo ainda, muito chão até os brasileiros comparecerem às urnas.
Fala, comandante
“Não podemos fazer a política judiciária de avestruz, fingir que nada acontece: que bonito, coloca a cabeça, não, é uma empresa de tecnologia. Quem abusar por meio dessas plataformas, sua responsabilidade será analisada pela Justiça Eleitoral da mesma forma que o abuso de poder político, de poder econômico, pela mídia tradicional, por outros meios de comunicação.” Quem deixa claro é o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que comandará a eleição deste ano. E finalizou: “De tédio ninguém vai morrer” neste ano de eleições no Brasil.
Ele tá nem aí
“Não tenhamos dúvida: no Brasil de hoje, estão em xeque as liberdades públicas e está em xeque a eficácia da escolha popular.” A declaração partiu, desta vez, do ministro Luiz Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Sem citar um caso específico, o ministro disse na última quinta-feira, por exemplo, que “atentar contra a Justiça Eleitoral é, a rigor, atentar contra a própria democracia”. Fachin não citou o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), no discurso. Afinal ele está pouco ligando ao fazer novos ataques à Justiça Eleitoral.
Temer liberal
“No Brasil se vota contra. Não se vota a favor. Não é votar na pessoa. Nós passamos a votar contra e não a favor de uma ideia.” Começou assim, o ex-presidente da República Michel Temer (MDB). “Não se conseguiu definir em definitivo a história da terceira via. Eu acho que ainda há chances. Eu tenho esperanças. Eu acho que até as eleições pode surgir a ideia de um intermediário, alguém que não fique em nenhum dos polos e possa oferecer uma opção ao eleitorado.” Temer participou, ontem, da 1ª Conferência Internacional da Liberdade, que reúne lideranças e discute ideias liberais.
Bola fora
Os senadores Paulo Rocha (PT-PA) e Romário (PL-RJ) discutiram no Senado Federal durante debate sobre a regulamentação das atividades dos profissionais de educação física. Outros senadores precisaram apartar a briga, diante dos ânimos exaltados e principalmente dos palavrões ditos por Romário, que se sentiu ofendido depois de Paulo Rocha ter apontado o dedo em riste para ele. “Não bota o dedo na minha cara”, disse o ex-atleta, enquanto era afastado por Carlos Portinho (PL-RJ).
Impeachment
A reunião da comissão de juristas responsável pela elaboração de anteprojeto de lei para atualizar a Lei do Impeachment, marcada para ontem, foi adiada. O grupo se reuniria para debater as sugestões apresentadas à matéria, mas por indisponibilidade de agenda de partes dos integrantes, o presidente do colegiado, Ricardo Lewandowski, decidiu reagendar o encontro. Ainda não há confirmação da data da nova reunião. A atual Lei do Impeachment foi promulgada durante a vigência da Constituição de 1946, mas não foi inteiramente incorporada pela Constituição de 1988.
Pinga-fogo
Em tempo, sobre a nota ‘Temer liberal’: foram discutidas as perspectivas da independência, da autonomia e da soberania no Brasil e na América Latina. A conferência contou com seis painéis, com a participação de juristas, ministros, sociólogos, articulistas e historiadores nacionais e internacionais.
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, expressou a sua solidariedade a Gustavo Petro, o líder de esquerda que concorre pela Colômbia, que enfrenta uma “guerra suja dos mais indignos e covardes”. Mas teve mais.
“Que o povo colombiano não se deixe manipular e que aja livremente, que vote em quem quiser. Mas não para aquela guerra suja, porque é um desprezo pela pessoa”, disse ainda o presidente Andrés Lopez. Foi em entrevista coletiva, para deixar bem claro.
A Justiça Federal de Curitiba suspendeu processo aberto pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que cobrava do ex-procurador Deltan Dallagnol e de outros integrantes da Lava-Jato a restituição de R$ 2,8 milhões pagos em diárias, viagens e outros custos da operação.
A novela, provavelmente ainda trará mais capítulos. Já que é assim, o melhor a fazer é esperar. E decretar o FIM!