O presidente e candidato à reeleição Jair Messias Bolsonaro (PL) discursou, ontem, na abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Em pronunciamento de 20 minutos, abordou temas de campanha, fazendo um balanço das ações de seu governo, atacou as gestões petistas e defendeu itens da pauta conservadora. Até aí, tudo bem. Só que ele subiu foi no palanque eleitoral.
“Nesse 7 de setembro, o Brasil completou 200 anos de história como nação independente. Milhões de brasileiros foram às ruas, convocados pelo seu presidente, trajando as cores da nossa bandeira. Foi a maior demonstração cívica da história do nosso país, um povo que acredita em Deus, pátria, família e liberdade. Muito obrigado a todos os senhores.” É apenas um trecho do presidente Jair Messias Bolsonaro, na ONU. Mais nem precisava né?
Em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro atacou as gestões petistas e disse que o governo acabou com a “corrupção sistêmica” que, de acordo com ele, existia no país, citando as denúncias de corrupção envolvendo a Petrobras, reveladas pelas investigações da Operação Lava-Jato.
Para melhor esclarecer, vamos dar o devido registro: o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou todas as condenações, eu disse todas, de Lula e considerou que o então juiz da Operação Lava-Jato Sergio Moro atuou com parcialidade.
Ele agora será candidato ao Senado Federal. É que o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná negou o pedido de impugnação da candidatura do ex-juiz e ex-ministro do governo de Jair Messias Bolsonaro.
Depois do discurso. Bolsonaro apanhou mundo afora. Basta uns registros. Começamos com o The New York Times, que destacou o tom eleitoral do discurso. “Em um palco mundial, o presidente do Brasil faz campanha para uma posição que ele pode perder”, ressaltou o texto do jornal norte-americano, acrescentando que a fala foi mais contida que a do ano passado, quando Bolsonaro defendeu medicamentos ineficazes para o tratar a pandemia da COVID-19.
O argentino Clarín também citou o tom eleitoral. “Jair Bolsonaro fez campanha na ONU”, diz o título do texto. “Seu discurso de pouco mais de 15 minutos teve fortes indicações de ato de campanha, a pouco menos de duas semanas para as eleições.”
País bicentenário
“Trabalhamos no Brasil para que tenhamos mulheres fortes e independentes, para que possam chegar aonde elas quiserem. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro (foto), trouxe novo significado ao trabalho de voluntariado desde 2019, com especial atenção aos portadores de deficiências e doenças raras.” Esse foi outro trecho do discurso do presidente Jair Messias Bolsonaro na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, exaltando ações do seu governo pelas mulheres. O chefe do Executivo busca mais votos junto ao eleitorado feminino.
A mira afiada
“Eu estou muito otimista que a gente pode ganhar. Eu acho que está tudo preparado, caminhando para a gente ganhar as eleições. Obviamente que eleição e mineração a gente só conhece o resultado depois da apuração.” A declaração é do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que busca voltar ao comando do país. E aproveitou para mirar no presidente Jair Messias Bolsonaro (PL). Ele diz que o adversário coloca em dúvida a segurança das urnas eletrônicas porque “já está prevendo a derrota”. Lula fez a declaração durante encontro em São Paulo com representantes do setor de turismo.
É preocupante
A vice-secretária de Estado norte-americana, Wendy Sherman, ressaltou ontem que as tropas russas “parecem perto do colapso” na Ucrânia e que as ações do Kremlin, incluindo o apoio ao que ela descreveu como “referendos falsos” em algumas regiões ucranianas, foram medidas desesperadas do presidente Vladimir Putin. Wendy Sherman disse ainda haver muitas preocupações de que Putin “usará tipos de armas de guerra que ele não deveria”, ressaltando ainda que ele já havia restringindo até mesmo o acesso à comida.
Gás eleitoral
Com a estratégia de divulgar notícia positiva a cada semana, a poucos dias das eleições, a Petrobras reduziu os intervalos de rebaixamento dos preços dos combustíveis. Sob a presidência de Caio Paes de Andrade, tornou-se prática adotar seguidas reduções de preços, em doses homeopáticas, até 2 de outubro. Novas reduções fatiadas na gasolina são esperadas para os próximos dias. Só na gasolina, nas refinarias, foram anunciadas quatro quedas de preços desde junho, quando Paes de Andrade assumiu.
Decretos
O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nessa terça-feira, isso mesmo, foi ontem, para manter as decisões individuais do ministro Edson Fachin que, na prática, restringiram os efeitos de decretos editados pelo presidente da República Federativa do Brasil, Jair Messias Bolsonaro (PL), que facilitam a compra de armas de fogo e munição, além da posse de armamento no país. “Em outras palavras, o risco de violência política torna de extrema e excepcional urgência a necessidade de se conceder o provimento cautelar.” Como se diz, mais armas, mais mortes.
PINGA FOGO
- Em tempo, sobre a nota ‘É preocupante’: “Espero que ele entenda o que o presidente acabou de transmitir: não. Não. Não”, disse Wendy Shermanela, se referindo ao alerta do presidente Joe Biden sobre punições se a Rússia usar armas químicas ou nucleares.
- Mais um Em tempo, desta vez sobre a nota ‘Gás eleitoral’: nesse período de dois meses e meio, a baixa acumulada nos combustíveis foi de 18,8%. Novas reduções fatiadas na gasolina são esperadas para os próximos dias.
- E tem mais: o ministro Kássio Nunes Marques (foto), indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, votou em sentido contrário, para derrubar as decisões de Edson Fachin. Além de Nunes Marques, o chefe do Executivo indicou seu ex-ministro da Justiça André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal.
- Dados da pesquisa Ipec (ex-Ibope) mais recentes divulgados ontem e encomendada pela Rede Globo, apontam que mais da metade do eleitorado (54%) acha que o atual governo de Jair Bolsonaro foi pior que o esperado.
- Já que é assim, chegou a hora de encerrar, com este cenário nada bom para os contribuintes. FIM!