Estou me sentindo exausta. Se pudesse dormiria o dia todo. Tomo um remédio que faz parte do tratamento contra o câncer e comecei a tomar antidepressivo novamente. As crises de ansiedade passaram, a tristeza também. Mas estou apática. Cansada 24 horas por dia.
Nem falo de organização da casa, mas de ter que pensar em tudo o tempo todo. Almoço, escola, material escolar, matrícula, programação de férias, lanche, separar roupas que não servem mais, pensar pra quem vai doar as roupas, conferir se a cria escovou os dentes, marcar dentista, pediatra, psicóloga, fazer exames de controle, marcar minhas consultas, saber onde a sunga está guardada, ou ter que ir até a cozinha pra pegar um desentortador de banana que tá na cara da pessoa, mas ela não tá enxergando, e ela precisa daquela ferramenta naquele minuto.
E ainda achar tempo para fazer atividade física, ir ao salão, fazer uns procedimentos estéticos em busca da juventude eterna, como se fosse pecado envelhecer.
Mãe sabe onde tudo está guardado. Mãe sabe o nome da professora, as datas das provas, o dia da reunião de pais. Mãe sabe a causa do mau humor do filho. Mãe sabe qual remédio dar para baixar a febre.
Mãe se preocupa em estar de unhas feitas, cabelo escovado e pintado, em cima do salto, indo trabalhar depois de deixar o filho na escola. Ainda arruma tempo para ler uns livros sobre disciplina positiva e fazer meditação.
E, no fim das contas, parece que a gente não faz nada! Especialmente se a gente não trabalha fora.
A culpa é de quem?
Aprendemos que mulher dá conta de ser multitarefas. Que mulher dá conta de fazer cinco coisas ao mesmo tempo. Nós compramos esse estilo de vida inviável. Nós nunca falamos não! Sempre damos um jeito de fazer o que parece impossível.
Seguimos fazendo um esforço enorme para ser boa mãe, boa profissional, boa esposa e ainda estar produzida, bem cuidada, porque “mulher desleixada é o fim”. O resultado disso é essa exaustão. Por que aceitamos essa sobrecarga?
Amiga, se você se sente assim, vem comigo! Vamos encerrar esse ciclo! Vamos passar a bola, dividir as responsabilidades, ou abolir algumas coisas da vida! Vamos nos desfazer de pesos mortos. Vamos aprender a delegar? A dizer não?
Eu estou aprendendo a cobrar menos de mim. Minha casa não precisa estar impecável, minhas unhas não precisam estar pintadas, meu cabelo fica bonito grisalho sim! Meu filho pode arrumar o próprio quarto e guardar as próprias roupas. Cada um pode lavar as vasilhas que usou. Que tal fechar o ano fazendo uma lista de tudo que você faz e ninguém enxerga! Vamos tirar essa carga da invisibilidade? Vamos mostrar o esforço que esse trabalho que ninguém vê demanda?
A sobrecarga materna é nossa responsabilidade, nós deixamos! Mas não precisa ser assim. A conta pode fechar. 2020 pode ser mais leve, mas nós somos responsáveis por isso, nós temos que fazer diferente.
Você é mãe e tem uma sugestão para aliviar esse peso? Conta pra gente? Conhecer a experiência de outras pessoas sempre ajuda muito! Quando a gente muda, tudo muda!