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Todo mundo vai morrer um dia

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Há semanas em isolamento social, eu e minha família estamos bem, mas a preocupação com as pessoas só aumenta. Na semana passada o pai de uma amiga faleceu, vítima do coronavírus. Adoeceram também alguns amigos, outros pais estão internados em tratamento. Sigo trancada em casa, me descobrindo na cozinha, fazendo novas receitas.


Passo horas autografando livros que não puderam ser autografados presencialmente por causa da pandemia. Levando um cappuccino e um pedaço de bolo no meio da tarde para o marido em home office. Acompanhando as aulas on-line do meu filho. Ah, essas feministas de forno e fogão...

À noite eu tenho insônia, é muita preocupação, mas quando acordo na madrugada recebo mensagens e as escrevo no caderninho que fica ao lado da cama, se não escrevo, acabo me esquecendo delas.

Essa semana recebi uma mensagem do além, no mesmo dia vi a ilustração de um amigo, parece que ele recebeu a mesma mensagem e traduziu em desenho. Essa imagem que ilustra a coluna, Paulo Stocker @clovis_stocker.

Espero que a mensagem chegue ao destinatário, eu sou apenas o carteiro. 

Abra tudo.
Tenha sua vidinha de sempre.
Viva e deixe morrer.
Faça carreata.
Reclama.
Faça seu churrasco.


Junte os amigos.
O Brasil não pode parar!
Todo mundo vai morrer um dia.

Saia sem máscara.
Seja macho.
É só uma gripezinha.
Toma cloroquina.
Toma ivermectina.
Acaba com os estoques das farmácias.
Acredita que essa é a salvação.
Todo mundo vai morrer um dia.

Chama de gripezinha. 
Despreza as mortes.
Faça festas até de madrugada.
Lota o comércio.
Continua agindo como uma criança mimada.
Continua achando que é melhor que os outros porque tem mais dinheiro.
Ou porque tem um diploma.
Seja irresponsável.
Culpa os outros.
Todo mundo vai morrer um dia.

Zomba da dor que não é sua.
Zomba do vírus.
Zomba de quem partiu.
Zomba de mim.
Acredita que o seu umbigo é o universo.
Acredita que só você importa.
Brinca comigo.
Me receba de braços abertos quando eu bater na sua porta.
Todo mundo vai morrer um dia.