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Estado de Minas COLUNA

Ciclos da vida

Sangramos pelo isolamento, pela perda de pessoas queridas, pelas sequelas da doença. Pela falta de liderança. Pelo descaso com a saúde e com a educação


(foto: depositphotos)
(foto: depositphotos)
A virada de um ano simboliza o fim de um ciclo e o início de outro. A menopausa tem o mesmo significado. Um novo ciclo. Um novo momento.


É verdade, ela já andava falhando há um bom tempo. Também vem falhando a minha memória. Tinha que ser. Como tinha que ser este ano de 2020. Um ano que a gente passou esperando começar. O começo que não veio. Um fim com alívio e esperança.
 
Mesmo sabendo que 1º de janeiro é só mais um dia, e que nossas batalhas serão as mesmas, nossas energias se renovam pela fé, por acreditar que vai ser melhor.

É libertador encerrar ciclos. O sangrar de todo mês, o sagrado feminino. Em 2020, sangramos. Sangramos pelo isolamento, pela perda de pessoas queridas, pelas sequelas da doença. Pela falta de liderança. Pelo descaso com a saúde e com a educação.

Senti ódio. Um ódio que eu odeio sentir. Ódio por quem despreza a vida e cruza seus braços diante do caos. Indiferente a tudo. Desprezível. Vil. Perverso.

Me libertei do ódio se só fazia mal a mim mesma. Ele não merece nada.

Deixei de sangrar.

Sigo desejando o fim do seu ciclo. Que ele também chegue antes do previsto.

Envelheço.

Quem não envelheceu em 2020 não viveu tempo suficiente.

As ondas de calor sinalizam que estou viva. Meu sangue ainda ferve. Incômodo passageiro. Dito minhas regras. Amo a maturidade que me trouxe o controle das crises de ansiedade. Que me ensinou a saber esperar.

Aprendi a acompanhar as notícias sem me desesperar.

Aprendi a sentir a dor do outro. A me solidarizar. Aprendi a parar de absorver a dor que não é minha.

Esta pandemia de COVID-19 é parte da nossa história. A epidemia de ignorância também é. Uma parte difícil, triste, dolorosa. Parece que o planeta resolveu radicalizar no recado. Recado bem dado que ainda insistimos em não querer entender.

Um dia a gente olha pela janela e vê o mundo parado. Outro dia a gente se olha no espelho, vê os cabelos brancos, vê as rugas.

Um dia a gente olha para o outro e vê naquela pessoa um espelho de nós mesmos.

Um dia vamos entender o que é coletividade. Ver a beleza de ser parte do todo. Lutar em batalhas que não são nossas para vencer uma guerra que é de todos. Um dia...

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