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PADECENDO

Bridgerton

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Começamos 2021 com um novo crush, presente que recebemos da Netflix no último Natal. O nome dele é Simon Basset, conhecido também como Duque de Hastings na série Bridgerton. Série de época baseda nos livros de Julia Quinn, criada por Chris van Dusen e Shonda Rhimes, que trata do mercado de casamentos da alta sociedade inglesa no século 19.





Em tempos de isolamento social, nada melhor que mergulhar em um universo com cenários, paisagens e figurinos tão distantes da nossa realidade. E se deixar hipnotizar por Simon, que ocupou, com louvor, o espaço deixado por Christian Grey (50 tons de cinza) e James Fraser (Outlander) no imaginário feminino.
 
Nos livros, os personagens são brancos, mas na série brancos e negros ocupam os mesmos espaços, começando pela rainha Charlotte, interpretada por Golda Rosheuvel. Há evidências de que a rainha era descendente de africanos e essa foi a base para a diversidade na série. A cena em que Lady Danburry fala para Simon olhar para a rainha que lhes abriu essas portas e se atentar para aonde chegaram foi o gancho.

Nosso Duque “crush” de Hastings, interpretado pelo ator Regé-Jean Page, também é negro. A proposta é mostrar uma sociedade onde as diferenças são normais, como deveria ser. Não como foi, mas como poderia/deveria ter sido. A ficção não vai mudar o passado escravocrata, mas pode nos mostrar que o futuro deve ser diferente. A sociedade de Bridgerton é utópica, uma crítica à sociedade atual.





Tem gente reclamando, provavelmente aqueles que amam dizer que não existe racismo, ou que todas as vidas importam. O par romântico de Daphne, a protagonista, é negro, a rainha e muitos outros personagens são negros e ricos, isso deixa muita gente incomodada. Dizem que “estão forçando a barra”. Quantas vezes minorias foram substituídas por brancos em Hollywood? Elizabeth Taylor como Cleópatra, Katherine Hepburn como Jade, Laurence Olivier como Othello, Juliette Binoche como Maria Segovia. A lista é enorme. Deixa nosso Duque em paz!

Solteirão convicto, lindo e libidinoso, Simon não quer ter filhos, nem se envolver com ninguém. Problemático, mas longe de ser um Christian Grey. Não chega a ser aquele cara que você passa longe e manda procurar um psiquiatra e um terapeuta antes de voltar a lhe dirigir a palavra. Mas é um homem que precisa de suporte. Nem Freud explica a atração das mulheres em ser suporte nas relações amorosas.

Na ficção, esses romances com homens traumatizados que são curados pelo amor costumam ter final feliz, mas a realidade é bem diferente. Amor que vale a pena não precisa de sofrimento. Mulher não precisa ser a cura do parceiro. Essas narrativas podem ser um desserviço. Reproduzir essas histórias pode ser um risco alto demais. É preciso separar a ficção da realidade.

Se jogue na ficção. Maratone a série. Aqueça seu coração. Se apaixone. Sinta a química do casal. A amizade sendo construída. A confiança. O respeito. O amor. E sim, a mocinha virgem domando o indomável. Se inspire nas cenas de sexo. Afinal, sexualidade é uma parte importante da história.

Por algumas horas, esqueça que existe coronavírus. Aproveite que você pode assistir ao que quiser, sem usar nenhum espartilho apertado. Lembre-se de que você tem escolha. Ouça com atenção uma coisa que se fala na série: casar-se com seu melhor amigo traz felicidade.




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