Aprendi a reconhecer meus sentimentos. A entender cada um deles. A controlar a fúria, a raiva. Aprendi a acolher a tristeza, a frustração. Aprendi a deixar transbordar a alegria, a euforia. Amadureci.
Hoje sou brisa, mas já fui vendaval. Hoje sou montanha, mas já fui vulcão. Adolescer é uma tempestade. O luto pelo fim da infância, o medo da vida adulta. Os conflitos internos. As emoções transbordando, às vezes incontroláveis.
Ser adolescente é um desafio para quem é e para os responsáveis por esse ser em transformação. Hoje sou adulta e me preparo para ser mãe de adolescente.
Fabiana Santos, uma amiga, disse outro dia: “O livro que preciso agora é: O que esperar 14 anos depois de ter esperado”. Minhas amigas, assim como eu, estão mudando de fase, deixando de ser mãe de bebê, criança e se tornando mãe de adolescente. Mulher de meia-idade e mãe de adolescente.
Mãe na menopausa, a mulher que se redescobre. Que se despede do seu eu jovem e dos seus bebês. Enquanto eles se despedem do corpo e da identidade infantil. Uma transição desafiadora.
Um renascimento do qual pouco falamos porque temos medo de expor nossos filhos. Medo de expor nossas falhas. Um momento ainda mais solitário na maternidade. O momento da mãe que cala por medo de falar demais.
Um renascimento do qual pouco falamos porque temos medo de expor nossos filhos. Medo de expor nossas falhas. Um momento ainda mais solitário na maternidade. O momento da mãe que cala por medo de falar demais.
Medo de pedir conselho, de parecer frágil. Medo de pensar que falhamos. Que não sabemos o que fazer.
Sempre quis ser mãe, mas sempre tive muito medo de ser mãe de adolescente. Medo de não saber agir. Medo de não saber equilibrar o sim e o não. Medo de não estar preparada para estar presente, para viver o agora.
Adolescentes precisam é confiar no amor incondicional dos pais. Saber que vamos estar ali, mesmo ouvindo desaforos. Saber que estamos fazendo o certo, mesmo quando eles acham que está tudo errado. Que não vamos desistir deles. Que vamos insistir para que estudem. Que vamos repetir a mesma coisa mil vezes para ter certeza de que eles ouviram. Que vamos continuar nos preocupando com a alimentação e com as horas de sono.
E cada vez que eles nos desafiarem e disserem coisas horríveis e nos magoarem, nós vamos detestar essas atitudes. E quando estivermos perto de detestar a pessoa, vamos nos lembrar de que são apenas atitudes de adolescente. Que é natu- ral. Que essa fase é assim, desafiadora para nós e para eles. E vamos olhar para os nossos filhos e agir com amor para neutralizar a angústia, a frustração, a insegurança.
Adolescente não é adulto, e não é mais criança, e a gente se lembra tanto do que eles não são, que se esquece do que eles são. O olhar da falta que a psicóloga Anna Cláudia Eutrópio me explicou outro dia em uma live sobre adolescência.
Esse é um desafio, olhar para o que eles são hoje, agora, e não o que eles deixaram de ser, ou o que eles não são ainda. Deixar de ver o que falta e olhar para as potências, as capacidades.
Esse é um desafio, olhar para o que eles são hoje, agora, e não o que eles deixaram de ser, ou o que eles não são ainda. Deixar de ver o que falta e olhar para as potências, as capacidades.
Lidar com “ilho adolescente, hoje, é lembrar que o nosso tempo também é hoje. Que hoje somos pais de adolescentes e o nosso tempo não passou. Nosso tempo é aqui e agora. O que nós vivemos quando éramos mais jovens é nosso.
Aquelas experiências nos trouxeram até aqui, mas não devem ser objeto de comparação com a vivência dos nossos filhos e as pessoas que eles são. Eles não são nossos espelhos e nem devem ser. Eles estão em busca da sua própria identidade e não de comparação com os pais. Nosso papel é estar presente, apoiar, orientar e entender que eles vão ter outras vivências e fazer as coisas de formas diferentes do que nós gostaríamos.
Aquelas experiências nos trouxeram até aqui, mas não devem ser objeto de comparação com a vivência dos nossos filhos e as pessoas que eles são. Eles não são nossos espelhos e nem devem ser. Eles estão em busca da sua própria identidade e não de comparação com os pais. Nosso papel é estar presente, apoiar, orientar e entender que eles vão ter outras vivências e fazer as coisas de formas diferentes do que nós gostaríamos.
Vou seguir quebrando a cara, errando tentando acertar. Vou seguir entendendo que ser adulta e envelhecer não é a decadência, é a glória. Se o jovem olhar para o adulto e vir que a maturidade é boa, que existe felicidade em amadurecer, talvez o processo de deixar a infância e transitar pela adolescência fique mais fácil.
Difícil é aceitar que eles estão crescendo e que está chegando a hora de deixarmos que voem sozinhos.
Ninguém disse que ser mãe seria fácil, mas com amor e humor, tudo fica melhor. Como já disse minha amiga Fernanda Miranda: “Ser mãe é pensar em fugir e, no plano de fuga, incluir os filhos, que eram o motivo da fuga”.