Ser mãe na pandemia é querer fazer algo errado para ficar de castigo sozinha no quarto. É sonhar com uma quarentena só sua. É acordar achando que está num mundo paralelo, onde todos os dias são iguais.
Ser mãe na pandemia é aparecer de pijama, babydoll, calcinha e sutiã, na aula on-line do filho, ou na reunião de trabalho no home office do marido. É aprender que a matemática já não é a mesma, e ter que reaprender os cálculos para ensinar aos filhos.
É calcular os pontos perdidos nos trabalhos não entregues, e concluir que os filhos devem pontos até o ensino médio. É ter que ajudar a filha a fazer seu próprio presente de Dia das Mães na aula on-line!
Ser mãe na pandemia é ver a Pocah no Big Brother e morrer de inveja da estratégia dela: mãe exausta que entrou no BBB para dormir. Errada não estava. Então vira a noite fazendo sua inscrição para a edição 2022.
Ser mãe na pandemia é inventar, dia sim, dia não, um problema estomacal para se refugiar no banheiro por longos períodos. É entrar no banheiro para meditar no tapete.
Ser mãe na pandemia é desejar, com todas as forças, alguns minutos de silêncio, e, imediatamente, se preocupar quando isso acontece. É gritar a plenos pulmões para as crianças pararem de gritar. É dormir pedindo a Deus que acabe a pandemia, e acordar, orando aos céus, para que não comece o pandemônio.
Ser mãe na pandemia é manter o equilíbrio da casa, perdendo seu equilíbrio interior. Se sentir só, mesmo sendo o centro de todos. Desejar, todos os dias, ser o pai.
Ser mãe na pandemia é adotar um cachorro, um gato, um porquinho da índia, ou qualquer outro bichinho de estimação que jurou jamais ter. E depois se pegar amando o bichinho e se perguntando por que não adotou antes.
Ser mãe na pandemia é ficar com os parafusos mais soltos. Ninar a colcha da cama no meio da madrugada enquanto o bebê dorme no berço. Ninar e cantar para o carrinho de supermercado enquanto o bebê dorme em casa. Colocar a roupa suja na geladeira achando que era a máquina de lavar. Levar a filha para vacinar e perceber que esqueceu a filha em casa.
Uma mãe cansada não está cansada de ser mãe, ela só está cansada de não ter com quem dividir as responsabilidades.
Ser mãe na pandemia é ser pedagoga, psicóloga, cozinheira, recreadora, médica, professora. É ser profissional depois que todos foram dormir. É elevar a maternidade à quinta potência.
Ser mãe na pandemia é ser Marcela, Gabriela, Lorraine, Bárbara, Cristina, Claudyne, Cecília, Adriana, Lorena, Agda, Ana, Flávia, Silvia, Mariana, Isabella, Paula, Débora, Mariana, Luana, Andrea, Fernanda...
Ser mãe na pandemia é ser imperfeita e, mesmo assim, ser a melhor mãe do mundo! Ser mãe na pandemia é padecer num paraíso.