Na rua, o trânsito é intenso. Os carros blindados. Os vidros escuros de quem não quer ser visto, e também não quer ver. O cadeirante que passa pelos carros estendendo a mão pedindo uma moeda, um homem invisível. Outras barracas ao longo do meu percurso. Um ciclista. Um sabiá cantando no alto de uma árvore.
Sigo para o supermercado; sentado na calçada, em frente à entrada, um homem oferece balas: “Moça, compra uma balinha para me ajudar a sobreviver?”. E um senhorzinho me pede dinheiro: “Senhora, me ajuda, preciso comprar gás, alimento... Essa semana eu só comi macarrão instantâneo, que é a única coisa que eu consigo cozinhar com álcool.”