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Estado de Minas padecendo

A sonoridade do silêncio

"A vida é feita de recomeços, de ressignificação. Há um caminho de autoconhecimento cheio de silêncios a serem ouvidos. Silêncios que nos libertam"


01/01/2023 04:00

Ilustração
(foto: Pixabay)

 
“Escutar atento a voz do silêncio, seus sons audíveis que assustam os mais incautos. Ele emite sons pensados e pensantes, épicos, chorosos. Não raro ironizam os viventes surdos.
O silêncio é como a vida e a morte. Enigmas que tecem fábulas, de difícil decifração. Na força da sua expressão audível, haja compreensão ou não, ele sempre tem razão.
 
Ele recria no imaginário audível a história vivida ou por viver.
Dialogar em silêncio faz coro com um hoje que nunca foi tão forte.
 
Diante das distopias vigentes, o silêncio responde como antídoto.
O barulho ensurdecedor da sociedade contemporânea impede o silêncio de enviar sons agudos, graves, neutros e ausentes. Urge uma mudança neste cenário atual.
Olhar para trás, só mesmo para ter o malfeito como referência, na tentativa de acertar no presente e escrever outro futuro.
 
A criatividade é fruto da parceria do silêncio e da solidão.
Ouvir a voz é uma questão de aprendizado constante.
O vento sopra, o gato mia, as pessoas falam, o mundo gesticula.
Regozija-te sob teu silêncio e aprenderás tua linguagem.”
 
As frases acima são partes da crônica “A sonoridade do silêncio”, da autora Jamily Nacur Rezende. Jamily, essa jovem que nasceu em 1938 em Carlos Chagas (MG), é formada em odontologia e em psicologia. Publicou o livro “Horizontes limitados”, em 2008, e foi premiada duas vezes no concurso literário Cabeça de Prata do Minas Tênis Clube.
 
“A sonoridade do silêncio” também é o título do livro que ela lançou em outubro de 2022, pela Páginas Editora, o qual recebi das mãos da própria autora com um autógrafo carinhoso. Quanta sensibilidade e sabedoria nas palavras de uma mulher inspiradora que fez do tempo seu aliado.
 
Jamily é uma jovem de 84, jovem, sim, pois como disse Henry Ford, “quem para de aprender é velho, seja aos 20 ou 80. Qualquer pessoa que continua aprendendo permanece jovem”. 
E a juventude de Jamily transborda em seus escritos, no seu olhar e na sua disposição para apreciar a vida e os silêncios.
 
Eu tinha medo do silêncio, de ficar sozinha e ter que olhar para dentro de mim, e conversar comigo mesma. Nos acostumamos com o barulho ensurdecedor, nos esquecemos de ouvir o silêncio e tudo que ele tem a nos dizer. O mês de dezembro chega como um tsunami, a onda gigante que nos engole. E quando dezembro termina a gente respira. Chega mais um ano e um janeiro silencioso. Janeiro de esperanças renovadas. 
 
A vida é feita de recomeços, de ressignificação. Há um caminho de autoconhecimento cheio de silêncios a serem ouvidos. Silêncios que nos libertam.
 
“O silêncio nos possibilita uma conexão com o passado, auxiliando a compreensão do presente, cujas memórias individuais nada mais são do que fruto da memória coletiva. Ela sinaliza que o maior gesto de desapego é desapegar-se do seu ponto de vista” (Jamily Nacur). 
 
Aproveito os primeiros dias de janeiro submersa num tsunami de silêncio. Me viro do avesso, e me desviro. Reviso meus passos e redefino meu caminho, mudando o percurso, revendo posicionamentos, encerrando projetos, começando outros. Mergulho nos livros. 
 
Escuto o que o silêncio tem a me dizer. A gente tem pressa, mas é preciso ter paciência e saber ouvir o som do silêncio. Tudo tem seu tempo.
Obrigada, Jamily, por compartilhar sua sabedoria e seus silêncios conosco.

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