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Estado de Minas PADECENDO

Abuso sexual infantil (parte 1)

"Mulher é estuprada na mesa de cirurgia, no banheiro da boate, na gaveta do IML, na escola, no trabalho"


26/02/2023 04:00 - atualizado 05/03/2023 07:01

Abuso infantil
(foto: Febrasgo.org.br/Reprodução)
 

 

Bebel Soares

 

Basta abrir o navegador da internet, um jornal, ligar a TV, navegar por uma mídia social que vemos notícias horríveis sobre abusos sofridos por mu- lheres de todas as idades. Recém-nascida de 27 dias morre após ser estuprada pelo pai. Menina de 12 anos que já tem um filho fruto de estupro, e abusada pelo tio, en- gravida novamente, e tem direito ao aborto negado outra vez. Mu- lher é estuprada na mesa de cirurgia, no banheiro da boate, na gaveta do IML, na escola, no trabalho. Usando minissaia, biquíni ou fralda.


Selecionei histórias enviadas por mulheres que hoje são adultas, que são mães, e contaram sobre situações que viveram quando crianças:

História 1

Eu tinha 3 para 4 anos. Morávamos num prédio muito grande em Belo Horizonte. Eu estava na casa de um coleguinha da mesma idade, que era nosso vizinho. A mãe dele foi dar banho nele e, como eu era menina, ela achou por bem fechar a porta do banheiro. Enquanto isso, o pai do coleguinha, que estava na sala, resolveu "brincar" comigo. Botou aquela coisa estranha e dura para fora e começou a me pedir para pegar e vocês podem imaginar o que mais. Me lembro de ele ter me segurado e acho que chegou a me obrigar a pegar nele (mas aqui as coisas ficam meio nubla- das e não me lembro bem). Achei tudo estranho, e tentei bater na porta do banheiro, mas a puritana senhora se recusava a abrir. Para minha sorte, sempre fui muito sensível às intenções das pessoas, e rapidamente percebi que algo ali não estava bem. Corri para a porta de saída, e voltei para casa sozinha, para espanto da minha mãe. Não me lembro do que foi que eu disse para ela, mas foi o suficiente pra que ela entendesse a situação.


Não dormimos em casa aquela noite. Fomos para a casa de uma amiga dela e dias depois estávamos morando em um bairro muito afastado. Hoje entendo o pânico dela. Era uma mulher solteira, criando sozi- nha uma menina, tendo que trabalhar e estudar e sem    família na cidade. Depois disso ela desconfiava de tudo e de todos, e logo me apresentou um livrinho (se não me engano era o "De onde viemos?"), dizendo que era cedo para minha idade, mas que era importante eu entender certas coisas.

História 2

Eu fui abusada pelo pai da minha melhor amiga quando tinha 7 anos. Era um pai de família normal, nosso vizinho, conhecia meus pais, um homem que ninguém acreditaria que faria isso! Eu sempre dormia na casa dela, até acontecer o pior. O pai dela gostava de fazer umas brincadeiras estranhas como carregar a gente para saber o peso e aproveitava e passava a mão em tudo. Eu era muito inocente na época; ele fazia com as filhas e comigo. Até que, em uma noite, enquanto eu dormia lá (estava na cama com minha amiga), ele veio e começou a me manipular. Eu tremia e fingia que dormia, tinha medo dele. A casa estava em silêncio, eu tremia tanto que meus dentes rangiam. No dia seguinte, no café da manhã, ele comentou que achava que eu tinha bruxismo, pois falou que tinha passado no corredor e ouviu um barulho estranho. Eu não conseguia olhar na cara dele. Anos depois, se mudaram da minha rua, foram morar três quarteirões mais distantes. O meu contato com a minha amiga continuou o mesmo, mas ele tem vergonha de mim. Eu o olho estranho, deixo-o perceber que recordo de tudo. Hoje ele tem 4 netas e rezo muito para que nunca faça nada com essas crianças. Nunca tive co-ragem de contar isso para nin- guém. Medo! Sei que devia ter contado. Hoje, o que me preocupa muito é o fato de ter minha filha!  Meu filho também. Isso não é tão raro como a gente vê por aí. Tenho medo de a minha filha passar por isso. Tanto que quando descobri que estava grávida de uma menina, eu chorei muito como se ela fosse passar por isso também.

História 3

Eu era pequena, 4 ou 5 anos. Morava em uma casa e minha avó morava na casa nos fundos da minha. Numa tarde qualquer, fui até a casa dela e lá estava ele, o marido da minha tia, sentado no sofá. Sempre tão amoroso, cha- mou-me para sentar no colo dele. Eu, tão inocente, fui. Ele me acariciou por debaixo da minha roupa. Não sei por que, mas mesmo na minha inocência infantil, senti que algo não estava certo e pedi para descer. Fui embora com uma sensação ruim, de que alguma coisa estava errada. Tentei comentar com minha mãe, que não me deu ouvidos.

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