Casamento, para quem é casado, é um compromisso que precisamos assumir todos os dias quando acordamos. No Brasil, um em cada três casamentos termina em divórcio. A média de duração de um casamento também vem caindo, está em 14 anos. Sandy e Lucas Lima entraram nas estatísticas.
Eles tornam a separação pública: “Não foi uma decisão fácil, nem impulsiva. Foram praticamente 24 anos de relacionamento e 15 anos de casados. Com altos e baixos, às vezes mais felizes, às vezes menos, mas sempre inteiros e dispostos a fazer o nosso melhor. E fizemos. Não teve briga, mágoa, traumas… a gente conseguiu enxergar que esse era o melhor caminho e vamos deixar de ser um casal do mesmo jeito que a gente foi um: com muito amor, respeito e amizade infinita. A família que a gente construiu é pra sempre. E o nosso amor também.”
Ainda temos aquela ilusão do amor romântico, do amor eterno. Por isso, quando recebemos a notícia da separação de um casal que estava junto há muitos anos, nos assustamos. Sandy estava casada há 15 anos, outro dia estavam fazendo declarações de amor; “Te amo para sempre!”. Era mentira? Provavelmente não, acontece que amar para sempre não quer dizer viver junto, debaixo do mesmo teto para sempre, e tudo bem.
Para algumas pessoas, a história virou um drama: “Não acredito mais no amor depois dessa notícia.”
Não é preciso deixar de acreditar no amor. Quem deixa de acreditar no amor por causa da separação da Sandy, deixa de acreditar no amor romântico, se desilude. Mas era isso, uma ilusão de um ideal de amor. O amor do imaginário de cada um acompanhava o casal nas mídias sociais. O amor romântico ignora a realidade, é tudo lindo. Aquela ideia de alma gêmea, do “feitos um para o outro”. Essa ideia ignora a individualidade, ignora as expectativas que temos em relação ao outro. Amor romântico é lindo, mas só existe no nosso imaginário.
Casamentos terminam e o fim só diz respeito ao casal. A gente torce para dar certo, e não podemos dizer que não deu. Foram 24 anos de relacionamento, 15 anos casados, um filho de 9 anos criado longe dos holofotes. Amor se transforma, o laço deles é eterno, eles têm um filho juntos. Um fim de casamento respeitoso também é um ato de amor. Decisões difíceis são necessárias para se evitar uma vida difícil. O término dói, é preciso que o tempo abrande as emoções.
Histórias começam, histórias terminam. Não existem culpados, existe a vida em movimento mudando as pessoas, apresentando novos caminhos. Sempre gostei da verdade sobre o amor romântico dita por Vinicius de Moraes em seu “Soneto de Fidelidade”:
"De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure."