Numa sociedade maternalista, o apoio financeiro dos pais é fundamental para o bem-estar das crianças, uma vez que recai sobre a mãe todo o trabalho de cuidado com a prole. Infelizmente, muitas crianças são afetadas pela ausência desse apoio paterno, que não deveria ser apenas financeiro, mas também afetivo. Essa falta de apoio pode causar dificuldades financeiras e, ainda mais preocupante, deixar uma marca emocional profunda.
Quando os pais não cumprem sua obrigação de apoiar financeiramente seus filhos, eles podem inadvertidamente enviar uma mensagem de que outras áreas de suas vidas, como carreira, relacionamentos ou até mesmo o lazer, são mais importantes.
Essa priorização equivocada pode causar danos emocionais significativos às crianças, deixando-as com uma sensação de rejeição, desvalorização e abandono. A marca psicológica resultante da falta de apoio financeiro não se limita ao aspecto econômico, ela afeta profundamente a autoestima, a segurança e a autoimagem das crianças.
É vital lembrar que o apoio financeiro dos pais é muito mais do que uma obrigação legal, é um compromisso moral que demonstra o amor e o cuidado pelos filhos. Quando os pais priorizam o bem-estar de seus filhos, estão construindo a base para um futuro emocionalmente saudável e estável.
Não menos importante, é a reflexão sobre a urgência de melhorar a velocidade dos sistemas judiciais. Cada atraso em processos legais representa mais dor para essas crianças e suas famílias, deixando cicatrizes profundas que podem durar a vida toda. Ao acelerar esses processos, pode-se garantir um caminho mais suave para aqueles que já enfrentam desafios significativos.
É essencial enfatizar a importância de amigos, familiares e até mesmo estranhos entenderem o impacto profundo de encorajar os pais a cumprirem suas obrigações financeiras. Mostrar empatia em relação aos sentimentos das crianças pode ser o primeiro passo para interromper o ciclo de desculpas decorrente da falta de cuidado e de apoio, sem depender de intervenção legal. Nos momentos de vulnerabilidade, o apoio de todos pode ser a luz no fim do túnel, tanto para as mães quanto para os filhos, incentivando os pais a abraçar suas responsabilidades, por livre arbítrio, de forma consciente e amorosa.
Não preciso lembrar de que é preciso que um óvulo seja fecundado para que a mulher engravide, portanto, toda criança tem um genitor, embora nem toda criança tenha pai. Além disso, não é a mulher quem deve escolher um bom pai para o filho dele, mas o genitor é quem deve escolher ser um bom pai para o seu filho. O único momento em que um homem deveria poder escolher não ser pai, seria antes da concepção. Qualquer escolha posterior é abandono paterno. Infelizmente, afeto e conexão ainda não são parte das paternidades contemporâneas, embora existam exceções. A falta de responsabilidade afetiva implica falta de responsabilidade financeira.
* Texto de Marina Serpa e Bebel Soares