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O papel de Aro na disputa entre Gabriel Azevedo e Fuad Noman

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Há, na briga de vida ou morte entre o presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Gabriel Azevedo (sem partido) com o antigo aliado, Marcelo Aro (PP), secretário de Romeu Zema, da Casa Civil, uma equação que não fecha. E a incógnita reside não na sucessão de traições entre os velhos amigos e novos adversários, mas na eleição à Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. 




 
Na disputa entre a base de sustentação do prefeito Fuad Noman (PSD) e o grupo de vereadores comandado por Marcelo Aro pela presidência da Câmara Municipal em dezembro de 2022, Gabriel usou Aro para se eleger: firmaram um acordo em que o primeiro comandaria a Casa por um ano; e, em dezembro de 2023, passaria o bastão ao vice-presidente, Juliano Lopes (Agir). Sentindo-se fortalecido com maioria na Casa, Gabriel, que em princípio anunciava a disposição em concorrer à PBH em 2024, dificultava a gestão de Fuad Noman: CPIs, uma guerra em torno das tarifas do transporte coletivo e a morosidade, segundo queixas do prefeito, com a pauta de interesse do governo municipal. O prefeito comentava com aliados: “Ele senta comigo, bate no meu ombro e no dia seguinte está falando mal de mim”. 

Tantas dificuldades só poderiam ser resolvidas com uma facilidade: trazer Marcelo Aro, velho adversário, para o governo municipal. Era a vez de Aro usar Gabriel para integrar a base municipal, acomodando aliados em postos chaves da gestão municipal, à frente de quatro pastas relevantes. A principal delas, a secretaria municipal de Governo, com Castelar Guimarães Neto. E assim foi costurado um acordo pela governabilidade entre Fuad Noman e Marcelo Aro, que não tratou das eleições municipais. Nada como um governo amigo para facilitar a reeleição de aliados parlamentares. Se, em princípio, foi um movimento conversado entre Gabriel e Marcelo Aro, a velha amizade começou a ruir à medida em que Gabriel perdia a maioria no legislativo. 
 
Com a fama de Gabriel Azevedo de não cumprir acordos correndo solta, o grupo denominado “Família Aro”, cada vez mais integrado ao governo municipal, passou a temer que ele não entregasse a presidência da Câmara a Juliano Lopes. Antecipando-se, a deputada federal Nely Aquino (Pode), eleita em 2022 com a base de Marcelo Aro, protocolou ao final de agosto um pedido de afastamento da presidência e de cassação a Gabriel Azevedo. Ambos, que dois dias antes trocavam juras de amizade eterna pelo WhatsApp, se viram em combate aberto. O prefeito Fuad Noman passou a assistir de camarote os seus velhos adversários se digladiarem. 





Judicialização


Caminha para a judicialização a tentativa de afastar Gabriel da presidência da Câmara, posição que, hoje, lhe é importante para manter apoio de seu grupo de 14 vereadores, aos quais tem entregado a indicação de nomes para preencher os cargos de primeiro escalão da Câmara Municipal, expurgados da família Aro. Deixar um Gabriel fragilizado na Câmara ou fortalecer excessivamente o novo aliado Marcelo Aro, com a presidência do Legislativo, é uma questão posta para Fuad Noman. 

 
As eleições municipais de 2024 anteciparão, em boa medida, as posições dos grupos políticos em Minas da disputa estadual e nacional de 2026. Amigos e adversários afiam as suas facas. A proximidade entre Fuad Noman e Marcelo Aro desagradou ao deputado federal Luís Fernando Faria (PSD), coordenador da bancada federal mineira. Mas no próprio PSD, as opiniões divergem. Enquanto o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), deu demonstração pública de apoio a Gabriel, em visita à Câmara Municipal na última sexta-feira, o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), gravou em apoio a Fuad Noman. Já o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, assegura a Fuad a legenda para concorrer à reeleição: Belo Horizonte é a principal cidade brasileira governada pelo PSD. Brindado com investimentos federais anunciados para Belo Horizonte, Fuad Noman se aproxima do governo Lula. Ao mesmo tempo, lança piscadelas ao governo Zema. Do outro lado, embora negue na entrevista exclusiva exibida na noite de ontem na TV Alterosa e publicada hoje no Estado de Minas e no Uai, Romeu Zema (Novo) antecipa a disputa presidencial de 2026, coletando o espólio eleitoral de Jair Bolsonaro (PL). Demarca, assim, um campo nítido de movimentação, que se fará sentir na eleição à Prefeitura de Belo Horizonte. Isso posto, com quem ficarão Marcelo Aro e Fuad Noman em 2024? Daqui até as eleições, se as noites serão longas, imagine as facas.

Paraíso em vida

Nem é preciso morrer para alcançar o paraíso, dizem as conversas bem-humoradas no cafezinho entre conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Não à toa, as três próximas vagas disponíveis entre 2024 e 2025, de indicação da Assembleia Legislativa, são disputadas ferozmente entre os deputados estaduais. Para a primeira, em abril do ano que vem, com a aposentadoria do conselheiro José Viana, Alencar da Silveira (PDT) é o primeiro da fila, mas não o único. Seis meses depois, em outubro, será a vez do conselheiro Wanderley Ávila. É uma vaga reivindicada pelas deputadas estaduais: até hoje, nunca foi nomeada uma conselheira. Em abril de 2025 será a aposentadoria do conselheiro Mauri Torres. Ele estaria disposto a antecipá-la, se puder escolher o seu sucessor. 





Lá e cá 

Lula é esperado em Belo Horizonte no próximo 27 de setembro. Os anúncios de investimentos para Belo Horizonte, inclusive as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC III) do Anel Rodoviário, serão feitos ao lado de Fuad Noman e do deputado federal Rogério Correia (PT), candidato à PBH. Bem antes, ainda esta semana, o prefeito tem agenda com Romeu Zema para a solenidade de sanção do projeto que autoriza o estado a trocar terrenos com a empresa Granja Werneck S.A., dona da área da Ocupação Izidora. Ao receber a posse do terreno da Izidora, este será doado à Prefeitura de Belo Horizonte para a regularização fundiária da ocupação.