O tempo é de semeaduras. Nos partidos políticos, as candidaturas à sucessão municipal de Belo Horizonte são lançadas aos punhados. Algumas estão em solo seco. Outras poucas vão de fato brotar. Até que o calendário eleitoral oficial indique o tempo de registros, muita água vai correr. Partidos políticos sabem disso. Conhecem bem o jogo. Só quando chegar o tempo das alianças, os profissionais da política entram em campo para escolher os adversários. Sem um nome para chamar de seu na disputa, partidos se sentariam enfraquecidos à mesa das negociações.
Da extrema direita à centro-esquerda, dado que a “ex-esquerda” belo-horizontina suicidou-se com Lula, são vários nomes. De verve bolsonarista, Bruno Engler (PL); no Novo, Luísa Barreto ou Lucas Gonzalez; o senador Carlos Viana (Podemos); no PSDB, João Leite; no MDB, Newton Cardoso Filho, Hercílio Diniz ou o ex-deputado estadual Iran Barbosa; o prefeito Fuad Noman (PSD); Paulo Brant (PSB); Duda Salabert (PDT); Rogério Correia (PT); e Bella Gonçalves (PSOL). Há outras pré-candidaturas que se anunciam não necessariamente vinculadas às legendas. Gabriel Azevedo (sem partido), ainda com o futuro ameaçado pela inelegibilidade, que eventual cassação, caso ocorra, representaria; Eduardo Costa (Cidadania), nome do agrado do governador Romeu Zema (Novo). Além do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), pontuando alto, mas ainda sem interesse na candidatura.
Ao centro do cenário, em posição estratégica para buscar a reeleição, está o prefeito Fuad Noman. Primeiro, por ter a caneta do Executivo na mão. Segundo, pela tendência do eleitor belo-horizontino em preferir a reeleição, a menos que seja um gestor desastroso, o que não parece o caso. Há ainda uma construção de outras condições favoráveis ao prefeito. Sob a perspectiva da competição eleitoral, partidos com viés de centro, como o PSD, tendem, no segundo turno, a ser opção mais palatável ao eleitor em relação àqueles partidos considerados extremos. O mesmo vale para o sistema político, quando desenha os campos de aliança. Em sua atual conformação, em Minas, a legenda presidida por Gilberto Kassab convive da direita ultraliberal – representada pelo Novo – ao governo Lula, um híbrido de centro. Para efeitos de investimentos na capital mineira, a gestão de Fuad vai ser “vitaminada” como aposta do presidente para a aliança que gostaria de ver o seu partido firmar na sucessão à PBH. O PSD também é o partido que o PSDB gostaria de ter ao seu lado - o próprio Fuad tem origem tucana -, mas sabe que, no momento, o cacife ainda está baixo para concorrer nessa aposta.
A política é a única atividade humana que uma pessoa é incapaz de fazer sozinha. Se para a sucessão municipal de Belo Horizonte não faltarão candidatos, os casamentos, sim, serão mais escassos, mas vão ocorrer. Depois, será outro tempo. O das separações litigiosas.
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