Ilustração China -  (crédito: Ilustração)

Ilustração China

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Romeu Zema vai à China. Desta vez, o governador acerta em cheio. A China é tudo que o “partido liberal”, em seus devaneios neoliberais, odeia. Economia híbrida, de prevalência pública, é algo que não entra na cabeça de políticos, de economistas e de empresários à esquerda e à direita. Quando os cérebros ficam prisioneiros do século retrasado, a história emperra. 
A China possui os quatro maiores bancos públicos do mundo. O ICBC (ou Banco Industrial e Comercial da China), com patrimônio de quase US$ 240 bilhões, 567 milhões de clientes pessoas físicas e seis milhões de clientes corporativos. Tem o Banco da Agricultura da China (ou ABC), o CCB (China Construction Bank) e, por fim, liderando essa massacrante hegemonia financeira, o Bank of China, com patrimônio estimado em US$ 338 bilhões. Ainda que este não seja o único elemento definidor do tamanho do banco, para efeitos comparativos, a maior instituição financeira dos Estados Unidos tem um patrimônio de US$ 300 bilhões.
Zema, empresário que é, sabe da importância da China e dos números da balança comercial com o estado que governa. Serão várias horas de voo. O que Zema parece desconhecer, e talvez devesse ler durante a sua viagem, é uma obra que vai fazer dele um gestor público muito melhor. A Forbes assim definiu o livro: “Mazzucato argumenta que o investimento governamental, paciente e de longo prazo, é um pré-requisito indispensável para a inovação de impacto (...) Mesmo se discordar do ponto de vista dela, você deve ler o seu livro. Vai desafiar o seu modo de pensar.”
Zema ainda terá três anos de mandato. Deveria abandonar paradigmas absolutamente furados de seu “partido liberal” e beber na nova onda mundial, que, aliás, veio dos Estados Unidos. A autora, Mariana Mazzucato, não estudou a China, mas os Estados Unidos e toda a parafernália que ajudou a constituir o mundo atual ou tecnofeudal. O iPhone, a tela touchscreen, a internet, etc, etc. Tudo fruto de um longo e persistente esforço do estado americano, e de pesquisas, por este financiadas. 
Se Zema for ainda mais esperto, visitará a Rússia em breve e lá, no voo, poderá aproveitar o “Mago do Kremlin”. É um livro que conta, como um punhado de pessoas capitaneou uma “revolução”, aparentemente “conservadora”, que hoje assombra o mundo. Pegar carona nessa revolução sino-russa 2.0, fará bem ao estado mineiro. Afinal, como já disseram os homens que projetaram o Estado Novo no Brasil de 30: “Façamos a revolução antes que o povo a faça.” Antes que os seus adversários a façam, governador.

O que sai

Minas Gerais é o principal estado exportador para a China: responde por 36% de tudo o que o país vende para aquele mercado. Em 2022, a corrente de comércio foi de US$ 19,6 bilhões, com superávit de US$ 9,5 bilhões para Minas. Minério de ferro, ferro-gusa, ferro ligas, soja, carne bovina, açúcar, celulose, cobre, carne de aves estão entre os principais produtos exportados pelo estado.  

O que entra

Entre os principais produtos importados por Minas Gerais da China estão eletroeletrônicos, carvão, máquinas e produtos químicos. Mas, é claro, as relações econômicas entre Minas e China estão muito além do comércio externo. Os investimentos chineses se expandiram no Brasil e em particular no estado com a instalação de empresas nos setores de máquinas e equipamentos, eletroeletrônicos e energia.

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