Cansei. Não aguento mais falar de vírus. Estou com saudade das bactérias, protozoários e particularmente dos fungos.  

Quero declarar aqui e para sempre, pandemia nunca mais, se Deus quiser. Se ele não quiser, decido por ele. Não quero mais.

Foda-se para o vírus. Foooodaaaa-se!!

Não aguento mais me perguntarem o que vai acontecer. Respondo a todos de uma só vez, não sei!

Cada comunidade tem a epidemia que merece. Os micro-organismos refletem o comportamento das comunidades onde circulam. São nosso superego.

O sofrimento gerado pelas inúmeras perdas é proporcional ao valor que se dá à vida em diferentes sociedades.

Segundo o economista, crítico social e filósofo norte-americano Thomas Sowel, "...quando as pessoas querem o impossível, somente os mentirosos podem satisfazê-las". 

Depois de mais de 10 meses de pandemia, lidando nos hospitais, atendendo centenas de pacientes e  respondendo dúvidas induzidas por negativistas e vendedores de ilusão, tenho todo o direito de dizer: - epidemia é foda!! Chato demais!

Em todos os cantos que vou, cada pessoa que encontro, a pergunta é sempre a mesma: - e aí, para onde vamos?!!

Ontem subi pedalando uma ladeira quase impossível. Lá no topo, vista maravilhosa da cidade, encontro um casal fotografando passarinhos. A moça portava uma máquina fotográfica com lentes poderosas. O rapaz parecia um mero acompanhante, mais interessado na moça que nos pássaros. A conversa passou por assanhaços, sabiás, corujas e gaviões mas, ao me identificar, veio a pergunta: - e aí, o que você acha, para onde iremos? 

Não me perguntem mais!

Não sei, esta é a resposta.

Mas, adianto algumas coisas para encurtar a conversa.

Não sucumbiremos a este vírus, mas também não ficaremos livre dele tão cedo. Ele veio de mala e cuia.

Gostou do pouso e abraçou a causa. 

Afinal, temos um clima perfeito para ele. Não me refiro aqui  à temperatura, pressão e umidade do ar.

 

Mas à pobreza, miséria, desigualdade social, corrupção e gente negativista.

Temos tudo perfeitamente adequado ao acolhimento do visitante indesejável.

Abraçamos qualquer pinguela de esperança para fugir da “anormalidade”.

Mas não me perguntem o que vai acontecer. Não tenho bola de cristal. Digo apenas que estamos fazendo de tudo para nos mantermos vivos e com esperança de voltarmos, em breve, a nos abraçar.

Até lá, muita calma e façam, cada um a sua parte: mantenham-se em casa o quanto possível, evitem aglomerações, usem máscaras, lavem as mãos e tenham respeito por vocês mesmos, pelos seus próprios pais, amigos e semelhantes.

Teremos segunda onda? Esta é outra pergunta recorrente. Sim teremos, logo depois que sairmos da primeira, onde ainda estamos. Se será pior, dependerá do que aprendemos até aqui...

Tirem as máscaras do medo e usem máscaras. A consciência de cada um é a segurança de todos.

Muito bem, até este ponto, expressei um sentimento presente em centenas de milhares de pessoas chamado “fadiga epidêmica”. 

Trata-se de cansaço extremo gerado pelo isolamento e distanciamento social, além da saturação de um mesmo assunto a permear nossas vidas das madrugadas ao pôr do sol.

O sentimento de frustração gerado pela fadiga epidêmica nos leva a querer chutar o balde e ligar o foda-se. É nesta hora que nos expomos e infectamos.

 Nestas alturas do campeonato, com o Galo e Coelho quase na liderança, e o Cruzeiro na bacia das almas, não vamos entregar os pontos e morrer na praia. Uma vacina eficaz está logo ali, na esquina do Ano Novo, provavelmente...

Além disso, temos uma eleição neste Domingo. Esperança de elegermos pessoas responsáveis que fazem mais do que prometem, respeitam a ciência e principalmente, a vida dos que o elegeram. 

Nos EUA o Joe Biden e a Kamala Harris fizeram os seus discursos sem ler!! Ambos com fluência e elegância. Completamente diferente da fala arrogante e agressiva do Trumpalhão, que desta vez ficou calado! Só disse que daqui eu não saio, daqui ninguém me tira.

Como bem lembrou o professor João Amilcar Salgado, Biden foi um menino gago. O maior orador da Grécia clássica foi o ateniense Demóstenes que também era gago e venceu essa deficiência, andando pela praia a declamar poemas com a boca cheia de cascalho.

Já no planalto, nosso Messias, sem travas na língua ou cascalho na boca, ameaçou a América com pólvora. Certamente estava se referindo ao foguetório em comemoração a sua saída, que iluminará do Chuí a Washington. 

O mundo não merece estas figuras.

Ainda citando Sowell, “o fato de que muitos políticos de sucesso são mentirosos, não é exclusivamente reflexo da classe política, é também um reflexo do eleitorado”. Acrescento, cada povo tem a epidemia compatível com o político que elege.