Jornal Estado de Minas

QUASE MEIO MILHÃO DE MORTES

Pandemia de COVID-19: Agora falando sério

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Hoje vou jogar com o Chico de meio de campo, como nos velhos tempos. Mais atual do que nunca, "Agora falando sério" é uma peça antológica deste genial compositor, com o qual tive o prazer de disputar algumas bolas divididas. "Preferia não falar nada que distraísse. Eu queria não mentir, não queria enganar, driblar, iludir."



Após quase meio milhão de mortos e os absurdos exibidos ao vivo pela CPI da COVID, não há como não falar sério.

Onde iremos parar com essa pandemia no Brasil?!

"E você que está me ouvindo. Quer saber o que está havendo com as flores do meu quintal."

Não haverão flores para tantas sepulturas nos próximos meses e anos.

Idas e vindas epidêmicas com estresse intenso para o sistema de saúde, continuarão por um período ainda imprevisível.

Ondas epidêmicas até 2024 foram projetadas por pesquisadores da Harvard Medical School, como publicado pela revista Science, ainda no princípio de 2020.



Nessa publicação, os autores projetam uma trajetória complexa da epidemia. As políticas públicas, o comportamento da população, o surgimento de tratamentos eficazes e prevenção efetiva poderiam mudar essas projeções.

O tempo verbal diz tudo: poderiam!

No Brasil, as políticas públicas negacionistas desde o princípio da pandemia, tentam agora, no meio da marcha fúnebre, recuperar o tempo perdido, esboçando estertores de racionalidade. Tarde demais para as vidas que se foram.

A população exausta de distanciamento social, acostumada com o nosso inigualável calor humano e carinho, exige normalidade, onde o normal não mais existe.

Grandes aglomerações, casamentos cinematográficos, ou até mesmo um simples almoço em família no final de semana, passaram a ser um risco de vida.



Apesar dos cuidados iniciais, quando a cerveja sobe, a máscara cai e o vírus nos abraça junto com o aconchego familiar. Tratamentos eficazes ainda parecem distantes de todos nós. Mais uma vez, o pouco que se tem, não se encontra. Os anticorpos monoclonais que ressuscitaram o Trump, foram praticamente confiscados pelos americanos. Tem, mas acabou! Apesar da insistência de alguns ilusionistas, fica cada vez mais claro para todos a mentira do tratamento precoce proposto pelo charlatanismo presidencial.

Se não fosse a independência gerencial da ANVISA, até as bulas dos remédios seriam mudadas. Crime e mentiras prolongarão o nosso calvário humanitário e econômico.

Quando falamos de prevenção efetiva, pensamos imediatamente em vacinas. Será que controlaremos essa epidemia apenas com as vacinas?!

Certamente, as vacinas serão cruciais no processo de controle da epidemia. Mas, cadê as vacinas?!

Entretanto, exemplos vindos do Chile e Uruguai nos mostram que, a princípio, não apenas vacinas controlarão a epidemia. Medidas de distanciamento social, uso de máscaras e higiene de mãos, são fundamentais para contenção da pandemia, mesmo com vacinação avançada. Tudo que foi negligenciado e negado pelo planalto, agora, mais do que nunca, é a nossa saída.

A disciplina asiática provou que as medidas de distanciamento social, mesmo sem vacinas, são capazes de conter a epidemia. Com as vacinas, teremos alguma chance de reconquistar até mesmo o abraço perdido.

Falando sério, estamos longe de consertar o mal feito. Vendo as pessoas circularem sem máscaras pelas ruas de NY, impossível não sentir inveja da vacina alheia. Mas, paciência e canja de galinha é coisa de mineiro, e não de americano.



Vamos ver o que acontecerá com eles nas próximas semanas e meses. Antes de fazer as malas e correr para ir vacinar na Wallgreens, vamos ver a banda passar.

Nosso planejamento para enfrentamento dessa pandemia deve mirar o médio, longo prazo. Rever de escolas a igrejas, campos de futebol e outras grandes aglomerações. Temos que reinventar o prazer, o aprender e o conviver.

Agora falando sério, "a sempre-viva morrendo e a rosa cheirando mal", não foi apenas burrice e incompetência que nos traçaram este destino. Foi perversidade!

"Preferia não falar, falando sério."

Obrigado Chico.

audima