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Minha prece

''Existem afortunados que não precisam de nada para viver o êxtase. Alguns precisam de drogas. Eu me satisfaço com a poesia''


31/07/2021 06:00 - atualizado 31/07/2021 08:23

(foto: Himsan/Pixabay)
(foto: Himsan/Pixabay)

No final da semana passada, mais precisamente no sábado, recebi uma mensagem do meu amigo Paulo Pimenta, com um áudio de uma belíssima poesia do Fernando Pessoa intitulada "Prece - livra-me de mim". Por absoluta coincidência, neste dia comemorávamos o Dia do Escritor.

Confesso que não tenho um escritor favorito, mas adoro Fernando Pessoa. A poesia tem que chegar na hora e no momento certo que precisamos dela. Sou suspeito, por ser adicto à poesia. A Prece de Fernando Pessoa é uma daquelas obras primas que nos remete à profundidade da alma do autor.

Nesse momento da pandemia em especial, caiu para mim como uma luva. Poesia precisa de reencontros.

Como já relatei aqui em colunas anteriores, vivi a minha infância em Ibiá, frequentando a igreja matriz em companhia da minha mãe. Com ela aprendi rezas prontas, as quais, geralmente, utilizo com fervor na decolagem de aviões e durante turbulências. Sempre funcionaram perfeitamente, sem necessidade de evidência científica.

O tempo me ensinou a ver a beleza de todas as religiões, a poesia de cada uma delas, assim como as mazelas. Mas, o papel fundamental de todas em proporcionar às pessoas a oportunidade de se reconectar com o universo de cada um é fantástico.

Existem afortunados que não precisam de nada para viver o êxtase. Alguns precisam de drogas. Eu me satisfaço com a poesia.

(foto: Arquivo Pessoal)
(foto: Arquivo Pessoal)
Depois de um ano e meio de pandemia, no qual o cansaço de todos também é meu, após ouvir a prece de Fernando Pessoa, resolvi fazer a minha prece, que compartilho com vocês.

Compartilho também uma foto acidental, feita durante uma das várias reuniões que fizemos no salão da prefeitura de Belo Horizonte. Simplesmente esbarrei no sensor do celular e saiu uma foto. Ao fundo, estava um crucifixo. Mais tarde, vendo aquela foto inusitada e segundos antes de apagá-la, foi impossível não correlacioná-la com a nossa via crucis pandêmica.

Por que fazemos o que fazemos? Livre arbítrio poético?!! Talvez!

Minha Prece

Senhor, perdoe-me.
Não sei rezar rezas prontas.

Converso contigo,

Quando converso comigo no silêncio de minha alma.

Minha prece
Faço ao respirar,
Ao olhar as montanhas
E a lua que ilumina a noite que nos invade.

Agradeço-lhe pelas manhãs,
Tardes e noites.

Vejo-te em homens,
Flores e pedras.
Tuas digitais estão nas estrelas,
No vento e na água.
Na dor e no bálsamo.

Tua bondade explode no milagre do acordar de cada dia e no sabor do alimento que nos sustenta.

Senhor,
Abraço-te a cada pulsar do coração
Ao ver a luz e receber a tua luz.

Obrigado pela confiança de poder, por um breve momento, plantar flores no teu jardim.

Dai-me força para escalar montanhas e contornar abismos da minha alma.

Obrigado pelos dias,
Pelo privilégio de envelhecer e participar da tua obra.

Obrigado pelos pés e pela estrada para caminhar ao teu lado e seguir teus sinais.

Pelas mãos, para segurar as tuas até o infinito, onde, tenho certeza, o encontrarei de braços abertos.

Amém

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