Já falei sobre esse tipo de amizade antes. Trata-se da cumplicidade de nos mantermos vivos. O tiro que te acerta dói em mim e em todos.
Pois bem, nos permitimos fazer um encontro dentro da trincheira. Nos armamos com 3 doses de vacina, 2 testes em 3 dias, máscaras, exceto para comer e beber, álcool nas mãos e eventualmente nas mucosas. Nas mãos a 70%, nas mucosas entre 5 e 16%. Às vezes, um tiro a 35 % para aguçar emoções e destravar lágrimas.
Nos resta responder: - nosso XXII Congresso Brasileiro de Infectologia, acontecido em Goiânia foi seguro?!
Para responder a essa pergunta, fizemos um inquérito epidemiológico pós congresso, o qual não evidenciou nem um caso de COVID-19 dentre os participantes presenciais que responderam ao questionário.
O estudo completo será publicado em breve no site da SBI e revista especializada.
Esse resultado, prova que o cumprimento de protocolos rígidos evita a transmissão viral e permite que retomemos boa parte de nossas atividades e da alegria do encontro presencial.
O evento foi híbrido, presencial e on-line. Gente que eu conhecia apenas em uma dimensão, virou gente de carne e osso. Me pareciam pessoas que conheci em outras encarnações e de repente, estavam na minha frente. Gente de verdade.
Gente que faz tim-tim !
Como é bom reencontrar velhos amigos e saber que eles ainda estão por aqui. Vivinhos da Silva!
Tecnologia é ótimo. Mas gente é melhor. Debater com olhos nos olhos e depois esticar a conversa no boteco mais próximo. Bem diferente das discussões com a ponta dos dedos em grupos de WhatsApp, onde, está provado, ninguém convence ninguém.
Não quer dizer que o mundo virtual seja ruim. Pelo contrário, é fantástico. Só não é suficiente.
Nossa memória do mundo virtual fica gravada em pendrives. A do mundo real fica na gente.
Como diz a belíssima Adélia Prado, “A memória é contrária ao tempo. Enquanto o tempo leva a vida embora como o vento, a memória traz de volta o que realmente importa, eternizando momentos”.
Precisamos da proximidade e do calor dos corpos para nos mantermos humanos. Pelo menos de tempos em tempos, sermos o que sempre fomos, gente sem bytes, sem vídeo fechado e mudos.
Sorriso aberto, mesmo debaixo de máscaras, transborda alegria e sinceridade no olhar.
O que é mais alentador é o fato de vivermos o desafio de fazer o de sempre, diferente. A mudança nos trouxe um sapato novo que precisa ser amaciado para ficar confortável.
Como dizia outra diva que nos deixou ontem, Lya Luft, “...viver deveria ser - até o último pensamento e derradeiro olhar - transformar-se.”
Nossos pés têm a forma de nossa esperança e de nossos corações.
Batalhemos nessa trincheira até o fim. Até Salvador, pelo menos!
Feliz Ano Novo para todos!