O Ministério da Saúde realizará em 2022, a 24ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza no período de 04 de abril a 03 de junho de 2022, sendo o dia D de mobilização social, 30 de abril. A partir do dia “D”, a vacinação das crianças de 6 meses a menores de 5 anos de idade (4 anos, 11 meses e 29 dias) passará a ser contemplada.
A vacina Influenza trivalente utilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é produzida pelo Instituto Butantan. A formulação é constantemente atualizada para que a dose seja efetiva na proteção contra as novas cepas do vírus. A vacina será eficaz contra as 3 cepas: H1N1, H3N2 (Darwin) e tipo B (Austria).
A vacina Influenza quadrivalente será disponibilizada pelas clinicas particulares. Tem em sua composição proteção para 4 cepas:
- Tipo A: H1N1(Victoria) e H3N2 (Darwin)
- Tipo B: Austria e Phuket
A vacina de 2022 é diferente da vacina de 2021, com alteração de 50% das cepas e traz em sua composição a proteção contra a ação da cepa Darwin (H3N2), responsável pelo surto de gripe no final de 2021.
1. O que é influenza?
Também conhecida como gripe ou gripe sazonal, a influenza é uma infecção viral aguda do trato respiratório, comunitária, com distribuição global e elevada transmissibilidade. Outros vírus respiratórios podem originar infecções com quadros clínicos semelhantes aos da síndrome gripal, sem estas serem consideradas gripe, ex: COVID19, rinovirus, adenovirus, enterovirus.
2. Quais são os tipos de vírus que causam a Influenza?
O agente etiológico da gripe é o Myxovirusinfluenzae, pertencente à família Orthomyxoviridae. Ele apresenta um genoma constituído por segmentos de ácido ribonucleico (RNA), que codifica várias proteínas virais, entre as quais a hemaglutinina e a neuraminidase. A segmentação do genoma do vírus (oito segmentos de RNA) é o que explica a grande variabilidade dele.
Os vírus da influenza se dividem em 4 tipos: Influenza A, B, C e D. Apenas os vírus A e B provocam doença com impacto significativo na saúde humana, sendo os principais causadores das epidemias anuais. Temos 18 subtipos para a Influenza A, dos quais apenas dois acarretam infecções humanas: A (H1N1) e A (H3N2). Já o vírus Influenza B, apresenta duas linhagens: B / Victoria e B / Yamagata.
O Influenza C é relativamente raro e não causa surtos ou epidemias. Os vírus B e C acometem apenas humanos. Em relação ao vírus Influenza D, não se sabe se causa doenças nas pessoas.
3. Como ocorre a transmissão da influenza?
A transmissão ocorre por contato direto (pessoa-pessoa) ou por meio de superfícies ou objetos contaminados (indireta). Quando um indivíduo infectado espirra ou tosse, expele partículas infecciosas que variam de 0,1 μm a 100 μm de diâmetro. Partículas finas (aerossois) e núcleos de gotículas, gerados a partir da dessecação rápida de gotículas maiores, têm um diâmetro inferior a 5 μm e são capazes de permanecer no ar por minutos a horas, mas são vulneráveis a mudanças de temperatura e umidade. A pessoa com influenza pode transmitir o vírus a outras pessoas, até, aproximadamente, um metro e meio de distância. Essa disseminação ocorre mais facilmente em ambientes fechados, sobretudo no inverno, quando as pessoas ficam por mais tempo juntas.
Transmissão indireta – uma pessoa pode contrair influenza ao tocar, com as mãos, uma superfície ou um objeto contaminado com o vírus Influenza e, em seguida, tocar os olhos, boca ou nariz. Estudos têm demonstrado que o Influenza pode sobreviver por curto período de tempo nas mãos e em superfícies não porosas. Todavia, sobrevive por até 48 horas, em superfícies como mesas de cafeterias, livros, superfícies rígidas, teclado de computador, maçanetas e mesas de escritório. Embora o potencial de transmissão relevante seja questionável, outros vírus respiratórios que também circulam no período podem contaminar superfícies. Por isso, lavar as mãos com frequência ajuda você a reduzir as chances de uma pessoa se contaminar a partir desses objetos e superfícies.
Anteriormente, se acreditava que a maioria dos eventos de transmissão da gripe ocorria por meio de gotículas. Há dados na literatura que apoiam o papel da transmissão por aerossol dos vírus da influenza e as implicações para a política de controle das infecções
4. Qual o período de incubação da influenza?
De um a quatro dias. Um único indivíduo infectado pode transmitir a doença para um grande número de pessoas suscetíveis.
5. Qual o período de transmissibilidade da influenza?
De um a até sete dias após o início dos sintomas. Entretanto, os indivíduos afebris há mais de 24 horas não apresentam mais um risco importante de transmissão na comunidade. Esse período depende da idade e de doenças que a pessoa tenha. Em crianças e em pacientes imunossuprimidos, esse período pode ser mais prolongado. No ambiente hospitalar, todavia, deve-se manter o isolamento, ainda que não haja febre, até que pacientes não apresentem mais sintomas respiratórios.
6. Há diferenças entre influenza e resfriado?
É difícil diagnosticar com precisão, em determinada população, a infecção por influenza A ou B, com base apenas em critérios clínicos, devido à sobreposição de sintomas causada pelos vários vírus associados à infecção do trato respiratório superior (IVAS).
O agente etiológico da gripe é o Orthomyxovirusinfluenzae, e o resfriado é causado por algumas espécies de vírus – rinovírus na maioria dos casos, mas também pode ser causado por adenovírus, vírus sincicial respiratório, coronavirus, e parainfluenza, entre outros.
Alguns sinais/sintomas podem ajudar a diferenciar gripe de resfriado:
A febre pode estar relacionada tanto à gripe quanto ao resfriado, mas há diferença de intensidade. Resfriados causam febres baixas, enquanto gripes levam a temperaturas maiores de 38°C. Em crianças, podem chegar a 39°C;
O resfriado se instala de forma lenta e gradativa, enquanto a gripe sempre acontece de forma súbita e com sintomas gerais;
A tosse é um sintoma marcante da gripe, especialmente a tosse seca. Raramente o resfriado causa tosse;
Resfriados duram, em média, de três a quatro dias. Gripes duram, em média, sete dias.
7. Quais medidas reduzem o risco de adquirir ou transmitir o vírus da influenza?
- Vacine-se anualmente, para se proteger e também às outras pessoas;
- Evite contato próximo com pessoas que apresentem sintomas de influenza;
- Se você estiver com uma doença semelhante à gripe, permaneça em casa por,
pelo menos, 24 horas após a febre ter desaparecido, exceto para receber atendimento médico. A febre deve desaparecer por 24 horas, sem o uso de medicamentos que a reduzam;
- Caso seja necessário ir a uma Unidade de Saúde, comunique que está gripado e solicite uma máscara cirúrgica para evitar a transmissão para outras pessoas;
- Higienize as mãos com água e sabão ou use álcool-gel a 70%;
- Cubra o nariz e a boca com um lenço ao tossir ou espirrar. Jogue o tecido no lixo depois de usá-lo;
- Se não tiver lenços de papel, use o cotovelo ao tossir ou espirrar e, em seguida, lave as mãos;
- Lave as mãos frequentemente, com água e sabão ou use uma fricção para as mãos, à base de álcool;
- Evite aglomerações e ambientes fechados;
- Adote hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e ingestão de líquidos;
Evite tocar olhos, nariz e boca com as mãos, pois podem estar contaminadas com o vírus da gripe ou germes;
Não compartilhe objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
Limpe e desinfete superfícies e objetos que possam estar contaminados com o vírus da gripe ou outros germes;
Mantenha os ambientes bem ventilados.
8. Por que é preciso tomar a vacina contra gripe todo ano?
É preciso tomar a vacina contra gripe todo ano porque os anticorpos dessa vacina diminuem com o passar do tempo. Outro motivo é que as cepas sempre são atualizadas,assim como em outras doenças, na gripeos vírus sofrem mutações e os imunizantes precisam se atualizar conforme a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS). No caso da campanha de vacinação da gripe 2022, por exemplo, ela traz a proteção contra a ação da cepa Darwin.
9. Qual é a eficácia da vacina da gripe?
A eficácia da vacina é de 50% a 85%. A resposta na produção de anticorpos após a vacinação depende de vários fatores, incluindo idade, exposição prévia e subsequente aos antígenos, um pareamento entre o vírus circulante e a vacina, e a presença de condições que alteram a resposta imunológica. Se você tem sido vacinado contra influenza e, por um acaso, ter gripe, ela será menos grave, sendo menos provável desenvolver complicações.
10. Quem está gripado pode tomar a vacina da gripe?
A pessoa que está gripada deve esperar mais um tempo antes de tomar a vacina da gripe. Essa orientação também é válida para quem está com febre ou outras doenças agudas, como: infecção gastrointestinal, pneumonia, entre outras.
11. A vacina causa a gripe?
Não, a vacina é de vírus inativado e não contém vírus vivo, portanto não é capaz de produzir a doença.
12. Quem toma a vacina da gripe pode ficar resfriado?
A pessoa que recebe a vacina da gripe pode ficar resfriada (doença semelhante à gripe, porém causada por vírus diferentes e com sintomas mais brandos) e, até mesmo, adquirir gripe, pois nenhuma vacina contra gripe tem eficácia de 100%. Porém, o imunizante vai diminuir o tempo de duração dos sintomas da gripe e a possibilidade de que ela se agrave.
13. Quanto tempo a vacina da gripe demora para fazer efeito?
Após duas ou três semanas da vacinação começa a produção de anticorpos contra o Influenza. É recomendável que a vacinação seja realizada anualmente, nos meses de outono, objetivando-se, assim, que os níveis máximos de anticorpos sejam coincidentes com os meses de inverno, quando a doença é mais incidente, em conseqüência da maior circulação do vírus
14. Estou com febre ou sintomas respiratórios. Posso tomar vacina?
Em geral, como acontece com todas as vacinas, diante de doenças agudas febris ou síndromes respiratórias moderadas ou graves, recomenda-se o adiamento da vacinação até a resolução doquadro com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da doença. Compartilhe com seu médico e espere os sintomas desaparecerem.
15. Tomei vacina para COVID-19. Posso tomar a vacina da gripe?
A vacina influenza pode ser administrada na mesma ocasião de outras vacinas do Calendário Nacional de Vacinação e também com outros medicamentos, procedendo-se às administrações com seringas e agulhas diferentes em locais anatômicos distintos.
A campanha de vacinação contra a influenza coincidirá com a realização da vacinaçãocontra a covid-19. As vacinas covid-19 poderão ser administradas de maneira simultânea ou comqualquer intervalo com as demais vacinas do Calendário Nacional de Vacinação, na população apartir de 12 anos de idade. No entanto, é importante que seja priorizada a administração davacina Covid-19, para as crianças de cinco a 11 anos de idade contempladas nos gruposprioritários para a influenza. Nestas situações, deve-se agendar a vacina influenza, respeitandoo intervalo mínimo de 15 dias entre as vacinas.
16. Tive COVID-19. Posso tomar a vacina da gripe?
Doenças febris agudas, moderadas ou graves: recomenda-se adiar a vacinação até aresolução do quadro, com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da doença.
É improvável que a vacinação de indivíduos infectados (em período de incubação) ouassintomáticos tenha um efeito prejudicial sobre a doença.
Entretanto, recomenda-seo adiamento da vacinação nas pessoas com quadro sugestivo de infecção ematividade para se evitar confusão com outros diagnósticos diferenciais. Como a pioraclínica pode ocorrer até duas semanas após a infecção, idealmente a vacinação deveser adiada até a recuperação clínica total e pelo menos quatro semanas após oinício dos sintomas ou quatro semanas a partir da primeira amostra de PCR ou testeantigênico positiva em pessoas assintomáticas.
17. Tenho alergia a ovo. Posso tomar a vacina?
A vacina contra gripe é composta por proteínas de diferentes cepas do vírus Influenza - elas são definidas ano a ano sob orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Essas cepas são cultivadas em ovos de galinha, portanto, contêm traços de proteínas do ovo.
Para casos de alergia leve, pode tomar normalmente. Para casos de alergias graves, a vacina para gripe poderá ser feita somente em ambiente hospitalar, sob supervisão médica.
A alergia ao ovo afeta aproximadamente 1,3% de todas as crianças e 0,2% de todos os adultos.
Se uma pessoa é capaz de comer ovo levemente cozido (por exemplo, ovo mexido), sem reação, é improvável que seja alérgica. Assim, pode receber qualquer vacina contra a gripe;
Diversos estudos publicados têm relatado que o risco de anafilaxia associada à vacina contra influenza em pacientes alérgicos à proteína do ovo é muito baixo.
Em 2012, foi realizada uma revisão dos estudos publicados. Considerados 4172 pacientes alérgicos ao ovo, 513 relataram história de reação alérgica grave e não relataram casos de anafilaxia após a administração da vacina inativada contra influenza. O maior estudo na revisão incluiu 830 pessoas alérgicas, das quais 164 relataram história de reação alérgica grave ao ovo, e apenas 17 (2%) apresentaram qualquer evento adverso. Todos os eventos adversos foram leves e incluíram dor abdominal, urticária e sintomas respiratórios, como dispneia.
Segundo dados dos CDC, aconteceram 10 casos de anafilaxia após serem administradas 7,4 milhões de doses de vacina inativada contra a gripe (taxa de 1,35 por um milhão de doses). A maioria desses casos de anafilaxia não estava relacionada com a proteína do ovo presente na vacina.
Atualmente, portanto, existem claras evidências de que a vacina pode ser administrada, com segurança, a pacientes com alergia ao ovo. Vale salientar que qualquer reação grave a qualquer componente da vacina torna-a contraindicada a posteriori.
18. Tive uma reação grave à vacina anterior da gripe. Posso tomar?
Se a reação foi de alergia grave, não pode.
19. Tomei a vacina para gripe na rede pública. Posso tomar outra dose na rede particular?
Sim, com intervalo de quatro semanas.
20. A vacina gripe protege ou ajuda a prevenir a Covid-19?
Infelizmente o vírus influenza, causador da gripe, não tem parentesco ou semelhança genética com o SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19.
Entretanto, neste momento de pandemia, a vacinação contra a gripe é importantíssima para evitar uma sobrecarga maior no sistema de saúde e reduzir a possibilidade de confusão de diagnóstico.
21. Quem não deve tomar a vacina para vacina da gripe?
- Crianças menores de 6 meses de idade;
- Pessoas com história de anafilaxia grave a doses anteriores.
22. Quais são as possíveis reações adversas da vacina da gripe
Aplicada por injeção, a vacina pode causar desconforto no local da aplicação e um mal-estar leve e passageiro (no máximo 24 horas após a aplicação), podendo também fazer febre, como se fosse o início de um resfriado
23. Devem as gestantes receber a vacina trivalente ou quadrivalente para Influenza?
Sim. Em qualquer período da gestação.
As gestantes têm risco aumentado de complicações, devido a alterações que ocorrem naturalmente no sistema imune durante a gestação. A própria gravidez pode levar a certa dificuldade na respiração, o que se mostra particularmente relevante no segundo e terceiro trimestres da gestação.
Há recomendação para que todas as gestantes, em qualquer período da gravidez, recebam a vacina contra influenza, devido ao risco de graves complicações associadas ao aumento de hospitalização e óbito em gestantes expostas ao vírus. Há evidência de que a vacinação em gestantes protege os recém-natos de adquirir gripe por até seis meses, além de ocasionar menor probabilidade de prematuridade, de aborto e de recém-nato com baixo peso ao nascer. Estudos sobre vacinação contra influenza durante a gestação não evidenciaram danos para a mãe e o feto.
24. Quem está amamentando pode tomar a vacina da Influenza?
Sim. Não existem contraindicações formais para a administração da vacina em mulheres que se encontrem amamentando
25. Pacientes imunossuprimidos podem tomar a vacina?
Sim. Deverá ser sempre a vacina de vírus inativado (a única disponível entre nós). Alguns pacientes com imunossupressão podem ter uma resposta imunológica baixa. São eles:
Pessoas com HIV/Aids;
Transplantados de órgãos sólidos e medula óssea;
Doadores de órgãos sólidos e medula óssea, cadastrados nos programas de doação;
Portadores de imunodeficiências congênitas;
Usuários de drogas ilícitas;
Indivíduos em terapia imunossupressora, incluindo o uso, em longo prazo, de corticosteroides, anticorpos monoclonais, quimioterapia, radioterapia e determinadas drogas antirreumáticas;
Portadores de neoplasias, incluindo leucemia, linfoma de Hodgkin e não-Hodgkin, e mieloma múltiplo, entre outras;
Pessoas com anemia falciforme e outras hemoglobinopatias.
Referências:
• Material originalmente elaborado pelo Dr. JulivalRibeiro(Infectologista – DF) e Dra. Nancy Ballei( UFSP –EPM- SP)