Como diz o ditado popular, quem cala consente. Ser um antídoto para a toxicidade do silêncio, é um dos papéis do Boletim Popular.
Neste sentido, numa pandemia, nosso papel fundamental como cidadãos é fazer com a informação seja direta, clara, compreensível e sem fantasias.
Nesta pandemia vimos de tudo. Governantes sonegando informações, negando a ciência e distorcendo a realidade de forma torpe e grosseira. Assim, não informar a população dos riscos, divulgar informações falsas ou sonegar informações que levam as pessoas a se exporem e colocarem as suas vidas e a de terceiros em risco, é crime por omissão.
Neste sentido, essa edição chama atenção para um tema crucial: os riscos da doença COVID-19 versus os riscos da vacinação.
Desde sempre negligenciada pelo governo federal e objeto de campanha difamatória pelo atual presidente da república, as vacinas mudaram o rumo da pandemia.
Além de reduzirem a trágica mortalidade em nosso país e no mundo, praticamente afastaram os riscos de colapso do sistema de saúde.
Mas, assim como as demais vacinas, as atuais contra a COVID-19 acabaram por dar a população a falsa percepção de que a pandemia estava resolvida.
Na esteira do sucesso da vacinação, governantes "cloroquinadores" e até hoje complacentes com a prescrição de medicamentos sem eficácia por médicos no próprio serviço público, se apressaram a retirar as medidas de barreira.
Diante de variantes virais cada vez mais transmissíveis e distantes da cepa original que iniciou essa pandemia, o resultado tem sido as sucessivas ondas de novos casos que estamos vivendo.
Na toxicidade do silêncio surgem as fake news palacianas atribuindo às vacinas "terríveis efeitos colaterais" desses " fármacos experimentais".
É comum o fato de algumas pessoas não quererem se vacinar contra a COVID-19, com receio de eventos adversos.
Nesta edição, será comparado o alto risco de óbito por COVID-19 em Belo Horizonte em 2022, versus o risco muito baixo de evento adverso após vacinação, baseado no estudo de Thibault Fiolet, sobre eventos adversos pós vacinação (Thibault Fiolet, Clin Microbiol Infect 2022;28:202)
As vacinas têm risco? Sim, assim como qualquer outro fármaco. Entretanto, enquanto os efeitos adversos pós-vacina ocorrem a uma taxa de 1 a 158 casos por milhão de doses, e sua maioria são leves/moderados, com menos de 10 casos por milhão de pessoas vacinadas (vide tabela abaixo), o risco de morrer por causa da COVID-19 é de no mínimo, 380 óbitos por milhão em pessoas entre 12 a 39 anos, subindo para 970 óbitos por milhão de casos em crianças de 0 a 11 anos e mais de 20.000 mortes por milhão de casos, em indivíduos acima de 65 anos de idade. Mesmo com redução da letalidade global por COVID-19 em 2021 e 2022, a letalidade em BH passou de 2,3% (2020-2021) para 0,7% em 2022, redução global de 72%. (veja os gráficos abaixo) eventos adversos pós-vacina
A risco de uma pessoa morrer ao ter COVID-19 em Belo Horizonte é, atualmente, 1.450 vezes maior que o risco de ter algum evento adverso associado à qualquer uma das vacinas. Portanto, é incompreensível não se vacinar por temor de possível efeito colateral.
O silêncio tóxico estatal em relação `a importância da vacinação só pode ser compreendido pela imbecilidade de um presidente que se recusa a vacinar e sonega vacinação até a sua própria filha. Cabe uma pergunta:- quem não protege e não cuida da própria filha, têm condições de cuidar de um país?!
A catástrofe pandêmica que vivemos tem dono e DNA". É nosso papel, juntos, contrapormos à barbárie, proteger as pessoas, incentivar a vacinação e valorizar cada vez mais o SUS.
*A coluna dessa semana é o editorial do Boletim Popular numero 4, o qual pode ser acessado aqui
http://www.sjpmg.org.br/2022/06/comite-popular-de-bh-reforca-a-eficacia-da-vacina-contra-covid-e-cobra-aplicacao-de-4a-dose/