Jornal Estado de Minas

CARLOS STARLING

Mundo ligeiro, o revólver e a flor de maracujá


Tudo ficou muito rápido nos dias de hoje. Quero o orgasmo agora!! A goiabada com queijo também. O que é que há?!

A percepção de que a goiabeira demora para crescer e o queijo depende de uma Vaca Profana que pariu um bezerro, dá leite, que vira queijo, e satisfaz um prazer degustativo, não existe!

Apesar de Divino Maravilhoso, o mundo líquido-ligeiro, que não é leite, nem goiabada derretida com cachaça, é bem mais complexo.



Tem gente que não percebeu que as eleições passaram e abrigam-se em trincheiras ilusórias de fake news e teorias conspiratórias. Realidade paralela, "folie collective" alimentado por cânticos, hinos e palavras de ordem completamente desconectadas do mundo ligeiro e democrático que os atropelou.

Do outro lado do muro do exército, os eucaliptos impávidos balançam ao vento. Um bando de urubus decolam de seus ninhos sem dar bola para o devaneio coletivo.

No pátio quase vazio, recrutas batem pelada e jogam petecas ao ar.

A súplica por democracia na porta de um exército é tão incoerente quanto dar à luz em cemitérios.

Almas penadas, certamente seriam mais lúcidas. Que pena!!

Me preocupa o fato de nossa luta anti-manicomial ter saído pela culatra. Onde colocar tanta gente com distúrbio psicótico persecutório?!

Genial seria se pudéssemos transportá-los para a intimidade das urnas eletrônicas, onde o segredo dos chips revelasse onde está a fraude que elegeu Pazuelo, Damaris, Nikolas e Salles.



O mundo digital deu voz aos imbecis e não vacinou o restante da população contra o vírus da infodemia.

Vejo pela minha janela um tratado de psicopatologia, travestido de patriotismo. Luto eleitoral antidemocrático que cronifica dia após dia.

Nos grupos de WhatsApp a luta de trincheira continua. Discursos de ódio e ressentimento mantém a chama golpista acesa.

Saí de todos os grupos, inclusive os familiares e de turma de formatura, onde exaltados repassam, aos montes, fake news com DNA típico do gabinete do ódio.

Não achem vocês que não fiquei pesaroso de sair de grupos com colegas de quase uma vida inteira. Mas, quando se percebe que alguém comete um crime e simplesmente observamos, somos cúmplices. Mesmo que o criminoso, claramente, não esteja no seu juízo perfeito, ainda assim é crime.



Assustador, mas compreendi como o fanatismo levou inúmeros médicos alemães a se tornarem torturadores e criminosos de guerra.

Discutindo com um colega psiquiatra, ele observou que pessoas que não conseguem rir de si mesmas têm uma forte tendência a cultivar o mau humor e o fanatismo. Sinal claro de doença psiquiátrica cujo tratamento por WhatsApp é impossível, mesmo para especialistas no assunto. O Balancê!

Enquanto o mundo ligeiro gira, nos porões do Planalto o agonizante desgoverno segue cometendo crimes hediondos contra a saúde pública.

Me lembrando o filme A fuga das Galinhas, os ocupantes atuais se apressam em pedir cidadania italiana. A ultra-direita de lá que se cuide, o estrago dos impostores brasileiros pode ser grande.

Apesar de já termos uma linha de cuidado completa para prevenção e tratamento da COVID-19 em todas as suas fases, inclusive para enfrentar a nova sub-variante da Ômicron que já invade nosso território, medicamentos efetivos para tratar a doença apodrecem nos armazéns do Ministério da Saúde.

Vacinas atualizadas, já amplamente utilizadas em outros países, mais uma vez, nos estão sendo sonegadas.

Nossas crianças, acima de seis meses, que já deveriam estar recebendo vacinas contra COVID-19, novamente foram deixadas à própria sorte.

Como diz a música do Toninho Horta, "esse jornal é meu revólver" e, acrescento, minha flor de maracujá.

Hoje, Baby, Meu nome é Gal!

Janeiros passam ligeiro, mas esse, não chega nunca!

Quando chegar, Sonho Meu, essa Nuvem Negra terá passado. Aí, será um Barato total, Festa no Interior, Canta Brasil! Precisamos cantar, e muito, Aquarela do Brasil.