Foi numa madrugada na década de 1970, em plena ditadura, que uma joalheria na Savassi, em BH, foi roubada.
Ladrões atrapalhados invadiram a loja, o alarme disparou e eles saíram às pressas deixando algumas joias pelo caminho.
Um bêbado, homem em situação de rua que dormia nas imediações, acordou assustado e foi ver o que se passava. Foi logo achando as relíquias deixadas para trás pelos larápios em debandada.
Se enfeitou com um cordão de ouro e um anel de formatura, o qual sempre desejou.
A polícia chegou e não teve dúvidas de que aquele anel não combinava com o indivíduo. Mão nele!
Usando técnicas comuns naqueles tempos, mergulhavam a cabeça do indivíduo na água em um barril até o cara ficar roxo. Entre um mergulho e outro, perguntavam: "Cadê as jóias?! Cadê as joias?!!".
Depois de meia hora de profundos mergulhos, o suspeito se manifestou com veemência: "Calma, gente! Calma! Acho que tem alguma coisa lá no fundo, mas cês arranjam outro mergulhador que eu já cansei".
O caso ficou famoso na época e se desdobrou em inúmeras histórias policiais do gênero.
O fato é: Baton na cueca é difícil de se explicar. Se o indivíduo for pobre, negro ou gay, já é culpado de cara.
Regra básica: - Atira antes e pergunta depois.
Um paralelo com o recente episódio envolvendo as joias das arábias e o Messias, caso as mesmas técnicas de mergulho fossem usadas até hoje, qual seria a resposta?!
Chamem a Marinha! Eles é que entendem de água e principalmente de mergulho.
Leia: Boas lembranças de Guido
Vergonhoso a maneira como as forças armadas foram utilizadas pelo governo de Bolsonaro.
Ministros traficando joias, presidente dando carteirada para surrupiar bens públicos e militares sendo usados como aviões do tráfego. Tudo filmado à luz do dia e gravado.
Baton e dinheiro na cueca é pouco!
Diferente do nosso personagem do princípio desse texto, nenhuma palavra. Nem mesmo para chamar um mergulhador substituto.
Ainda vai levar um tempo para que as nossas preciosas forças armadas se reagrupem e se recomponham desse duro “equívoco”.
O racha na sociedade, nas famílias, nos grupos de amigos, também ocorreu nas casernas. Paiol de pólvora com estopim em brasa.
Graças ao bom senso, profissionalismo e responsabilidade de militares sérios (sim, existem e são a maioria!), não tivemos uma catástrofe de proporções pandêmicas.
Bom exemplo para o nosso cotidiano. Tempo de baixar as armas e recompor as relações familiares e com amigos antigos que se equivocaram tanto quanto muitos de nossos militares.
Aprender é trabalhoso. Às vezes doloroso. Exige paciência, tempo e espírito aberto para refletir e perdoar. O que não significa deixar de apurar o mal feito e as ambições espúrias de alguns.