A vida exige equilíbrio. Assentar e ficar ereto sobre nossos pés são os primeiros desafios.
A evolução da espécie nos deu essa habilidade.
Caminhar, correr, caçar e explorar nos trouxe até aqui.
Por necessidade de nos movermos e explorarmos o planeta, equilibramos e voamos.
No momento que escrevo esse texto encontro-me há 10 mil metros de altura, voando a 800 km/h. Magia da tecnologia e da evolução humana.
O mecânico fica lá embaixo. Mas, tudo bem, funciona! Espero!
Entretanto, apesar de todos os avanços que nos permitem atravessar continentes em poucas horas, ainda não aprendemos a nos comunicarmos de forma adequada.
No meu trajeto de Belo Horizonte a Copenhagen, apenas eu e uns três gatos pingados (asiáticos), usávamos máscaras. Pelo visto, decretaram o fim da pandemia e não me avisaram.
Até a SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), alguns dias atrás, fez um evento com o título “ Resistência Bacteriana no pós Pandemia “.
A Dra. Ana Gales (UNIFESP), uma das debatedoras pontuou de forma contundente: - Pós Pandemia?! Terminou?!
Epidemiologicamente, não temos elementos para sair soltando foguetes e queimando máscaras e abandonando de vez, os cuidados que duramente aprendemos.
Leia: As cinzas
Não sei se vocês perceberam, mas até o álcool em gel que abundava em todos os locais, agora está desaparecendo.
A humanidade que ficou por 3 anos, literalmente “com álcool na mão”, esqueceu rápido do sufoco que passou. Ou melhor, que não passou.
Na maioria dos estados brasileiros e países europeus a incidência permanece entre 50 e 100 casos por 100 mil habitantes.
O SARS-COV2 continua sendo a principal causa de morte por doença infecciosa em todas as faixas etárias, aqui e acolá.
Leia: Ele voltou!
Os vacinados com a vacina bivalente atualizada para a variante Ômicron atingiram até o momento apenas 25% da população alvo. Além disso, a proteção contra infecções sintomáticas é baixa após 4 meses.
O risco matemático de novas ondas epidêmicas pelo Corona é de aproximadamente 20% em 2 anos, aumentando progressivamente com o tempo, caso não surjam tecnologias potentes para contê-lo.
A conclusão é que o mundo cansou de se proteger contra o vírus e chutou o pau da barraca.
Nos aviões, aeroportos e metrôs, as pessoas mergulham nos seus celulares e se entregam ao devaneio digital.
Leia: As joias das arábias
De bebês a noventões, todos de celular nas mãos, absortos pelo brilho das telas e da vida que brota do silício e do silêncio.
A vida na ponta dos dedos.
Há vida em nossas mãos, com certeza.
Aprendemos a andar e voar na velocidade do som, mas falta luz para nos comunicarmos uns com os outros.
Como dizia o velho guerreiro, “quem não se comunica, se estrumbica”.
Parece que não aprendemos nada com uma pandemia que matou mais de 6 milhões de pessoas no planeta.
De qual catástrofe e de quantas pandemias precisaremos para nós percebermos “one planet” e “one health”?!