Jornal Estado de Minas

SAÚDE em evidência

Letramento científico

Conteúdo para Assinantes

Continue lendo o conteúdo para assinantes do Estado de Minas Digital no seu computador e smartphone.

Estado de Minas Digital

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Utilizamos tecnologia e segurança do Google para fazer a assinatura.

Experimente 15 dias grátis

A Fiocruz divulgou, na quarta-feira (20/9), uma atualização do boletim InfoGripe. O cenário segue similar ao da semana anterior, no qual se identificou um ligeiro aumento nos casos de síndromes respiratórias agudas graves (SRAG) associadas à COVID-19, majoritariamente localizados em estados do Sudeste e do Centro-Oeste, com destaque para o Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás.




 
O coordenador do InfoGripe, o epidemiologista Marcelo Gomes, destaca que a população adulta é a mais afetada e faz um alerta para alguns estados do Sudeste e do Centro-Oeste. “O que continua chamando a atenção é essa retomada do crescimento da COVID-19, especialmente no Rio de Janeiro, em São Paulo e Goiás. É um processo lento. O Rio de Janeiro chama um pouco mais a atenção, pois a situação está mais clara, mas São Paulo também já começa a ficar mais evidente”, afirma Gomes.
 
Em função da retomada que se observa, o pesquisador relembra a importância da vacinação em dia. “Temos a vacina bivalente, agora disponível para a maior parte das faixas etárias. E mesmo para aquelas faixas às quais a bivalente ainda não está aprovada, estar em dia com a vacina disponível para a sua idade é fundamental, especialmente agora que observamos esse aumento”, destaca.
O número de casos e óbitos torna evidente a preocupação da Fiocruz, do coordenador do Infogripe e da comunidade científica.
 
Nas quatro últimas semanas epidemiológicas, a prevalência entre os casos com resultado positivo para vírus respiratórios foi de: influenza A (2,4%), influenza B (1%), vírus sincicial respiratório (11,5%) e Sars-CoV-2/COVID-19 (39%).




 
Entre os óbitos, a presença desses mesmos vírus entre os positivos foi de: influenza A (1,1%), influenza B (1,1%), vírus sincicial respiratório (0%), e Sars-CoV-2/COVID-19 (77%).
Para quem pensa que estamos vivendo no paraíso epidemiológico, os números são um choque de realidade. Certamente, não estamos mais no caos dos dois anos iniciais da pandemia (2020 e 2021). Mas estamos longe de ter o problema resolvido.
 
Também na mesma semana, foram divulgados os dados de cobertura vacinal com a vacina bivalente no Brasil. 
 
A boa notícia para nós, belo-horizontinos, é que BH se destacou como a capital com melhor cobertura vacinal. A má notícia é que tivemos apenas 28% da população vacinada. Certamente, bem melhor que Boa Vista, que teve apenas 7,88% da população com cobertura vacinal atualizada.
Os motivos para essa preocupante situação são vários. Falta de informação, com certeza, é uma das mais importantes. Costumo dizer que quando a informação de qualidade anda mais rápido que a disseminação de uma doença epidêmica, temos grande chance de prevenir uma catástrofe.




 
Também discuto com meus alunos e residentes o “conceito “ de epidemia e surto em países onde a ignorância epidemiológica predomina. Nesses locais, caso a imprensa seja livre, o conceito de epidemia é “quando o problema chega às primeiras páginas dos jornais escritos e televisados”. Ou seja, longe do conceito estatístico e epidemiológico correto.
 
Entretanto, não podemos deixar de tocar numa ferida que está exposta e ainda aberta e dolorida. A perda da credibilidade da população na ciência. Mas isso é pauta para a próxima coluna.


* Para  esse texto, usei como referência o boletim epidemiológico da Fiocruz de 20/9/23.