Jornal Estado de Minas

RASGANDO O VERBO

O 'X' da questão da linguagem não binária

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Não é de hoje que os meus leitores cobram a escrita de um artigo sobre a tal da “linguagem neutra”, também conhecida como “linguagem não binária”. Demorei, porém fi-lo, apesar de não saber se tais requerentes possuem mais interesse pelos meus argumentos ou pelas labaredas linguísticas do desejado “fogo no parquinho”. Mas vamos lá, que, antes de tudo, eu preciso explicar o que vem a ser essa aberração.



Com o intuito de incluir pessoas que não se identificam com nenhum dos dois gêneros existentes, o masculino e o feminino, ativistas – especialmente feministas, transexuais e professores universitários – tiveram a audácia de propor uma “leve” modificação da língua portuguesa: a utilização do @, do x ou da letra e no lugar das designações de masculino e de feminino. Como assim? Não falaríamos todos ou todas, mas tod@s, todes ou todxs, dependendo da vertente politicamente correta em questão. Os que se consideram mais geniais defendem, por exemplo, a substituição de frases como “ele é amigo dele” por “ile é amigue dile”. Uma bobagem inominável.

Antes que me chamem de conservadora (o que sou mesmo), devo lembrar que o argumento segundo o qual a língua é viva e, portanto, passível de modificações não serve de embasamento para os defensores dessa anomalia. Ora, se falamos você no lugar de vossa mercê é porque houve um fenômeno, uma modificação natural da linguagem. E pronto. Ninguém saiu por aí tentando impor uma cartilha sobre um novo modo de dizer ou de escrever.

“Ah, mas a língua portuguesa é machista”, algum incauto há de dizer. Nã-nã-ni-nã-não. A língua portuguesa é predominantemente masculina e singular. E não há machismo nenhum nisso, mas ordem, disciplina e regra, tão em falta nos dias atuais. Se digo que TODOS compareceram, refiro-me a homens, a mulheres, a crianças, a todos, independentemente das orientações sexuais ou das identificações de gênero, ora bolas!

Eu até consigo entender as motivações de quem, por não se identificar com nenhum gênero, faz parte desse pandemônio. Ou dos artistas que, sedentos por pautas novas e por engajamento virtual, vestem a camisa de tamanha idiotice. Mas ver professores de português curvarem-se diante desse modismo é inaceitável. Ver acadêmicos enfiarem suas teorias pela goela abaixo dos estudantes é o fim da picada. O que esperar de professores que, em nome do “politicamente correto”, são capazes de propor a deformação da língua materna? Não sei... Mas de uma coisa estou ciente: as convicções ideológicas estão mais fortes do que o respeito à língua portuguesa. Aqui reside, indubitavelmente, o único x que deve ser levado em consideração, o x da questão.