Jornal Estado de Minas

Rasgando o verbo

A vida é uma piscina

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A vida é uma piscina. Ouvi essa metáfora um dia e nunca mais a esqueci. Aliás, você sabe a definição de metáfora? Essa figura de linguagem ocorre toda vez que fazemos comparações sem articuladores. Ou seja, se eu disser que a vida é como uma piscina, não terei metáfora nenhuma, pois o articulador “como” estará presente. Todavia, se ocorrer a retirada deste, bingo! Terei uma metáfora. 





Voltando à vaca fria, estamos todos nessa piscina, mas nadamos de formas distintas. Comecemos, pois, com os que nadam crawl. Estes, definitivamente, são os indivíduos metódicos, disciplinados e previsíveis, talvez os funcionários públicos. Mais arrojada, a turma daqueles que nadam peito está repleta de indivíduos audazes, como investidores e empreendedores. E os divertidíssimos amantes do nado borboleta? A vida com eles é pura alegria! Detentores de um bom humor inabalável, chegam a ser irritantes. 

Se você não curte solidão, junte-se aos componentes do nado sincronizado. Eles adoram viver em grupo e nunca foram ao cinema sozinhos. Para essa galera, o importante é ter companhia, ainda que enfadonha. Mas interessante mesmo é a turma do nado de costas, que pouco se importa com a vida alheia e faz tudo como deseja. Esses nadadores possuem fama de egoístas, mas, na realidade, são questionadores. Parecem nadar contra a maré, todavia apenas almejam encontrar o próprio caminho.

Há também os que simplesmente não nadam. Encostados na beira da piscina, observam o nado dos outros e fofocam, blasfemam, enchem o saco. Coitados... Não conseguiram criar uma vida para si. Ah! Sabe aquelas pessoas que sempre metem os pés pelas mãos?  Pois é. São os praticantes do nado cachorrinho. O pior é que eles nem sabem o que estão fazendo na piscina. Ansiosos, mal saem do lugar: tentam emplacar vários negócios, mas, por falta de estratégia, nunca alcançam êxito. Existem, ainda, os que não nadam, mas boiam. Estes vivem à custa dos outros, deixando a vida os levar. São mansos. E os mergulhadores? Profundos, costumam enveredar para a poesia, a música, a arte. Geniais, mas um tanto quanto deprimidos. Falando em mergulho, lembrei-me dos que simplesmente se afogam. O que discorrer sobre eles? Apenas que tentaram, mas em vão. 

Eis a função da metáfora: criar desenhos na nossa mente, a fim de que possamos assimilar  conceitos, afirmações, ideias. Seria mais prático simplesmente escrever “Respeite as pessoas”. Mas, na condição de amante das figuras de linguagens, prefiro reiterar que, inexoravelmente, a vida é uma piscina.