Viralizou, na internet, um vídeo em que uma pessoa ensina o uso da linguagem neutra, também conhecida como linguagem não binária. Nas imagens, o indivíduo afirma, por exemplo, que a frase “eles são amigos” deve ser transformada em “iles são amigues” e que algumas palavras finalizadas por “a” e por “o” precisam perder a terminação, concedendo lugar a aberrações como “adulte”, “menine”, “velhe”, “filhe”, “alune” e “todes”. Sim, leitor. Chegamos ao fim dos tempos.
Sei que já discorri sobre o assunto aqui, mas a situação, apocalíptica, pede um olhar atento. Os argumentos dos defensores desse nefasto dialeto bradam, aos quatro ventos, que se trata de um modo de falar necessário a todos, a fim de que ocorra a inclusão social das poucas pessoas que não se identificam com os gêneros masculino e feminino. No que tange a esse pensamento, os vocábulos “todos” e “poucos” já representam, sozinhos, uma senhora contra-argumentação. Ou todos deveriam se curvar diante do desejo de poucos? É óbvio que não.
Falando em obviedade, explicitarei, a seguir, o óbvio ululante, como diria o nosso magnânimo Nelson Rodrigues. Essas ideias absurdas saem justamente dos locais que, em princípio, deveriam produzir seres pensantes, as universidades. Nelas, professores militantes e seus pupilos ineptos criam formas de disseminar suas geniais ideias. O melhor meio? A ultraveloz internet. Daí, leitor, é um pulo para instaurarem os mais diversos absurdos “politicamente corretos”.
Mas o sistema não para por aí. Vamos falar agora do papel das grandes marcas nessa Torre de Babel. Estas, coitadas, tremem como vara verde diante da possibilidade de serem boicotadas pelos ativistas, afinal, o que é uma mudança linguística em um rótulo comparada à perda de milhões de dólares? Nada, não é mesmo? Ah! Fora os artistas, que, majoritariamente, não perdem a oportunidade de parecer preocupados com a causa alheia.
A verdade, leitor, é que estamos vivendo em um inferno de fazer inveja até mesmo em Dante Alighieri... E o diabólico nisso tudo é que os surdos, que tanto precisam de inclusão linguística, em quantidade e em qualidade, não são sequer mencionados pela trupe do “politicamente correto”. A eles resta a aceitação, muda e purgatorial, de uma sociedade histérica, torpe e leviana, cujo discernimento, indubitavelmente, deixa a desejar.