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Homenagem a Nossa Senhora pede crase?

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Domingo foi dia dela. Nossa Senhora recebeu homenagens na Bahia e no Rio Grande do Sul. Na terra de Caetano e Bethânia, ela se chama Iemanjá. Na de Érico Verissimo, Nossa Senhora dos Navegantes. Barcos, flores e presentes enfeitam rios e mares. Em meio aos festejos, pintou uma dúvida. “Homenagem a Nossa Senhora” pede crase?

Não. Crase é o casamento de dois aa. Um é a preposição. O outro, em geral, o artigo. A preposição está lá. Como saber se o nome pede o azinho? Basta começar uma frase com ele:

Nossa Senhora recebe homenagens.



Nossa Senhora não pede artigo. Logo, o acentinho não tem vez. Xô! Assim: Homenagem a Nossa Senhora.

Outro truque
Substitua a palavra feminina por uma masculina. Se no troca-troca der ao, sinal de crase. Caso contrário, nada feito:

Homenagem a Nosso Senhor.

Logo:

Homenagem a Nossa Senhora.

Entra e sai
Ora, ora! O vai e vem não dá folga. Bolsonaro demitiu o segundo da Casa Civil. A demissão foi publicada no Diário Oficial. Horas depois, contratou o demitido para assessoria na Casa Civil. Ouviu gritas de gregos, romanos, troianos, baianos, sergipanos e goianos. Não deu outra. Voltou atrás. Demitiu a criatura. A demissão repercutiu com ironia generalizada. Vale a questão: por que demissão e admissão se escrevem com ss? As duas letrinhas têm a ver com a família. Os verbos do clã terminam em -itir. Os substantivos deles derivados ganham dose dupla: admitir (admissão), demitir (demissão), emitir (emissão), transmitir (transmissão).

Pare e pense
Entre ou dentre? Na dúvida, use entre. Em 99% dos casos você acerta.

Dentre só tem vez quando significa de entre. É substituível por no meio de:

Cristo ressurgiu dentre os mortos. (Cristo ressurgiu do meio dos mortos.)



Tirou uma dentre as cinco frutas. (Tirou uma do meio de cinco frutas.)

Olho vivo! Na tentação de usar dentre, pare, pense e faça o troca-troca. O resultado é um só. Dentre é raro como viúvo na praça.

Pelo retrovisor
Haver é verbo cheio de compromissos. Entre os 1001 empregos, encontra-se a indicação de tempo. Ele sempre olha pra trás. Indica o passado: Trabalho na Câmara há 10 anos. Juscelino inaugurou Brasília há quase 60 anos. A reunião terminou há pouco.

O futuro fica por conta da preposição a: Chego daqui a pouco. Estamos a poucos dias do carnaval. A poucos dias da festa de momo, não sei que fantasia usar.

Mais do mesmo
Há pleonasmos e pleonasmos. Alguns estão na cara. É o caso de subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro, sair pra fora, elo de ligação, países do mundo.



Só se sobe pra cima, só se desce pra baixo, só se entra pra dentro, só se sai pra fora. Todo elo é de ligação. Todos os países são do mundo. Basta subir, descer, entrar, sair, elo e país. Eles dispensam a companhia redundante.

Assim como há os pleonasmos vira-latas, há os nobres. É o caso de há… atrás, que aparece em frases como “Há 10 anos atrás”.

Ora, há indica passado. Atrás também indica passado. Fiquemos com um ou outro: Comecei a trabalhar na Câmara há 10 anos. Dez anos atrás comecei a trabalhar na Câmara.

É isso. Na indicação de tempo, o haver joga no time do eu sozinho. E se sai bem.



Leitor pergunta
Na indicação de percentagem, é preciso repetir o sinalzinho % em todos os números? Ou basta usá-lo no último?
. Lair Cortês, Floripa

Por questão de clareza, o sinal aparece em todos os números: A inflação dos dois últimos anos ficou entre 3% e 4%. O mesmo vale para outras abreviaturas: No fim de semana, rodou de 20km a 40km. Trabalha das 8h às 16h. Compre de 3kg a 5kg de carne.