Dos tempos da vovó
As palavras denunciam a idade da pessoa. O presidente Bolsonaro serve de prova. Ele disse que fez uma “chapa” de pulmão. A moçada ficou a ver navios. Não entendeu. Os avós explicaram: chapa é radiografia.
Conselho de Pope
“Nas palavras e nas modas, observe a mesma regra: sendo novas ou antigas demais, são igualmente grotescas.”
Sinônimas, mas...
Bienal e bianual são sinônimas. Querem dizer a cada dois anos. Mas muita gente confunde os significados. Pensa que bianual quer dizer duas vezes por ano. O dicionário diz que não. Evite mal-entendidos. Use:
Bienal = a cada dois anos: A primeira Bienal de Arte de São Paulo ocorreu em 1951. A deste ano foi cancelada por causa da pandemia.
Semestral = a cada seis meses: Esta revista é semestral. Mas é tão boa que poderia ser trimestral ou mensal.
Uiiiiiiiiiiiiiiiiii!
Paulo Guedes deu entrevista de 2h30 à CNN. Falou sobre a economia pós-covid-19. Citou êxitos passados, frustrações presentes e perspectivas para os próximos anos. Em dado momento, disse que ganhadores do Prêmio “Nóbel” pensam do mesmo jeitinho que ele. Uiiiiiiiiiiiiiiii! Doeu. O ministro pode ter acertado na teoria, mas bateu na língua. Foi um soco de pugilista. A pancada atingiu os ouvidos de gregos e romanos. A razão: Nobel rima com papel e anel. A sílaba tônica é a última – bel.
Outra vítima
Ibero é outra vítima dos falantes descuidados. Muitos teimam em tratar a palavra como proparoxítona. Nem se dão conta de que a coitada não usa grampo nem chapéu. Paroxítona, ibero joga no time de severo e Lutero. A sílaba tônica é a penúltima: O presidente participou do Encontro Ibero-Americano.
De novo?
Subir pra cima, descer pra baixo, entrar pra dentro, sair pra fora, país do mundo, elo de ligação são pleonasmos. Ninguém duvida. Só se sobe pra cima, só se desce pra baixo, só se entra pra dentro, só se sai pra fora, todo elo é de ligação, todo país é do mundo. E repetir de novo é redundância? Depende. Repetir é dizer outra vez. Se a gente só repete uma vez, o de novo sobra. Se mais de uma vez, ufa! É de novo.
Alergia
Rafael e João Marcelo escreveram um livro juntos. Estudantes como milhões de brasileirinhos, os dois estão de quarentena. Nos intervalos das aulas on-line, decidiram contar os sentimentos e as aventuras vividas longe dos colegas, das festas, dos passeios no shopping. Concluída a obra, pintou a dúvida. Eles são co-autores ou coautores? Profissionais nas buscas na internet, consultaram o Google. Descobriram um blogue confiável e pesquisaram. Eis a resposta: o prefixo co- sofre de alergia. Seguido do tracinho, espirra sem parar. Com ele, é tudo colado como unha e carne. É o caso de coautor, coerdeiro, corréu, cooperação.
Leitor pergunta
Em uma roda de amigos, nos envolvemos em discussão acerca dos termos pandemia e epidemia. Foi fácil compreender que o coronavírus joga no time da pandemia. Contudo, o debate ficou acirrado quando trouxemos novas palavras. Aids, suicídio, obesidade são pandemias?
Marcel André, BH
Endemia, epidemia e pandemia se referem a doença contagiosa. Mas não é qualquer doença. É doença que atinge grande número de pessoas:
1. A endemia incide em dada população ou região: A malária é endemia na Amazônia.
2. A epidemia infecta mais de uma cidade, mais de uma região, mais de um estado: A dengue é epidêmica no Brasil porque atinge praticamente todos os estados.
3. A pandemia se espalha por continentes ou pelo mundo: O coronavírus é pandemia de 2020.