Jornal Estado de Minas

"Todos foram unânimes na decisão". Baita pleonasmo

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Recado
“A língua é uma ponte que te permite atravessar com segurança de um lugar para outro.”

Arnold Wesker

Adeus, governador
 
É sina? Talvez. Sai governo, entra governo, o Rio repete a história. Políticos escolhidos nas urnas traem o eleitor. Não por acaso, todos os ex-governadores vivos viram o sol nascer quadrado. Sérgio Cabral continua atrás das grades. Cumpre pena de quase 300 anos. Ufa!





“Vamos mudar”, disseram os fluminenses em 2018. Apostaram em candidato novo cuja bandeira era o combate à corrupção. Mas Wilson Witzel reprisou o enredo. “Fora”, disseram os deputados. E aprovaram o processo de impeachment por 69 a 0.

Ao anunciar o fato, telejornais alardearam: “Todos foram unânimes na decisão”. Baita pleonasmo. Unanimidade é relativo a todos. Melhor ficar com um ou outro: Os deputados foram unânimes. Todos concordaram com o impeachment.

Justiça!
“Estou sendo linchado moralmente”, disse Witzel ao se defender das acusações. Não convenceu. Mas acendeu uma curiosidade. De onde vem a palavra linchar? Vem de Jonh Lynch, colono irlandês da Carolina do Sul. No século 18, ele desempenhava funções de chefe da Justiça naquele estado americano.





Truculento, Lynch recebeu o aval dos concidadãos para executar, sem julgamento, criminosos apanhados em flagrante delito e também os suspeitos de terem feito isto ou aquilo. Passou, então, a prevalecer a justiça pelas próprias mãos. É a tal história que por aqui se recria de vez em quando: bandido bom é bandido morto. Xô!

Eu sozinho
Que coisa! Witzel amarga a mais absoluta solidão na Assembleia Legislativa. Ele está só ou a sós? Só e a sós podem ser sinônimos de sozinho ou sozinha. Mas eles têm manhas:

Só tem singular e plural: Witzel está só. Maria também está só. Witzel e Maria estão sós.

A sós se emprega só no plural: Maria vive a sós. Paulo também vive a sós. Eles preferem viver a sós. Moramos a sós no mesmo apartamento.

Por falar em só…
Vale lembrar o trio por si só, que tem plural: O currículo por si só o recomenda para a função. As referências por si sós o recomendam para a função. As palavras por si sós não provam nada. É importante apresentar os comprovantes.





Conselho
Escrever é mandar recado. Ler é entender o recado. Em bom português: interpretar o texto é entender o que está escrito.

Estimule seu filho a fazer interpretação de texto: na escola, em casa, na rua, na chuva, na fazenda ou na casinha de sapê. Peça pra ele interpretar o gibi, o outdoor, o rótulo do xampu. Ler e entender é a salvação das nossas crianças.

Eis a questão
Circula na internet esta quadra de Silas Fonseca. Leitor atento questionou o uso do e nem:

“Eu do livro não me livro
E nem quero me livrar.
Se do livro eu me livro,
como livre vou ficar?

O quê do porquê
Sabe o porquê da questão? Nem significa e não. Pode-se dizer “não estuda e não trabalha” ou “não estuda nem trabalha”. O sentido se mantém. Por isso é redundante usar e nem em construção como: Eu do livro não me livro (e) nem quero me livrar. Os candidatos ainda não acertaram os contratos (e) nem as equipes. Juliana Paes nunca esteve tão bela (e) nem tão sensual. Ele não saiu (e) nem participou da reunião.





Bem-vinda
E nem nunca tem vez? Tem. No sentido de nem sequer, a duplinha é pra lá de bem-vinda: Ouviu as acusações e nem se abalou. Witzel repetiu o esquema de Sérgio Cabral e nem imaginou que seria apanhado. Ganha pouco e nem se esforça pra ganhar mais.

Leitor pergunta
Abaixo assinado ou abaixo-assinado?

Selma Mascarenhas, Floripa

Abaixo-assinado = o documento: Os manifestantes entregaram o abaixo-assinado ao presidente.
Abaixo assinado = signatário: João da Silva, abaixo assinado, solicita…
Plural: abaixo-assinados, abaixo assinados.