Jornal Estado de Minas

Dicas de português

Há dengues e dengues. Qual a diferença?

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Recado
“Ser simples é sofisticado.”

>>  Mileana Reis


A dengue

O inverno vem aí. Antes veio a chuva. Com ela, os alertas para o risco da água parada. Um mosquito pra lá de esperto adora pratinhos de plantas, piscinas abandonadas, pneus soltos, lixo jogado em ruas da cidade. Lá, o Aedes aegypti promove a festa. Cresce, se multiplica e faz estragos. A picada do inseto contaminado transmite a dengue.





Ops! A vítima sofre. Sente tantas dores nos músculos e articulações que não tem saída. Caminha requebrando. O quadril pra lá e pra cá lembra os caprichos da denguice. Os espanhóis não deixaram por menos. Chamaram a enfermidade de dengue. Nós os seguimos.

O dengue
Há dengues e dengues. Um é faceirice, feitiço, requebro. Criança mimada é cheia de dengues. Dengosa que só. Outro é a enfermidade.

Olho vivo! A doença é feminina. O dengo, masculino: A dengue preocupa o governo na época da chuva. O dengue é a marca de crianças mimadas. E de marmanjos também.

O transmissor

Como escrever o nome do mosquito transmissor da dengue? O malvado se chama Aedes aegypti. Escreve-se em itálico. Aedes tem inicial maiúscula; aegypti, minúscula.

Regra

A regra não se restringe ao Aedes aegypti. Abrange os nomes científicos. O primeiro elemento tem inicial grandona; o segundo, pequenina. Ambas se grafam em itálico: Coffea arabica (café), Rhea americana (ema).




Dengoso & cia.

Por que dengoso se grafa com s? Porque é adjetivo derivado do substantivo dengo. A língua oferece exemplos pra dar e vender: sabor (saboroso), calor (caloroso), glória (glorioso), grande (grandioso), labor (laborioso), fúria (furioso).

Golpe

O BBB Rodrigo Mussi sofreu um acidente de carro. Está internado. A notícia correu. Golpistas aproveitaram o momento de fragilidade para extorquir dinheiro da família. Alegaram que precisavam comprar remédio pra vítima. Falso. Mas vale falar do verbo extorquir.

Extorquir

Há verbos dose dupla. Exigem objeto direto e indireto. É o caso de extorquir. Extorque-se alguma coisa de alguém. Por pão-durismo, há os que omitem o alguma coisa. Aí, mudam a função do alguém. Ele vira objeto direto. É a receita do cruz-credo.





Quer ver? Fiscais extorquiram o empresário. Nada feito. Melhor dar a César o que é de César: Fiscais extorquiram dinheiro de empresário. O chefe extorquiu o segredo. Extorquiram a fórmula ao farmacêutico.

Eles disseram

“Se o contratarem para varrer a rua, varra como Shakespeare escreveu, como Beethoven compôs e como Michelangelo esculpiu.” (Michael Jordan)

De frente não

“Chuvas têm de ser encaradas de frente”, disse o entrevistado do Jornal Nacional. Baita redundância. Encarar só pode ser de frente. Melhor dispensar o pra frente. Fique com encarar. Se quiser reforço, pode ser encarar com firmeza, encarar com determinação.

Sobra

Palavras de Bolsonaro: “O ministro da Defesa se destaca porque tem a tropa em suas mãos”. Reparou? O possessivo sobra. Se sobra, pede descarte. Xô! Assim: O ministro da Defesa se destaca porque tem a tropa nas mãos.




Petrobras

Petrobras deveria ter acento. Oxítona terminada em a (seguida de s), pede grampinho como sofá (sofás), está (estás), cajá (cajás). Mas, quando se internalizou, a empresa tirou o agudo para a grafia ficar mais perto do inglês.

Leitor pergunta

Vejo escrita dos dois jeitos: ora internet aparece com inicial maiúscula, ora minúscula. Qual a grafia correta?

>> Samantha Gercia, Rio de Janeiro

Internet segue o exemplo das demais mídias (rádio, televisão, jornal). Escreve-se com a inicial pequenina.