Bolsonaro bateu asas e voou. Foi a Londres e depois a Nova York. Nos States, discursou na ONU. Lá pelas tantas, disse que o ex-ministro da Agricultura Alysson Paulinelli merece receber o Prêmio Nobel. Acertou no diagnóstico, mas tropeçou na pronúncia.
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Elizabeth II se foi, deixando uma série de dúvidas para súditos brasileirosMãozinhas postas substituíram o obrigado. Vamos combinar? É uma chaticeBolsonaro é presidente candidato ou candidato presidente?Lula ou Bolsonaro será ou serão presidente pelos próximos quatro anos?Neste domingo, vote na língua pátriaPor falar em pronúncia...
O ditongo -ui de gratuito se pronuncia como o de circuito ou fortuito. O i soa juntinho do u.
Daqui a pouco
Domingo próximo vamos às urnas. Estamos a uma semana das eleições. Viu? Tempo futuro se indica assim mesmo – com a preposição a.
Tempo passado joga em outro time. Escreve-se com h: Há quatro anos os brasileiros elegeram presidente, governadores, senadores e deputados.
Mais bem
As pesquisas viraram febre. Todos os dias sai uma. Os números não surpreendem. Eles praticamente se repetem. O que surpreende é o tropeço de repórteres e apresentadores.
Ao anunciar o resultado, falam em “melhor colocado”. Nada feito. A confusão vem de longe. Professores, quando ensinam melhor e pior, dizem que as formas mais bem e mais mal não existem. É meia verdade. Mas os mestres se esquecem de falar na outra metade. Trata-se do particípio – os verbos terminados em -ado e -ido: amado, vendido, partido.
Antes dessa forma verbal, mais bem e mais mal pedem passagem: Nas pesquisas, Lula é o candidato mais bem colocado. As francesas são as mulheres mais bem vestidas da Europa. A redação mais bem escrita tira a nota máxima. A mais mal redigida tira a nota mínima.
Melhor e pior
Não se trata de particípio? Relaxe. O melhor e o pior deitam e rolam sem concorrência: Paulo come melhor do que Maria. Saiu-se melhor na prova final do que nos testes parciais. Foi o pior aluno da turma, mas apresentou o melhor trabalho.
Primavera
Setembro trouxe a primavera e deixou um recado. As estações do ano se escrevem com a inicial minúscula: primavera, verão, outono, inverno.
Tanto faz
“O Copom manteve a taxa de juros”. Juro ou juros? Tanto faz. Você escolhe.
Onde
Candidatos a cargos eletivos não faltam. Promessas também não. Paulo Octavio disputa o governo do Distrito Federal. No programa eleitoral obrigatório, disse que sua administração será “um governo onde nossos estudantes tenham um tablet na mão”.
Tropeçou no erro mais cometido por redatores. É o emprego do onde. Jornalistas, advogados, professores batem no advérbio. Como escapar da enrascada? Pra acertar sempre, lembre-se: o onde indica lugar físico, palpável. Veja:
A cidade onde moro tem 3 milhões de habitantes.
O onde se refere à cidade. Cidade é lugar físico.
Gonçalves Dias escreveu:
“Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá.”
O onde está no lugar de palmeiras. Palmeiras é lugar físico. Nota 10.
Em que
Agora leia esta frase:
No encontro dos governadores, onde se discutiram as propostas, ouviram-se muitas opiniões, mas nenhuma solução.
O onde se refere a encontro. Encontro não é lugar físico, concreto, palpável. Então, o onde não tem vez. A duplinha em que pede passagem:
Na discussão dos governadores, em que se discutiram as propostas, ouviram-se muitas opiniões, mas nenhuma solução.
É o caso da frase de Paulo Octavio “um governo onde nossos estudantes tenham um tablet na mão”. Governo não é lugar físico. Vem, em que.
Leitor pergunta
Mal estar ou mal-estar?
Jonas Eduardo, Viamão
Mal-estar se grafa com hífen. Bem-estar também.