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Estado de Minas DICAS DE PORTUGUÊS

Lula ou Bolsonaro será ou serão presidente pelos próximos quatro anos?

Se indicar exclusão ou sinonímia, o verbo vai para o singular. Se exprimir inclusão, o verbo vai para o plural


09/10/2022 08:55 - atualizado 09/10/2022 09:02

Dad  Squarisi

Lula e Bolsonaro em fotomontagem
Lula e Bolsonaro disputam o segundo turno das eleições presidenciais no Brasil (foto: Evaristo Sá e Carl de Souza/AFP)


Reta final. Dia 30, os brasileiros vão escolher o presidente da República. E, em alguns estados, os governadores. Candidatos e eleitores têm um comportamento comum. Ficam de olho nas pesquisas. A divulgação dos levantamentos alegra uns e entristece outros. Ao falar no assunto, ambos têm uma preocupação – a concordância. Como fica o verbo em construções como 75% da população, 1% dos votos, 20% das mulheres? Singular ou plural?

A concordância de percentagem joga no time dos partitivos. O verbo pode concordar com o número ou com o nome: 75% da população votaram (concorda com 75). 75% da população votou (concorda com população). 1% dos votos foi anulado (concorda com 1). 1% dos votos foram anulados (concorda com votos).

Limite 1

Lembre-se de pormenor pra lá de importante. A generalização é burra. O verbo tem de concordar com o núcleo do sujeito ou o complemento. Às vezes, ambos são do mesmo número. Aí, adeus, escolha. Veja: 1% da população permanece indecisa. (O número é 1, singular. O nome é população, singular). 20% das mulheres declararam a preferência. (O número é 25, plural. O complemento, mulheres, plural.)

Limite 2

Às vezes, o número deixa a solteirice pra lá. Convida o artigo ou o numeral para juntar os trapos. Acompanhado, ele fica forte como Zeus no Olimpo. A concordância se fará só com ele: Uns 15% da população continuam indecisos. Os 10% do corpo docente mais qualificado se aposentam este ano. Este 1% de insatisfeitos tumultuará o processo.

Moral da opereta

Ao lidar com percentagem, todo o cuidado é pouco. A concordância pode enganar como pesquisa eleitoral. Olho vivo!

Ou... ou

Lula ou Bolsonaro... ops! será ou serão presidente do Brasil pelos próximos quatro anos? Com os núcleos ligados pelas conjunções ou…ou, é necessário verificar a relação estabelecida:

1. Se indicar exclusão ou sinonímia, o verbo vai para o singular: Ou um ou outro será presidente do Brasil. (Lembre-se: só há uma vaga na cadeira do Palácio do Planalto.)

2. Se exprimir inclusão (= e), o verbo vai para o plural: Casamento ou divórcio são regulamentados por lei.

3. Se for retificação, o verbo concorda com o núcleo mais próximo: Os autores ou o autor da melhor reportagem receberá o prêmio. O autor ou os autores da melhor reportagem receberão o prêmio. Ele ou nós redigiremos o requerimento.

Mais do mesmo

“Por unanimidade, toda a diretoria do PDT decidiu apoiar Lula”, disse o repórter. Viu? Baita pleonasmo. Se o apoio foi por unanimidade, o toda sobra: Por unanimidade, a diretoria do PDT decidiu apoiar Lula.

Colaboração

André Gustavo é leitor voraz. Curioso, diversifica os temas aos quais dedica tempo e atenção. É dele esta mensagem compartilhada com a coluna: “Estou lendo um livro muito interessante, “O chamado da tribo”, do Vargas Llosa (Objetiva). É uma coleção de biografias de autores que tiveram grande influência sobre ele. Mas me lembrei de falar com você sobre o livro porque na biografia de Adam Smith ele utiliza a palavra irrito, com acento agudo no primeiro i. Fui ao dicionário e verifiquei que existe: significa nula, sem efeito. Conhecia?”

Leitor pergunta

Debaixo ou de baixo?

Debaixo = sob (debaixo da mesa, debaixo do tapete).

De baixo se usa nos demais casos: de baixo pra cima, roupa de baixo.

Recado

“Nas palavras e nas modas, observe a mesma regra: sendo novas ou antigas demais, são igualmente grotescas.”
Pope

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