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DICAS DE PORTUGUÊS

Juro ou juros? Ambos doem do mesmo jeito no bolso...

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O banco central dos Estados Unidos aumentou a taxa básica de juros americana. Ao dar a notícia, pintou a dúvida. Juro ou juros? Tanto faz. No singular ou plural, o significado se mantém. A concordância acompanha o número: O juro dos Estados Unidos baixou. Os juros dos Estados Unidos baixaram.

Bloqueios

Caminhoneiros inconformados com o resultado das urnas promoveram manifestações Brasil afora. Entre elas, o bloqueio de estradas. Trouxeram às manchetes o verbo bloquear. Ele se conjuga como passear e presentear. Assim: eu passeio (presenteio, bloqueio), ele passeia (presenteia, bloqueia), nós passeamos (presenteamos, bloqueamos), eles passeiam (presenteiam, bloqueiam).




Família

Os bloqueios tiraram dúvidas linguísticas. Uma das questões trazidas à tona é a palavra repressão. Por que os ss? O substantivo derivado do verbo terminado em -imir grafa-se com ss. É o caso de reprimir (repressão), suprimir (supressão), comprimir (compressão), imprimir (impressão).

Trans-

Terminada a eleição e proclamado o resultado das urnas, é hora de dar passagem à transição. O candidato eleito se prepara para tomar posse com pleno conhecimento da situação nacional. Daí se nomear a equipe de transição. Aí, um cuidado se impõe. O prefixo trans rejeita sempre o hífen: Transamazônica, transregional, transcontinental.

Contagiosa

A CNN comentava as manifestações pós-eleição. Uma das participantes disse que “poderiam haver bloqueios nas estradas”. Esqueceu-se de pormenor pra lá de importante. A impessoalidade do verbo haver é contagiosa. Abrange os auxiliares: Haveria manifestações nas estradas. Poderia haver manifestações nas estradas. Vai haver manifestações nas estradas.




Por quê?

“O desbloqueio de estradas foi feito à força.” Por que a crase? Nem sempre o grampinho resulta da fusão de dois aa. Às vezes, a clareza fala mais alto. Apela-se, então, para a falsa crase. Usa-se à. É o caso de vender à vista. Aí, não ocorre o encontro dos dois aa. No tira-teima, fica clara a ausência do artigo: vender a prazo.

Por que o à? Para evitar mal-entendidos. Sem o acento, poder-se-ia entender que se quer vender a vista (o olho). O mesmo ocorre com bater à máquina. Sem o grampinho, parece que se deu pancada na máquina.

Quando ocorre duplo sentido? Geralmente nas locuções que indicam meio ou instrumento: Matou-o à bala. Feriram-se à faca. Escreve à tinta. Feito à mão. Enxotar à pedrada. Fechar à chave. Matar o inimigo à fome. Entrar à força. O desbloqueio foi feito à força.





O aceno é obrigatório? Ou só tem vez em caso de ambiguidade? Sem risco de duas interpretações, fica a gosto do freguês. Mas há forte preferência pela falsa crase. Com ela, não dá outra. É acertar. Ou acertar.

Leitor pergunta

O Palmeiras é campeão do Brasileirão 2022. O feito merece aplausos e um esclarecimento. Qual a origem da palavra campeão?
.Regina Maria, Santos

A palavra campeão nasceu na Alemanha. Quando usava fraldas, tinha significado muito especial. Designava o cavaleiro medieval que combatia em campo fechado em defesa de uma causa. Não raro a causa era uma mulher. Naquele tempo, o apaixonado matava. Não a amada. Mas o rival. Depois, campeão alargou o sentido. Passou a dar nome aos vencedores de competições, esportivas ou não: O Palmeiras é campeão nacional. Lula é campeão votos no Brasil.

Recado

“O homem comum fala, o sábio escuta, o tolo discute.”

Adágio oriental