Casos de dengue aumentam nos meses chuvosos. Valha-nos, Deus! Todo o cuidado é pouco. A prevenção é o melhor remédio. Entre as medidas a serem tomadas, uma se impõe. É conhecer as manhas da doença. Primeiro, o gênero. Depois, a etimologia. Guarde isto: A doença é feminina. O dengo, masculino: A dengue preocupa o governo na época da chuva. O dengue é a marca de crianças mimadas. E de marmanjos também.
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Transmissor
Como escrever o nome do mosquito transmissor da dengue? O malvado se chama Aedes aegypti. Escreve-se em itálico. Aedes tem inicial maiúscula; aegypti, minúscula. Nome científico escreve-se assim – a primeira palavra tem inicial maiúscula; a segunda, minúscula. A dupla sempre ganha destaque. No caso, grafa-se em grifo. As letrinhas aparecem deitadas, dengosas que só.
Proliferar
“A larva pode se proliferar”, escreveu o jornal. A matéria falava do avanço da dengue em Brasília. Chamava a atenção para o risco da água parada. O Aedes aegypti fica de olho no líquido. Lá cresce, aparece e se multiplica. Pois é. O repórter se esqueceu de um pormenor apenas. Proliferar é verbo solitário. Não aceita o pronome nem coberto de ouro, rubis e esmeraldas: A larva pode proliferar.
Pode?
Que susto! Deu na TV: “José Rainha extorquia produtores de terra”. Pedia dinheiro para não invadir propriedades alheias. Foi preso. É isso. Extorquir não é lá coisa boa. Significa obter por violência, ameaças ou ardis. O verbo tem uma manha. Seu objeto direto tem de ser coisa. Nunca pessoa. Extorque-se alguma coisa. Não alguém: José Rainha extorquia dinheiro de produtores rurais. A polícia tentou extorquir o segredo. Extorquiram a fórmula ao cientista.
Conjugação
Filha dos homens, que são filhos de Deus, a língua persegue a excelência. O verbo é seu principal instrumento. Ele fala. Dá o recado. Com ele mostramos as nuanças de pessoa, tempo e modo. Pra chegar lá, impõe-se conjugá-lo como mandam os mestres. Os regulares não oferecem problema. As ciladas se encontram nos irregulares. Um deles é extorquir.
Eta verbinho mau caráter. Olho nele. Conjugue-o só nas formas em que o qu for seguido de e ou i (extorque, extorqui, extorquirá, extorquiria, extorquiremos etc. e tal). Eu extorquo, que eu extorqua? Nem pensar. O qu vem seguido de o e a. Xô, criaturas traiçoeiras.
Maus-tratos
O “Jornal Hoje” de segunda anunciava que a vacina bivalente estava à disposição do público. Na telinha, escreveu: “1,3 milhões de doses aplicadas”. Deu a informação, mas maltratou a língua. A concordância de milhão, bilhão, trilhão & cia. se faz com o número que vem antes da vírgula: 1,32 milhão, 1,58 bilhão, 2,1 trilhões, 10,35 milhões.
Elas & eles
Em 8 de março se comemorou o Dia Internacional da Mulher. A mídia abriu generosos espaços para tratar do assunto. Um dos temas mais presentes foi o assassinato de mulheres pelo simples fato de serem mulheres. Foram 1.410 feminicídios em 2022. Por quê? Um articulista afirmou que homens sofrem de ginofobia. A palavra tem duas partes. A primeira, gino, vem do grego gyné, que significa mulher. A segunda, fobia, tem a mesma origem. Quer dizer medo avassalador. O ginofóbico, pois, morre de medo de mulher.
Leitor pergunta
O ditongo ói me confunde. Ora aparece com acento (herói). Ora sem (joia). Por quê?
• Elias Sousa, Gama
A reforma ortográfica só mirou as palavras paroxítonas. É o caso de joia (joi-a). As oxítonas se mantiveram acentuadas. Herói, corrói, destrói servem de exemplo.