Nunca dei muita importância ao poder, mas outro dia descobri o quanto ele é importante. Como faz bem ter poder. O poder de estar sempre rodeada de amigos, mesmo que neste momento mais virtuais do que presenciais. O poder de deitar sem culpas que remoem o sono e causam pesadelos.
O poder de ser mulher sem carregar uma cruz. De me horrorizar com fantasmas jurídicos que saem do porão, para matar mulheres “em legítima defesa da honra”. O poder de andar de saia ou de calças compridas. O poder de ser livre, de não fazer o que os outros querem que eu faça. O poder de trabalhar ou, se preferir, ficar em casa sem fazer absolutamente nada.
O poder de ser mulher sem carregar uma cruz. De me horrorizar com fantasmas jurídicos que saem do porão, para matar mulheres “em legítima defesa da honra”. O poder de andar de saia ou de calças compridas. O poder de ser livre, de não fazer o que os outros querem que eu faça. O poder de trabalhar ou, se preferir, ficar em casa sem fazer absolutamente nada.
O poder de dançar até ficar exausta, mesmo que sozinha na sala de visitas. E, de preferência, com a música Odara, de Caetano Veloso, ou a de Arnaldo Antunes, que diz assim sobre o envelhecer: “Não quero morrer/pois quero ver/como será envelhecer/eu quero é viver pra ver qual é/e dizer venha/para o que vai acontecer./Eu quero que o tapete voe/no meio da sala de estar/eu quero que a panela de pressão pressione/e que a pia comece a pingar/eu quero que a sirene soe/e me faça levantar do sofá/eu quero pôr Rita Pavone/no ringtone do meu celular”.
Descobri que o poder de tomar outro caminho quando for preciso é o maior de todos os poderes, capaz de curar dor de cabeça e coluna torta, estresse e ansiedade.
O poder de mudar de rumo, de ser dona do próprio corpo, senhora de si, de arbitrar sobre a própria vida e mudar tudo no segundo tempo, sem prorrogação. O poder de virar tudo de pernas para o ar, de abrir o baú da memória. Ou de jogar tudo fora. A alma não suporta lixo.
O poder de mudar de rumo, de ser dona do próprio corpo, senhora de si, de arbitrar sobre a própria vida e mudar tudo no segundo tempo, sem prorrogação. O poder de virar tudo de pernas para o ar, de abrir o baú da memória. Ou de jogar tudo fora. A alma não suporta lixo.
Foi há pouco tempo que vi como o poder é bom. O poder de estar disponível para uma conversa no meio da rua, mesmo que o outro fale pelos cotovelos. O poder de ajudar o outro quando for preciso. O poder de trabalhar com o que gosto e ter a certeza de que jamais vou me aposentar de mim mesma.
Dia desses pensei como desejo o poder. O poder de perdoar a mim mesma e aos outros, de não guardar nenhuma mágoa no coração, dessas que ficam pingando feito veneno de cascavel dentro da gente. O poder de me apaixonar sempre, sem perder o jeito, sem medo.
Mas não se enganem: posso me apaixonar por um poema, por um cachorro, pelos ipês floridos nas ruas de BH, por uma música que evoca outras épocas, sem saudosismo, porque essas de agora, credo, não me inspiram em nada.
Mas não se enganem: posso me apaixonar por um poema, por um cachorro, pelos ipês floridos nas ruas de BH, por uma música que evoca outras épocas, sem saudosismo, porque essas de agora, credo, não me inspiram em nada.
O poder de fazer parte de uma família universal, com amigos pra lá de especiais. O poder de viajar sem sair do lugar. Mesmo sem dinheiro nenhum, ser a mais poderosa das pessoas. O poder de fazer da vida um ritual de todo dia, sagrado e, por que não, profano? O poder de ter projetos, mesmo que eles não se cumpram.
Gosto do poder. Ah, como ambiciono o poder secreto de conversar com Deus, sem precisar de interlocutores. Como gosto do poder de falar a linguagem das crianças que ainda estão descobrindo o mundo.
O poder de interagir com os jovens que continuam à minha volta e sempre me afagam com gestos ternos: um Cd de Bethânia cantando com a cubana Omara, ou de Amy Westinthouse dentro de uma caixa colorida. Ou um livro de cartas de Cecília Meireles, mimos que só os jovens poderosos sabem dar.
O poder de interagir com os jovens que continuam à minha volta e sempre me afagam com gestos ternos: um Cd de Bethânia cantando com a cubana Omara, ou de Amy Westinthouse dentro de uma caixa colorida. Ou um livro de cartas de Cecília Meireles, mimos que só os jovens poderosos sabem dar.
Ah, como gosto do poder de ser mãe, mesmo que o filho já não precise mais de mim. Hoje, preciso mais dele do que ele de mim. O poder de ter gerado outra vida é impagável. O poder de carregar o amanhã com tanta graça, de dar colo, mesmo que o filho já não caiba mais nele.
Ah, como me emociono com o poder de escrever, de emocionar pessoas. Ah, como é delicioso o poder de ser o que você quer ser. Já no crepúsculo da vida, mais parecida com um fusca velho sem peças de reposição, sou grata por estar envelhecendo. Mas ainda pretendo fazer a revolução dos velhos!
Ah, como me emociono com o poder de escrever, de emocionar pessoas. Ah, como é delicioso o poder de ser o que você quer ser. Já no crepúsculo da vida, mais parecida com um fusca velho sem peças de reposição, sou grata por estar envelhecendo. Mas ainda pretendo fazer a revolução dos velhos!
O poder de reconhecer que não me falta nada e de agradecer por tudo o que a vida me dá. O poder de reconhecer que sou uma pessoa de sorte e que sou mais do que desejei ser. O poder de continuar depois de tudo, até dos vendavais e incêndios Dos meus próprios naufrágios.
O poder de estar sobrevivendo à COVID-19. O poder de ver chegar um dia depois do outro. O poder de ser múltipla em uma só, de ser passado, presente e futuro. De viver o agora intensamente, sem pensar no passado e não estar nem aí para o futuro.
O poder de estar sobrevivendo à COVID-19. O poder de ver chegar um dia depois do outro. O poder de ser múltipla em uma só, de ser passado, presente e futuro. De viver o agora intensamente, sem pensar no passado e não estar nem aí para o futuro.
O poder de me relacionar com outras pessoas por afeto. Ah, como almejo todo esse poder!