(none) || (none)
Publicidade

Estado de Minas

População LGBTQIAP+ e o 'armário corporativo'

Mesmo vivendo suas vidas de maneira autêntica com amigos e família, muitas pessoas sentem que precisam 'voltar para o armário' no ambiente de trabalho


09/05/2023 10:00 - atualizado 09/05/2023 10:39
1523

Montagem com várias imagens: uma com várias pessoas balançando a bandeira LGBTQIAP+, uma com a bandeira trans, uma com a bandeira LGBTQIAP+, uma com duas mãos juntas, com cada letra da sigla 'LGBTQI+' escrita em um dedo, e outra com duas marcas de tinta de mãos nas cores do arco-iris segurando um coração
(foto: Reprodução)

Você já ouviu falar que o ambiente de trabalho é o “último armário” para muitas pessoas LGBTQIAP+? Por mais que outras instituições sociais, como a família a escola, sejam também espaços de repressão às vivências dessa comunidade, é no ambiente de trabalho que grande parte das pessoas LGBTQIAP encontram a maior dificuldade para viver de maneira autêntica. Muitas vezes, essas pessoas já não estão mais “no armário” para a família e amigos, porém “voltam ao armário” durante as horas em que estão nas empresas em que trabalham.
 
Essa situação não se dá à toa. Uma pesquisa realizada pela Santo Caos com representantes de recursos humanos de empresas de 14 estados brasileiros revelou que 38% das instituições têm restrições para contratar pessoas LGBTQIAP , por mais aptas que elas estejam para realizar o trabalho. Essa mesma pesquisa mostra que 54% dos entrevistados acreditam que exista discriminação contra pessoas LGBTQIAP nas suas empresas, mesmo que ela seja velada, não expressada abertamente. 

Barreiras à progressão na carreira

Pesquisa realizada pelo Vagas.com também mostra que há menos oportunidades para que essas pessoas cheguem a cargos de liderança. Enquanto 10% dos cargos de base são ocupados por pessoas que se autodeclaram LGBTQIAP , essa comunidade ocupa apenas 6% dos cargos de liderança. Quando olhamos para o topo da carreira executiva, o dado é mais alarmante: elas ocupam somente 0,5% dos cargos de CEO das 500 maiores empresas do mundo. Esse número mostra que há barreiras para a progressão, o que também faz com que pessoas entrem no “armário corporativo” para que não percam oportunidades de promoções devido ao preconceito das pessoas tomadoras de decisões das empresas.
 
Devido ao preconceito vivenciado no local de trabalho e à falta de representatividade, entre outros fatores, muitas pessoas ainda sentem que não podem ser elas mesmas nas empresas em que atuam. Pesquisa da consultoria Accenture mostra alguns dados dessa realidade, considerando empresas de 20 países, inclusive o Brasil:
  • Apenas 31% das colaboradoras e colaboradores LGBTQIAP falam abertamente de sua orientação afetivo-sexual ou identidade de gênero no ambiente de trabalho.
  • Apenas 13% das colaboradoras e colaboradores LGBTQIAP estão confortáveis para falar sobre as suas identidades com seus gestores ou gestoras.
  • 81% de profissionais LGBTQIAP acreditam que ainda falta muito para as empresas acolherem melhor esse grupo de pessoas. 

O “armário corporativo”

O LinkedIn também conduziu uma pesquisa sobre o tema. No levantamento Proud at Work, foram entrevistados 1088 trabalhadores brasileiros, de todas as regiões do Brasil. Quando os colaboradores LGBTQIAP que “estão no armário” no ambiente corporativo foram perguntados sobre o porquê de manter esse segredo, os respondentes apresentaram principalmente quatro justificativas: “não vejo necessidade”, “não gosto de falar sobre minha vida pessoal no trabalho”, “ninguém sabe da minha orientação sexual dentro ou fora do trabalho” e “medo de sofrer represálias”. 
 
Além dessas justificativas, as outras respostas mostram a dificuldade dessas pessoas assumirem quem são e se sentirem integradas em conversas normais do dia a dia. Pessoas heterossexuais assumem, naturalmente, a sua orientação afetivo-sexual ao dizer frases como “ontem eu, minha esposa e minha filha fomos ao aniversário da minha sogra” ou “eu e minha namorada vamos passar férias na praia”. 
Essas frases, se ditas por um homem heterossexual, deixam explícita a sua orientação afetivo-sexual e ninguém pensa que isso é uma exposição desnecessária. Por que, então, seria uma exposição desnecessária se elas fossem ditas por uma pessoa LGBTQIAP ? Há toda uma LGBTQIAP fobia estrutural que fez, ao longo do tempo, muitas pessoas não ouvirem e/ou não falarem sobre o tema com naturalidade. 

Mês do orgulho e o letramento nas organizações

Estamos iniciando um bimestre muito importante para a equidade e respeito à população LGBTQIAP . No mês de maio temos, no dia 17, o Dia Internacional de Combate à LGBT fobia. Junho é conhecido como o Mês do Orgulho. No dia 28/06 temos o Dia do Orgulho LGBTQIAP .
São dois meses em que a pauta fica em mais evidência e nos quais as empresas costumam fazer mais ações para contribuir para que tenhamos mais respeito e valorização da diversidade sexual e de gênero. A gente quer que esse trabalho seja realizado o ano inteiro, mas é muito relevante ter essas datas para marcar esses espaços de discussão e colaboração.
 
Que ações a empresa em que você trabalha pode fazer para que o clima organizacional seja de mais inclusão e ajudar a abrir o “armário corporativo” para que todas as pessoas possam participar de maneira autêntica das interações no ambiente organizacional? 

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)