Com pouco mais de 20 anos de idade voltei minhas leituras para escritoras mulheres e, a partir daí, mesclei interesses acadêmicos e pessoais. Adentrei-me no universo literário de Simone de Beauvoir e Camila Paglia para entender o papel da mulher na sociedade e no mercado de trabalho; posteriormente direcionei meu interesse para mulheres mais enigmáticas como Clarice Lispector, Virginia Wolf, Florbela Espanca e mais recentemente atrai-me pela literatura cortante de Leila Slimani e Svetlana Alexievitch.
O universo feminino é algo sempre a ser desvendado. A começar pelo corpo cheio de curvas, que reflete sua maneira de conduzir escolhas e afetos, em contraponto ao masculino, mais reto, lidando de forma direta e objetiva com suas questões. As esculturas de Camille Claudel e Rodin são ótimas expressões da diferença entre os traços que marcam questões de gênero e se refletem na arte: Claudel, artista singular (tratada como louca!) apresenta em suas esculturas marcante sensibilidade de um olhar feminino.
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Mulheres e servidores com filhos pequenos são mais impactados no teletrabalhoExpectativa de vida das mulheres continua acima da dos homens, diz IBGEQuase metade dos lares brasileiros são sustentados por mulheresA maternidade muda a noção da finitude O enterro das estatísticas oficiaisCOVID-19: Desemprego, desalento e luto #CompreDelas: campanha incentiva a compra de trabalhos femininos Quem são as (poucas) mulheres que batizaram crateras da LuaMunicípios com eleitor mais conservador têm menos políticas para proteger mulheres da violência, mostra estudoA arte, em suas diversas formas, é instrumento de expressão dos sujeitos e precisa de espaços sociais para lhe garantir forma e vida. E são nesses mesmos espaços sociais que os sujeitos constroem suas relações de afeto e de saber. É no mercado de trabalho que diversas expressões do saber se manifestam.
Neste dia 08 de março de 2021, adentrando no segundo ano da pandemia da COVID-19, com as sociedades exauridas pelos desafios impostos à uma vida com restrições para se viver, no mínimo duas evidências são motivos de grande reflexão para as mulheres: a primeira diz respeito à exímia condução dessa crise sanitária por duas chefes de Estado, Angela Merkel e Jacida Ardern; e, a segunda, à deflagração da condição de maior vulnerabilidade imposta às mulheres. Foram elas as mais sacrificadas, encerraram o ano com taxa líquida negativa de contratação e viram-se no desafio de trabalhar e cuidar dos filhos que já não tinham mais as escolas e creches em funcionamento.
Neste dia 08 de março de 2021, adentrando no segundo ano da pandemia da COVID-19, com as sociedades exauridas pelos desafios impostos à uma vida com restrições para se viver, no mínimo duas evidências são motivos de grande reflexão para as mulheres: a primeira diz respeito à exímia condução dessa crise sanitária por duas chefes de Estado, Angela Merkel e Jacida Ardern; e, a segunda, à deflagração da condição de maior vulnerabilidade imposta às mulheres. Foram elas as mais sacrificadas, encerraram o ano com taxa líquida negativa de contratação e viram-se no desafio de trabalhar e cuidar dos filhos que já não tinham mais as escolas e creches em funcionamento.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, no último dia 04, os Indicadores sociais das mulheres no Brasil - 2a edição, com resultados relativos ao ano de 2019. As mulheres apresentaram melhor performance educacional e eram maioria nos cursos das áreas de ciências biológicas e afins (68,1%), bem como nas ciências físicas (50,2%), porém ainda grande minoria em engenharia e profissões correlatas (24%).
Muito embora 19,4% das mulheres com mais de 25 anos de idade possuíssem nível superior de escolaridade, ante 15,1% dos homens, sua participação em cargos gerenciais era de 37,4%.
Acrescida à desproporção de ocupação tem-se as disparidades salariais: nos cargos de diretoria e gerência, assim como nos de profissionais das ciências e intelectuais, os homens auferiram rendimentos, em média, cerca de 60% superior às mulheres.
Na vida pública, mulheres representavam 14,8% do total de parlamentares na Câmara dos Deputados e 16% nas câmaras de vereadores.
Na divisão doméstica do trabalho, elas dedicavam número médio de 18,5 horas semanais enquanto os homens despendiam 10,4 horas semanais de seu tempo nos mesmos afazeres. Na distribuição setorial, 85,1% das mulheres trabalhavam nos serviços, 10,7% na indústria e 4,1% na agricultura. Já os homens se distribuíam de maneira menos disforme, com 59,5% nos serviços, 27,4% e 13,0%, na indústria e na agricultura, respectivamente.
Para reforçar o coro das disparidades, o mais recente resultado do cálculo do déficit habitacional do País, divulgado pela Fundação João Pinheiro e o Ministério do Desenvolvimento Regional, no dia 05, aponta que, em 2019, o componente ônus excessivo com aluguel urbano, responsável por 51,7% do déficit habitacional total, recaiu predominantemente (62%) sobre os domicílios cujo responsável era mulher.
Muito embora 19,4% das mulheres com mais de 25 anos de idade possuíssem nível superior de escolaridade, ante 15,1% dos homens, sua participação em cargos gerenciais era de 37,4%.
Acrescida à desproporção de ocupação tem-se as disparidades salariais: nos cargos de diretoria e gerência, assim como nos de profissionais das ciências e intelectuais, os homens auferiram rendimentos, em média, cerca de 60% superior às mulheres.
Na vida pública, mulheres representavam 14,8% do total de parlamentares na Câmara dos Deputados e 16% nas câmaras de vereadores.
Na divisão doméstica do trabalho, elas dedicavam número médio de 18,5 horas semanais enquanto os homens despendiam 10,4 horas semanais de seu tempo nos mesmos afazeres. Na distribuição setorial, 85,1% das mulheres trabalhavam nos serviços, 10,7% na indústria e 4,1% na agricultura. Já os homens se distribuíam de maneira menos disforme, com 59,5% nos serviços, 27,4% e 13,0%, na indústria e na agricultura, respectivamente.
Para reforçar o coro das disparidades, o mais recente resultado do cálculo do déficit habitacional do País, divulgado pela Fundação João Pinheiro e o Ministério do Desenvolvimento Regional, no dia 05, aponta que, em 2019, o componente ônus excessivo com aluguel urbano, responsável por 51,7% do déficit habitacional total, recaiu predominantemente (62%) sobre os domicílios cujo responsável era mulher.
O equilíbrio entre realização profissional e pessoal ainda exige esforços de forma mais desigual e injusta por parte das mulheres frente aos homens. Dividir espaços sociais com princípios básicos de justiça, empatia e igualdade de oportunidades está para além de reivindicar direitos. Cabe às mulheres tornarem-se rainhas de seus destinos, apropriarem-se de seus papéis e seguirem seus caminhos, arcando com o ônus e o bônus da beleza de serem o que são.