Jornal Estado de Minas

Clínica médica

O coronavírus não matou a dengue

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Durante muitos anos, o vírus que tomou conta dos noticiários brasileiros e de muitos consultórios de Pronto Atendimento, principalmente durante o verão, foi o vírus da dengue. O que aconteceu com a dengue no último ano? Foi mais uma vítima do novo coronavírus? Não foi. Infelizmente, os casos de dengue continuam acontecendo e essa época do ano é ainda mais crítica.



De acordo com o Ministério da Saúde, em 2020 foram registrados mais de 1 milhão de casos de dengue. Mas, devido à proporção e à gravidade da pandemia da COVID-19, não é de se surpreender que a dengue tenha perdido espaço nas conversas e jornais. Por isso, nesta semana vamos relembrar o foco do tratamento, fatores de risco e sinais de alerta da dengue.

Ao contrário da COVID-19, que é transmitida por meio de gotículas do nariz ou da boca de pessoas infectadas, a dengue é transmitida pela fêmea do mosquito Aedes aegypti. Para se proteger da dengue, o que vale não são máscaras e álcool gel, mas sim o cuidado com os ambientes que acumulam água parada, se transformando em criadouros do mosquito. Não adianta prevenir somente no período de chuvas - os cuidados devem ser hábitos e não campanhas. Os ovos do Aedes aegypti podem sobreviver por um ano à espera de um ambiente adequado para o desenvolvimento.

Com duração de cinco a dez dias, a dengue é uma doença autolimitada, ou seja, evolui para a cura sem tratamento específico. O que não quer dizer que sejam dias fáceis e nem que os sintomas sejam sempre leves. Estamos diante de uma das famosas viroses em que o foco deve ser tratar os sintomas e ficar atento aos fatores de risco e sinais de alerta.



Os principais sintomas são:

Febre
Dores musculares
Dor articular
Dor nos olhos
Mal estar
Falta de apetite
Dor de cabeça
Manchas vermelhas no corpo

Os sintomas e sinais de alerta:

Sangramento
Dor abdominal intensa
Vômitos persistentes
Pressão baixa
Aumento do fígado
Acúmulo de líquido no pulmão, barriga e/ou coração
Alteração de exame de sangue como aumento de hematócritos ou redução das plaquetas

Pacientes com condições clínicas especiais:

Lactentes <2 anos
Gestantes
Adultos maiores que 65 anos portadores de diabetes, hipertensão e outras doenças cardiovasculares
Doenças pulmonares, como DPOC
Doenças do sangue, como anemia falciforme
Doenças renais
Doenças autoimunes

A dengue é uma arbovirose - doença viral transmitida por insetos - que pode apresentar sintomas inespecíficos e idênticos a outras várias doenças. "Doutor como o senhor sabe que é dengue?" A avaliação médica é suficiente para o diagnóstico de dengue. O que nós chamamos este bate papo é a anamnese que, ao se associar ao exame físico, pode responder mais de 85% das nossas dúvidas diagnósticas.

O exame de sorologia e identificação do vírus é importante para os dados de saúde pública e planejamento de estratégias coletivas, porém para o indivíduo não fará nenhuma diferença, uma vez que os resultados ficarão disponíveis quando ele já tiver melhorado da doença e não altera o tratamento, ou seja, não fará nenhuma diferença nas orientações e condutas médicas. Para casos com sinais de gravidade, um exame simples, como o hemograma, é suficiente para classificar a doença e guiar o tratamento.

O principal tratamento é a hidratação - tomar bastante líquido é fundamental para uma boa recuperação e redução dos sintomas. O foco deve ser o tratamento do quadro clínico por meio de medicamentos que controlam a febre, a dor e a coceira.

A dengue é uma doença que causa grande impacto na saúde pública, responsável por muitos gastos, tanto para o SUS quanto para a saúde privada. Esse é mais um dos motivos pelo qual reforço que não é necessário nenhum exame específico para o diagnóstico da dengue, não existe tratamento específico, porém as orientações devem ser seguidas à risca para um bom desfecho.

Se tiver alguma pergunta sobre a dengue, envie para mim: ericksongontijo@gmail.com




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