A pandemia da COVID-19 levou mais uma tradição que se repete a cada ano, em fevereiro: a escolha dos bloquinhos e festas de carnaval, a decisão do destino de viagem do feriado ou a seleção das séries que serão "maratonadas" nos quatro dias de folga. A purpurina para comprar, as músicas para decorar e as fantasias para criar. O segundo mês do ano sempre trouxe também uma série de campanhas para alertar sobre um tema extremamente importante: a prevenção das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).
Neste ano, a pandemia suspendeu as festas de carnaval, mas isso não significa que as ISTs também foram suspensas e nem que o assunto perdeu a relevância. Pelo contrário. As campanhas de prevenção continuam sendo necessárias e devem ser reforçadas diariamente. Na semana em que aconteceria o carnaval, vamos relembrar aqui algumas informações importantes.
Talvez a primeira coisa que você possa estar se perguntando é: "doutor, ISTs é a mesma coisa que DSTs?". Sim e não. Para efeitos de prevenção, sim! Mas, para a compreensão exata do significado, a resposta é não. Em 2016, a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a recomendar o uso do termo “infecções” em vez de “doenças” sexualmente transmissíveis para destacar a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma doença sem apresentar nenhum sinal ou sintoma.
Essa alteração contribuiu para tirar a falsa ideia de que a ausência de um sintoma significa não ter uma infecção e não ser capaz de transmitir. Você pode estar infectado e transmitir, mesmo sem sentir absolutamente nada de diferente no corpo. A famosa frase "mas doutor, eu não estou sentindo nada” é bastante perigosa nesses casos.
Lembra dos casos assintomáticos da COVID-19? Que, mesmo sem nenhum sinal, ainda é preciso usar máscaras e se higienizar corretamente para não correr o risco de infectar alguém? Esse raciocínio é o mesmo para as ISTs, mas a proteção que deve ser usada para prevenir essas infecções são os preservativos, as famosas camisinhas.
É muito importante lembrar que métodos contraceptivos (para evitar gravidez) como, por exemplo, o DIU, a pílula ou o anel vaginal, não previnem as ISTs. O único método contraceptivo e que também previne as infecções são as camisinhas.
As ISTs são causadas por vírus, bactérias, protozoários ou outros microrganismos, e transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha masculina ou feminina. A transmissão de agentes causadores de IST pode acontecer também da mãe infectada para a criança, durante a gestação, o parto ou a amamentação - a transmissão vertical.
É muito importante ressaltar que sexo oral também pode transmitir doenças e também deve-se utilizar proteção do tipo camisinha.
Quais são as principais infecções sexualmente transmissíveis?
HIV (Aids)
Sífilis
Herpes genital
Cancro Mole (Cancroide)
Gonorréia
Clamídia
HPV
Tricomoníase
Hepatite B e hepatite C D
oença inflamatória pélvica (DIP)
As IST aparecem, principalmente, no órgão genital, mas podem surgir também em outras partes do corpo, como, por exemplo, palma das mãos, olhos e língua. As infecções sexualmente transmissíveis podem se manifestar por meio de feridas, corrimentos e verrugas nos órgãos genitais, entre outros possíveis sintomas, como dor pélvica, ardência ao urinar, lesões de pele e aumento de ínguas, conhecidas também como gânglios.
Há ainda as formas graves que podem levar a demência e alteração cognitiva, comportamental e diversas outras alterações. O grande exemplo é a sífilis. Existem vários exemplos na literatura e na história de ícones famosos do passado que apresentaram alteração neurológica como sequela da doença.
Neste ano, mesmo sem os dias de folia, se cuide! E lembre-se: se você não se aproxima de alguém sem máscara, não tenha relações sexuais sem proteção. Use camisinha sempre!
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