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Estado de Minas Caos na saúde

Por que não abrir mais UTIs?

Criar um leito na UTI não é tão simples quanto parece. Entenda como a estrutura é complexa e, ao mesmo tempo, essencial neste momento


02/04/2021 06:00

(foto: iXimus/Pixabay)
(foto: iXimus/Pixabay)

A COVID-19 nos apresentou sensações e sentimentos nunca antes vividos, e colocou em pauta assuntos importantes, como imunização, tratamento, respiração, aparelhos, governo, contratos, profissionais, histórias de sucesso, histórias de superação. Há mais de um ano, estamos vivendo um "novo normal", que de normal não tem nada. As mortes, que no início eram distantes, passaram a ser próximas. Muitos perderam amigos, familiares, conhecidos.

Uma reflexão que o caos dos últimos dias trouxe: você se lembra, antes da pandemia da COVID-19, quando as reportagens que causavam desconforto e tristeza eram dos pacientes nos corredores dos hospitais? Hoje estamos clamando por um espaço, mesmo que seja no corredor, no chão ou em qualquer lugar que possa ser utilizado para atendimento.

Qualquer metro quadrado de saúde está sendo utilizado: sala de urgência, apartamento, sala de exames, bloco cirúrgico, sala de tomografia, unidades especiais. Tudo que foi possível ou não já está sendo utilizado.

Dados do consórcio de veículos de imprensa divulgou que, só no dia 30 de março, foram confirmados mais de 86 mil novos casos de COVID-19 no nosso país. Já atingimos a trágica marca de 3.668 óbitos em um dia.

Recordes tristes de serem batidos. Os casos aumentam, os pacientes que desenvolvem doença grave sem local para atendimento adequado, evoluem mal e, fatalmente (ênfase nessa palavra) morrem.

E por que não transformar todos os espaços em UTIs? A sigla UTI significa Unidade de Tratamento Intensivo e, para existir, não basta apenas um espaço com mais aparelhos. São necessários leitos, equipamentos, exames, laboratório, materiais, profissionais e gestão. Custo alto, porém necessário.

Cada UTI é composta por uma equipe multidisciplinar, formada por um responsável médico e de enfermagem, uma equipe médica com plantonista 24 horas para cada 10 leitos, e um médico que conduz o cuidado diário dos pacientes, um enfermeiro coordenador, fisioterapeuta coordenador, além de enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas presenciais 24 horas por dia.

A equipe multi também é composta por fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas e psicólogos, que são extremamente importantes para um bom cuidado dos pacientes graves. Monitores, oxímetros, ventiladores, leitos adequados, materiais de trabalho, dispositivos, aparelhos de exame de imagem, além de profissionais especialistas para operar tudo isto e realizar as avaliações mais específicas, como cardiológica, pulmonar, nutricional, neurológica e nefrológica.

A UTI definitivamente não é só abrir um hospital de campanha, ou uma barraca para colocar camas dentro e começar a atender. Ainda que tenhamos todos os equipamentos, espaços e materiais suficientes, precisamos de profissionais capacitados para ocupar as vagas, durante 24 horas todos os dias durante um período razoável de atuação. Equipes não se treinam da noite para o dia. É necessário tempo para formar essa equipe, tempo que muitas vezes não temos.

Se você estava se perguntando porque o governo não abre mais leitos de UTI, esta é uma pequena explicação do que é a atuação neste ambiente. A UTI é necessária e muda a evolução do tratamento.

No Brasil, estamos enfrentando dias com, aproximadamente, 7 mil pessoas aguardando um leito de UTI. Esses são dados oficiais, mas os reais talvez nunca conseguiremos saber. São 7 mil pessoas graves que já precisam ser atendidas em leitos especializados. O caos era há meses atrás - estamos vivendo um inferno.

Proteger, higienizar, afastar, vacinar e cuidar - o máximo.

Fiquem em casa!

Tem alguma dúvida ou gostaria de sugerir um tema? Escreva pra mim: ericksongontijo@gmail.com

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