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Estado de Minas SAÚDE

O que Darwin tem a ver com a gripe e H3N2?

As vacinas atuais não possuem uma efetividade adequada para essa cepa e, com isso, os casos estão saindo do controle


31/12/2021 06:00 - atualizado 31/12/2021 07:25

gripe
Surto de gripe H3N2 está sendo registrado em várias regiões do país (foto: Pixabay)


O vírus da gripe que já estamos muito familiarizados veio nos surpreender neste final de ano. O aumento do número de casos de gripe está associado a uma variante do vírus H3N2 que recebeu o nome de Darwin.

Um dos causadores dos quadros gripais é o vírus da Influenza e, assim como temos acompanhado a COVID-19, a gripe também pode ser causada por várias cepas. Os dados registrados pelas organizações mundiais são impressionantes: mais de um bilhão de casos por ano e desses, quase 5 milhões são graves; responsável por quase meio milhão de mortes no mundo.

“Dr. Erickson, não entendi! A gripe não tem vacina todo ano?” O vírus da gripe tem uma capacidade de mutação muito grande e, com isso, as vacinas anuais não são reforçadas e sim novas vacinas! Lembra que falamos isso no texto sobre o Booster Vacinal?

Há uma força-tarefa no mundo que executa a vigilância epidemiológica, de maneira bem específica executa-se uma vigilância genômica que identifica qual tipo, ou cepa está causando os casos da atualidade.

O que podemos esperar diferente que está ganhando as páginas de notícias? O atual causador dos casos é o H3N2 - para refrescar a sua memória a gripe suína de 2009 foi identificado o H1N1. O que foi observado agora é que as vacinas atuais não possuem uma efetividade adequada para essa cepa e, com isso, os casos estão saindo do controle, despertando uma preocupação em relação aos mais vulneráveis e grupos de risco. 

Os casos já estão estourados no Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Todos os colegas que trabalham em unidades de pronto atendimento do país já comentaram nos grupos sobre os aumentos de casos de doenças respiratórias que são sutilmente diferentes de  COVID-19. Tudo indica que o vírus foi trazido pela circulação das pessoas que chegam das regiões que estão vivendo o inverno - Europa e Estados Unidos, particularmente.

Gerenciar um sistema de saúde não é nada fácil. As unidades de saúde estão dobrando ou triplicando suas demandas. Até mesmo nos plantões on-line, as agendas de médicos estão superlotadas e está sendo necessário expandir as equipes.

Os sintomas não são muito diferentes: febre alta, calafrios, dor de cabeça e mal-estar. Mas requer atenção para evitar complicações.

Como prevenir?

São as mesmas orientações de COVID-19, algo que já havíamos comentado bastante na nossa coluna. A mudança comportamental em períodos de adoecimento é algo que vai ficar na nossa rotina. Lembra que conversamos sobre o uso de máscaras em países orientais como o Japão?

Claro que higienizar as mãos com frequência, alimentar-se bem e manter-se hidratado, além de não compartilhar itens de uso pessoal, como toalhas, copos, talheres e travesseiros são medidas excelentes!

O tratamento não requer, a princípio, nenhum medicamento especial, além dos sintomáticos e repouso. Porém, um recurso que ficou famoso é a testagem, não é mesmo? Sim, existe um teste para identificação do agente causador do quadro o que neste momento pode ser fundamental para diferenciar Influenza de COVID-19. O trabalho do Instituto Butantan é contínuo e não se limita aos testes de Coronavac - como já falamos também muitas vezes. 

Um dos estudos conduzidos neste ano é exatamente produzir uma vacina tetravalente brasileira. Atualmente, encontramos tetravalentes nos serviços particulares e são importadas. O Butantan está estudando uma vacina que irá proteger contra H1N1,H3N2,Victoria e Yamagata na mesma aplicação. 

Devido às novas notícias e casos no mundo, o Instituto Butantan anunciou nas suas redes sociais que em menos de 30 dias já estará produzindo vacinas atualizadas com cobertura para a variante Darwin do vírus H3N2. Já está na linha de pesquisa e ação do Instituto que é o maior produtor de vacinas do Hemisfério Sul com as novas vacinas. As vacinas atuais, produzidas pelo Instituto, têm cobertura contra as cepas H1N1, H3N2 e Victoria. 

Está com as suas vacinas em dia? A vacina mais eficaz contra o vírus que está circulando somente será possível ano que vem, o que não impede você de tomar as medidas de controle e manter seu cartão vacinal em dia.

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