- Doutor, eu estava bem até agorinha, mas de uma hora pra outra a pressão subiu.
- A senhora faz uso de medicamentos?
- Não Doutor, eu não tenho doença nenhuma.
- Mas e essa pressão?
- Todo dia que vou ao médico acontece isso.
Podemos estar diante da famosa síndrome do jaleco branco. Não é piti, não é mito. Em 1980, uma pesquisa conduzida na Califórnia identificou dados que afirmam que 1 em cada 5 pessoas sofre com o aumento da pressão arterial pontual. Um dado vital alterado, mas que também pode vir acompanhado de tremedeira, tensão muscular, vômito, mal estar, agitação, batedeira no peito.
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Que tosse chata! COVID-19? Não, tuberculoseSua máscara vai, aos poucos, cair!'Depois do carnaval' e o Dia Mundial da ObesidadeLembra que eu sempre falo nessa coluna que nós precisamos de um médico pra chamar de nosso? Uma medida de pressão com níveis alterados pode iniciar uma cadeia de tratamentos e condutas corretas, porém com pressuposto errado. O profissional de saúde se preocupa com o seu paciente, mas ele precisa entender e conhecer melhor a história dele. Um tratamento inadequado pode prejudicar tanto quanto uma doença.
Nas palavras do professor Edgar Nunes: "o paciente pode ter tido a falta de sorte de encontrar um médico! Viveu bem até 90 anos, até que resolveu ir ao médico e descobriu várias doenças, doenças que nunca teve. Qual a maior prova disso, pessoal? O paciente! Ele tá lá vivo e saudável fazendo as coisas do dia a dia." O professor Edgar ensina muito mais que Geriatria.
Não se apegue à informações soltas e pontuais - o paciente é um todo e não pode ser repartido em especialidades. São palavras de outro grande professor, Breno Figueiredo, aquele médico que é "só clínico", repito, você precisa de um médico para chamar de seu e não precisa de um médico somente para uma parte do seu corpo. Ser só clínico é só cuidar do paciente como um todo e, afinal, não é isso que você precisa? A pressão arterial é um resultado de múltiplos fatores do ser humano e não deve ser encarado como um martírio ou uma verdade absoluta. Somos mais que números.
A coluna desta semana é para instigar você que está cuidando da saúde, mas está muito apreensivo com resultados dos seus exames ou com resultados incompatíveis com sua funcionalidade diária. Não precisa correr para pegar a segunda ou terceira opinião, aproxime-se do seu médico, esclareça as dúvidas. Às vezes o melhor tratamento está associado a uma mudança de comportamento, uma mudança de estilo de vida e até mesmo uma mudança de visão de vida e futuro (para essa te confesso que não é somente uma consulta com um oftalmologista). Você já ouviu falar da palavra terapia?