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SAÚDE

O "mocinho" agora é o leite

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Um trabalho científico brasileiro foi premiado internacionalmente na última semana. Sobre o que ele fala: o consumo de leite é um grande aliado na prevenção de doenças crônicas e um forte aliado na prevenção de morte devido a doenças cardiovasculares.



O ovo, café, gorduras e também o leite frequentemente estampam as notícias ora como mocinhos e ora como vilões. O trabalho apresentado na Europa é parte do ELSA - Brasil(Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto - Brasil), que avalia em torno de 15 mil pessoas, entre 35 e 74 anos, desde 2008. O estudo acompanha os participantes por meio de entrevistas, exames laboratoriais e exames de imagem, com o objetivo de aumentar o conhecimento a respeito da evolução da saúde e doenças dessas pessoas.

O estudo tem muito a esclarecer para todos nós a respeito de práticas de saúde, alimentação e desfechos clínicos das nossas escolhas, que muitas vezes são inconscientes. De acordo com informações obtidas no site institucional da Faculdade de Medicina da UFMG, este trabalho foi premiado na Scientific Sessions 2021, da American Heart Association, com a referência a Paul Dudley White International Scholar de melhor resumo brasileiro. A pesquisa também foi agraciada como o melhor tema livre oral na categoria Jovem Pesquisador do Congresso Brasileiro de Cardiologia, promovido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia.

O peso que era dado para as características genéticas têm mudado e hoje acredita-se que de 15% a 20% apenas da longevidade sofre influência genética e 70% dos hábitos de vida e alimentação. Os resultados desse trabalho foram que 260 ml de leite para homens e 321 ml para mulheres diminui em até 66% o risco de morte por doenças cardiovasculares como derrame e infarto. O leite in natura, inclusive, foi o de melhor resultado. O leite já foi considerado vilão, inflamador, e muitos especialistas falam que "os seres humanos são os únicos que mantêm o consumo de leite após período da infância", uma afirmação que atribui malefícios ao consumo de leite.



O grande desafio talvez seja conseguir conciliar as orientações benéficas de saúde com uma rotina agradável e menos impositiva. Seria tão bom se as práticas alimentares e de exercícios não fossem "obrigações", não é mesmo? Todavia, o consumo de leite se mostra necessário para bons resultados de longevidade.

Além do leite, também devemos ficar atentos para reduzir o consumo de alimentos processados. Orientações que parecem simples mas, diante da crise financeira e também de preços dos alimentos, talvez seja necessário programas governamentais de incentivo ao consumo desses tipos de alimentos. Nesse caso, muito além de programas sociais, são também programas de saúde pública.