A manifestação cardiovascular tardia dos pacientes acometidos de COVID-19 ultrapassa 200 sintomas, entre os quais: falta de ar, taquicardia, astenia, fadiga, palpitações recorrentes, dor precordial, desmaios e até a tão temida morte súbita em pessoas jovens e saudáveis, o que tem ocorrido frequentemente.
Essas manifestações correspondem à doença cardíaca isquêmica e não isquêmica, pericardites, miocardites, insuficiência cardíaca e doença tromboembólica. Nunca é demais lembrar que essas doenças podem cursar sem sintomas e seu primeiro sintoma pode ser uma arritmia ventricular maligna, fatal.
Até então, tivemos 771 milhões de casos confirmados de COVID-19 globalmente. Não existe uma denominação correta até o momento para se definir o termo COVID longa, mas acredita-se que é a persistência dos sintomas após mais de quatro semanas do início do diagnóstico.
O processo todo passa por uma inflamação no endotélio que leva à propensão a coágulos sanguíneos dentro dos vasos com alta incidência de infarto e também de derrames. Como é uma doença viral multissistêmica, ocorre um aumento do diabetes e de doenças cardiometabólicas.
Uma manifestação importante e já presenciada por mim em consultório é um evento chamado POTS (Postural Orthostatic Tachycardia Syndrome), também chamado de síndrome da taquicardia postural ortostática, quando ocorre um aumento de mais de 30 batimentos por minuto ou a frequência cardíaca é maior que 120 batimentos por minuto dentro de 10 minutos em pé. A condição pode levar a tremores, fadiga, tontura ao ficar em pé, náuseas e vômitos, cefaleia, suor excessivo e intolerância ao exercício.
É considerada uma disautonomia neural do sistema nervoso autônomo. Acredita-se que é uma inflamação neural ou mediada ou ainda causada diretamente pelo vírus SARS-COV-2,e de difícil manejo clínico. Acreditamos que na era pós-COVID -19, a própria COVID pode se tornar um dos principais fatores de risco de complicações cardiovasculares, de magnitude até maior do que o tabagismo e a obesidade.
Até o momento, porém, não existe nenhum biomarcador ou algoritmo para dar o diagnóstico de COVID longa. O diagnóstico de COVID longa é eminentemente clínico. Vários estudos clínicos estão sendo realizados na tentativa de que possamos encontrar uma normatização para tal diagnóstico.