Alternativas japonesas

"O consumidor comum, na maior parte do mundo, ainda reluta em acreditar nas promessas de felicidade sem esforço"

Nova geração do Honda Fit foi apresentada no Salão de Tóquio, mas só chegará ao Brasil em 2021 - Foto: Charly Triballeau/AFP


O Salão do Automóvel de Tóquio, que se encerrará segunda-feira, é bienal, mas está em sua 46ª edição. Sempre voltado às nove principais marcas nacionais e, em muito menor escala, às de luxo: Lexus (Toyota), Acura (Honda) e Infiniti (Nissan). As três nunca empolgaram os compradores locais. Este ano, a exposição apresenta poucas novidades, embora sirva de palco aos avanços a serem demonstrados nos Jogos Olímpicos do próximo ano, em especial os autônomos e elétricos.
 
Foram reconhecidas as limitações ao transportar atletas e pessoas ligadas à 22ª Olimpíada. Esse tipo de veículo só circulará em rotas específicas, a baixas velocidades e sem interação com o tráfego de carros convencionais. As fabricantes locais sabem perfeitamente das restrições e preferem deixar as badalações sobre automóveis sem motorista para outras plagas.
 
Entre os modelos de alta produção, destacaram-se dois que chegarão ao Brasil em breve: as novas gerações do Honda Fit (em 2021) e do Nissan Versa, já no próximo ano. Ambos evoluíram bastante em termos de estilo, equipamentos e recursos tecnológicos, mas o Nissan virá do México. O Versa atual, produzido em Resende (RJ), continuará em linha rebatizado de V-Drive.
O compacto da Honda terá versão híbrida (apenas a gasolina), assim como o topo de linha Accord.
 
O presidente da Nissan do Brasil, Marco Silva, é um executivo que expõe ideias sem grandes rodeios. Até já admitiu que o Kicks terá opção igual à do Note japonês, líder de vendas no país de origem sem contar os subcompactos. Trata-se de um elétrico híbrido, também chamado híbrido em série. Com tração 100% elétrica, dispensa baterias caras e recargas demoradas: o motor a combustão (flex, aqui) apenas aciona um gerador. É só abastecer em um posto convencional para obter alcance superior a 1.000 quilômetros.
 
Silva surpreendeu ao admitir que outra solução vem evoluindo. Em até cinco anos seria possível abandonar a bateria em favor da pilha a hidrogênio, sem toda a infraestrutura custosa e específica de abastecimento. Hoje, o processo exige um reformador no veículo, volumoso e caro, para a partir do etanol produzir hidrogênio. Este abastece a pilha, que entrega energia elétrica ao motor. Único subproduto é vapor d’água. Ele revelou em Tóquio que o reformador poderá ser eliminado, o que abriria novo horizonte aos elétricos sem complicações e dúvidas existentes.
 
A Toyota exibiu um ultracompacto que batizou de BEV (sigla em inglês para veículo elétrico a bateria), em princípio para o mercado japonês. O simpático modelo de dois lugares, projetado para uso urbano, tem velocidade e alcance limitados. Visa atender à procura crescente por parte de pessoas idosas que buscam mobilidade independente. A empresa tem avançado com cautela nesse campo.
Afirma que, à exceção da China, o automóvel dependente de bateria não garante modelo de negócio sustentável para fabricantes.
 
O consumidor comum, na maior parte do mundo, ainda reluta em acreditar nas promessas de felicidade sem esforço. E desconfia de subsídios elevados que governos podem retirar sem nenhum pudor, se algo der errado.

ALTA RODA

PARECE que agora vai. Se fracassou o noivado Renault-FCA, a PSA (Peugeot, Citroën e Opel) agora pode se fundir com o grupo ítalo-americano, segundo o bem-informado Wall Street Journal. A possível união criaria uma empresa com capacidade de produzir nove milhões de unidades/ano, 10% menos que os Grupos VW e Toyota, primeiros colocados em nível mundial.
 
MERCEDES-BENZ GLC (R$ 294.900 a 329.900) e GLC Coupé (R$ 362.900) acirram a concorrência entre SUVs premium. Grades, lanternas e novas saídas de escapamento marcam o ano-modelo. GLC estreia motor diesel 2,1-L, 194 cv/40,8 kgfm. Com tração 4x4 é pesado (1.835 kg) para esse trem de força, mas câmbio de 9 marchas ajuda. Assistência por voz (MBUX) é ponto de destaque.
 
VOLVO S60 apresenta boas soluções internas desde multimídia de tela vertical fácil de operar aos bancos dianteiros de primeira linha, além da atmosfera a bordo. Motor turbo 2-L, 254 cv oferece respostas vigorosas. Suspensões firmes e freios eficientes.
Estilo evoluiu bem frente aos antigos Volvo. Condução semiautônoma é precisa, mas porta-malas deveria ser maior.
 
DESENHO da carroceria continua meio superado no Suzuki Jimny Sierra. Motor tem agora mais potência (108 cv) e torque (14,1 kgfm), embora o câmbio automático de só quatro marchas seja inimigo do silêncio a bordo em estrada. Veterano SUV compacto ficou um pouco menos duro. Espaço interno é bem limitado e porta-malas tem inexpressivos 85 litros. R$ 103.990 a 111.990.
 
AMIT LOUZON, presidente da Ituran Brasil, afirma que sua empresa de rastreamento conseguiu diminuir de 55 para 26 minutos o tempo de resposta ao ponto de localização de um veículo roubado ou furtado. “Sofisticados algoritmos de grande complexidade resultam em análises comportamentais superprecisas, facilitando o trabalho das equipes de recuperação”, afirma.


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